Governador Reinaldo Azambuja recebeu participantes do Centro-Oeste Export na sede do governo, em Campo Grande, na manhã de ontem (crédito: Rodrigo Marques)
Brasil Export
Centro-Oeste vive renascimento logístico, destaca governador de MS
Azambuja apresentou os projetos do Corredor Bioceânico e das ferrovias Malha Oeste e Nova Ferroeste, que prometem impulsionar a economia do Estado
A região Centro-Oeste vive um renascimento logístico, preparando a implantação de duas ferrovias, a Malha Oeste e a Nova Ferroeste, e o desenvolvimento do Corredor Bioceânico, ligando Corumbá, no Mato Grosso do Sul, ao Porto de Antofagasta, no Chile, passando por Paraguai e Argentina. Os empreendimentos devem impulsionar ainda mais a economia de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, tanto no turismo como nas atividades logísticas.
A análise é do governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), e foi apresentada na manhã de ontem, durante reunião com participantes do Centro-Oeste Export – Fórum Regional de Logística e Infraestrutura Portuária, na sede do governo, em Campo Grande (MS). O encontro integrou a agenda de visitas técnicas do evento.
Aos empresários e autoridades do fórum, Azambuja destacou que “a região Centro-Oeste já pagou caro pelo apagão logístico verificado nos últimos governos. Mas, agora, vivemos um novo momento. Hoje, temos eixos logísticos reais que vão tornar a região, especialmente o Mato Grosso do Sul, no nosso novo centro logístico”.
O governador citou o projeto do Corredor Bioceânico, uma rota de 3.320 quilômetros, ligando os portos brasileiros, às margens do Oceano Atlântico, ao Porto de Antofagasta, no Chile, às margens do Pacífico. O empreendimento depende da realização de ligações viárias, que já estão sendo implantadas. É o caso da nova ponte ligando Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta, no Paraguai, projeto de US$ 92 milhões que está sendo implantado pela operadora da usina hidrelétrica de Itaipu, Itaipu Binacional.
O corredor também envolve o asfaltamento de 650 quilômetros de estradas no Paraguai, a um custo de US$ 850 milhões, o que já está sendo feito.
“O Corredor Bioceânico servirá o Mato Grosso do Sul e além. Servirá a região Centro-Oeste e, mais ainda, servirá o Brasil. Mas certamente a maior expansão (na economia local) será no Mato Grosso do Sul”, citou o governador.
Ferrovias
Outras obras que vão impulsionar o Centro-Oeste, segundo Reinaldo Azambuja, são as ferrovias Malha Oeste e Nova Ferroeste. No caso da Malha Oeste, trata-se de um processo de relicitação, ou seja, ela foi concedida a uma empresa (à Rumo Logística), que decidiu devolvê-la ao Ministério da Infraestrutura, cabendo à pasta relicitá-la para uma nova concessão.
São quase 2 mil quilômetros de linhas, que partem do município de Mairinque (SP), podendo chegar até o Porto de Santos (SP) por direito de passagem (uso de malhas de outras concessionárias a partir do pagamento de tarifas) por Santos (SP). Seguindo para oeste, as linhas entram em Mato Grosso do Sul, passando por Três Lagoas, Água Clara, Ribas, Campo Grande, Terenos, Anastácio, Aquidauana, Miranda até chegar em Corumbá.
Atualmente, o estudo de viabilidade técnica e econômica que vai basear o processo para a relicitação está em fase final de elaboração, devendo ser concluído ainda neste mês. Se a previsão se confirmar, a expectativa é que a consulta pública aconteça até agosto. De acordo com o governador, seguindo esse cronograma, será possível realizar o leilão ainda neste ano. A empresa que vencer a licitação terá de reativar toda a ferrovia. O investimento pode chegar a R$ 15 bilhões.
A outra ferrovia destacada por Azambuja durante a reunião com os participantes do Centro-Oeste Export foi a Nova Ferroeste, um projeto desenvolvido pelo estado em parceria com o Governo do Paraná. Essa ferrovia vai interligar os dois estados e o de Santa Catarina, sendo orçada em R$ 35,8 bilhões. Por obrigação de contrato, as obras devem começar entre Cascavel (PR), Paranaguá (PR) e Chapecó (SC), com investimento de R$ 14,5 bilhões e um prazo de sete anos para a construção desse trecho.
O edital da ferrovia foi lançado no dia 21 do mês passado e, atualmente, o processo está na fase de consulta pública, que vai prosseguir até o dia 15. O leilão deve ser realizado entre o fim de setembro e início de outubro na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo. Com a conclusão do certame, a previsão é que as obras iniciem em janeiro do ano que vem.
A Nova Ferroeste vai atuar, principalmente, no escoamento da produção de grãos do estado até Paranaguá (PR), substituindo o transporte por caminhões e reduzindo os custos logísticos em ao menos 30%, segundo estudos do projeto. Um ramal até Chapecó (SC) facilitará o deslocamento da carga até as criações de frango e suínos dessa região, facilitando sua alimentação.
Segundo o governador Reinaldo Azambuja, as duas ferrovias vão se complementar, atuando como corredores logísticos ligando o Centro-Oeste aos principais portos da costa Sudeste-Sul do Brasil, Santos e Paranaguá. Questionado se haverá investidores para empreendimentos com perfis tão próximos e que serão lançados em um período tão curto, o chefe do Executivo estadual explicou que “estes são dois projetos com perfis distintos e voltados a públicos e cargas específicas. Um não vai inibir a viabilidade do outro. Pelo contrário, eles vão se complementar, auxiliando um no desenvolvimento do outro”.
Os projetos do Corredor Bioceânico e das ferrovias Nova Ferroeste e Malha Oeste serão debatidos hoje, no segundo dia do Centro-Oeste Export. Toda a programação será transmitida pelo Portal BE News.
Sebrae
Após o encontro com o governador de Mato Grosso do Sul, os participantes do fórum regional seguiram para uma visita técnica ao Sebrae. Na sede regional do órgão, também em Campo Grande, conheceram os programas de apoio aos empreendedores locais, inclusive seu núcleo de desenvolvimento de startups.
À tarde, o grupo visitou as instalações do Sest Senat e o frigorífico Campo Grande II, do Grupo JBS.
Confira a cobertura completa do Centro-Oeste Export no Portal BE News e na edição desta quarta-feira do Jornal BE News