Governo diz que as importações de carne bovina cresceram desenfreadamente nos últimos cinco anos, levando a preocupações sobre prejuízos à produção interna; Brasil lidera como principal fornecedor. Foto: Freepik
Comércio exterior
China abre investigação sobre importações de carne bovina
Governo que avaliar se o aumento das compras do produto nos últimos anos impactou negativamente a indústria local
O Ministério do Comércio da China anunciou nesta sexta-feira (27) o início de uma investigação sobre as importações de carne bovina, incluindo as do Brasil, para avaliar se o aumento das compras do produto nos últimos anos impactou negativamente a indústria local. O processo, solicitado por associações do setor pecuário chinês, abrange o período de 2019 até o primeiro semestre de 2024 e poderá durar até oito meses.
De acordo com o governo chinês, as importações de carne bovina cresceram desenfreadamente nos últimos cinco anos, levando a preocupações sobre prejuízos à produção interna. Dados oficiais indicam que as compras externas do país somaram US$ 14,2 bilhões em 2023, representando um salto em relação aos US$ 8,2 bilhões registrados em 2019. O Brasil lidera como principal fornecedor, responsável por 42% do total importado pela China, seguido pela Argentina com 15% e pela Austrália com 12%.
Por meio de nota conjunta, os Ministérios brasileiros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e das Relações Exteriores informaram que acompanharão a investigação de perto.
O comunicado enfatiza que “o governo brasileiro, em conjunto com o setor exportador, buscará demonstrar que a carne bovina brasileira exportada à China não causa qualquer tipo de prejuízo à indústria chinesa, sendo, pelo contrário, importante fator de complementariedade da produção local”, diz a nota.
A investigação inclui todos os países que comercializam a proteína para o mercado chinês e não implica, neste momento, na adoção de medidas preliminares. As tarifas atuais de 12% sobre as importações de carne bovina permanecem em vigor. Entretanto, há possibilidade de salvaguardas futuras caso o país asiático identifique prejuízos significativos ao setor doméstico.
Por fim, o Brasil reforçou que respeitará as decisões soberanas do parceiro comercial, mas está “sempre buscando o diálogo construtivo em busca de soluções mutuamente benéficas”.
A China é o principal destino da carne bovina brasileira. Entre janeiro e novembro de 2024, o país importou mais de 1 milhão de toneladas do Brasil, registrando um aumento de 12% em comparação ao mesmo período do ano anterior.