O acordo foi anunciado após reunião do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, com o ministro da Administração Geral da Aduana Chinesa (GACC), Yu Jianhua Crédito: Guilherme Martimon/Mapa
Nacional
China volta a importar carne brasileira
Compras estavam suspensas há um mês, após diagnóstico de mal da vaca louca no Pará
A China vai retomar as compras de carne bovina do Brasil, após um mês de embargo. O anúncio foi feito ontem (23) pelo ministro Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, após reunião com o ministro da Administração Geral da Aduana Chinesa (GACC), Yu Jianhua, em Pequim.
As importações do produto brasileiro estavam suspensas desde o dia 23 de fevereiro, após a confirmação de um caso isolado e atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (mal da “vaca louca”), identificado em um animal de uma pequena propriedade no município de Marabá, no estado do Pará.
Neste cenário, o acordo sanitário assinado entre as duas nações prevê um autoembargo nas exportações do produto até que a análise laboratorial indique se o caso de vaca louca é clássico (quando existe risco de contaminação do rebanho) ou atípico (isolado e sem risco de propagação). Vale destacar que o Brasil nunca registrou um caso clássico da doença.
Ainda ontem, a GACC publicou um comunicado em seu site oficial confirmando a retomada das importações da carne brasileira.
“Após avaliação, o sistema de prevenção e controle da doença da vaca louca do Brasil está em conformidade com os requisitos relevantes de quarentena e saúde da China, e é decidido permitir que o Brasil retome a exportação de carne bovina desossada com menos de 30 meses de idade para a China a partir de 23 de março de 2023”, detalha.
Em nota emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o ministro Carlos Fávaro também se manifestou. “Tenho certeza que isso é um passo para que o Brasil avance cada vez mais com o credenciamento de plantas e oportunidades para a pecuária brasileira”.
Fávaro viajou para a capital chinesa com uma comitiva formada por mais de 100 empresários do setor agropecuário.
Novas plantas
A China também habilitou quatro novos frigoríficos do Brasil para exportar carne ao país asiático, o que não ocorria desde 2019. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), essa lista é formada por: unidade da JBS, em Vilhena (RO); Frigorífico Irmãos Gonçalves, em Jaru (RO); Frigorífico Astra, em Cruzeiro d’Oeste (PR); e Unidade da Frisa, em Colatina (ES).
Até então, 37 plantas nacionais eram autorizadas a exportar o produto para a China. Agora são 41.
Ainda de acordo com a associação, outros dois frigoríficos que estavam com as vendas suspensas para o país vão poder retomar os embarques. Um deles fica em Mato Grosso e o outro no Rio Grande do Sul.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil em relação à exportação de carne bovina. Ano passado, 62% dos embarques foram para lá.
Mas a comitiva quer ampliar o comércio entre as duas nações, inclusive em relação à carne suína e à carne de frango, conforme afirmou Carlos Fávaro.
E neste final de semana, é esperada a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as pautas, deve estar a tentativa de renegociar o protocolo sanitário e evitar que apenas um caso de vaca louca provoque o embargo das exportações em todo o território nacional.