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Operação de açúcar em terminal da Rumo no Porto de Santos: empresa também movimenta grãos e farelo (crédito: Rumo/Divulgação)

Região Sudeste

CLI adquire controle de terminais da Rumo no Porto de Santos

19 de julho de 2022 às 10:25
Bárbara Farias Enviar e-mail para o Autor

Em acordo de R$ 1,4 bilhão, a empresa pretende ampliar a capacidade de movimentação no T16 e no T19, ambos na margem direita

A Corredor Logística e Infraestrutura (CLI) adquiriu 80% do controle acionário de dois terminais da Rumo Logística — empresa do grupo Cosan — situados no Porto de Santos (SP). O contrato, no valor de R$ 1,4 bilhão, foi assinado na última sexta-feira (15). 

A CLI, braço da companhia de investimentos IG4 Capital, passará a operar, em parceria com a Rumo, a Elevações Portuárias SA (EPSA), responsável pelos terminais 16 e 19, na margem direita do complexo santista. 

O T16 e T19 movimentam açúcar e grãos como soja, farelo de soja e milho. Como parte do contrato, a CLI vai investir R$ 600 milhões nos próximos anos, com o objetivo de ampliar a movimentação de produtos nos terminais em mais de 20%.  

Atualmente, segundo o CEO da CLI, Hélcio Tokeshi, os terminais têm capacidade de 16 milhões de toneladas de granéis, embora tenham registrado queda no volume de carga operada em 2021 devido à quebra de safra. “No ano passado, com a quebra de safra, esses terminais movimentaram apenas 12 milhões de toneladas”, comentou.   

A aquisição do T16 e do T19 permitirá à CLI expandir a sua capacidade de movimentação de granéis como soja, farelo de soja e milho, adicionando, agora, o açúcar. Hoje, a companhia é uma das quatro operadoras do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), no Porto de Itaqui, com capacidade de movimentação de 4 milhões de toneladas de produtos agrícolas. Com a expansão dos negócios para o Porto de Santos, a empresa ampliará a sua capacidade de armazenagem e operação de carga “para mais de 20 milhões de toneladas de grãos”. 

O acordo envolve apenas o T16 e o T19 e, portanto, não inclui os demais terminais em que a Rumo permanece como sócia no Porto de Santos: TXXXIX, Termag e TGG. O contrato de arrendamento das duas áreas tem vigência até 2035, não renovável. 

Tokeshi salientou que as aquisições de Santos ampliam a oferta de escoamento de grãos do Centro-Oeste e dos produtores de São Paulo, no caso do açúcar.

“O importante é que a gente, agora, pode servir os clientes no corredor que atende o Itaqui, o Mapito (região que compreende os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins), o Nordeste e o Mato Grosso. E, estando em Santos, conseguimos atender outros clientes por um outro canal de saída de grãos, abrangendo Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo, no caso do açúcar”, disse Tokeshi. 

O CEO da CLI explicou que o acordo permitirá à Rumo concentrar os seus investimentos em infraestrutura de ferrovias. Falando nisso, o vice-presidente Comercial da Rumo, Pedro Palma, comentou sobre os investimentos realizados na chamada Malha Central, com o objetivo de expandir os corredores ferroviários. 

“As obras de conclusão da Ferrovia Norte-Sul, que batizamos de Malha Central, e a construção da primeira ferrovia estadual de Mato Grosso — cuja licença de instalação (LI) dos primeiros quilômetros foi recentemente emitida —, bem como os investimentos em melhorias que a gente vem realizando em Santos, fazem parte da nossa estratégia de expansão de uma logística ferroviária competitiva para o agronegócio. Já temos quatro terminais em operação na Malha Central, sendo três em Goiás e um em Minas Gerais, e três destes pertencem a empresas parceiras. É esse formato bem-sucedido que estamos replicando, agora em Santos, com a CLI”, explicou Palma. 

Antaq e Cade

Após o contrato assinado, a documentação está sendo encaminhada para análise e aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Somente após a manifestação desses órgãos é que a CLI poderá dar início às operações nos terminais. 

Aumento de capital 

A Corredor Logística e Infraestrutura (CLI), cujas ações pertencem à IG4 Capital (IG4), firmou parceria com a Macquarie Infrastructure Partners V (MIP V), um fundo voltado a ativos de infraestrutura nas Américas, em busca de capital para fechar negócio com a Rumo Logística. O aumento de capital é de mais de R$ 500 milhões.  

O MIP V é gerido pela Macquarie Asset Management, divisão de gestão de fundos de investimento do banco australiano Macquarie, e maior investidor institucional em infraestrutura do mundo, incluindo investimentos nos setores de logística portuária e agricultura. 

Após o investimento, IG4 e MIP V compartilharão o controle da CLI, com 50% cada das ações ordinárias com direito a voto, que, por sua vez, controlará a EPSA com 80% das ações, permanecendo a Rumo com 20% das ações.

“Para além de nossa atuação no setor de infraestrutura global, inclusive em vários ativos portuários, temos longa exposição ao agronegócio brasileiro. A parceria com a IG4 e a Rumo, por meio do investimento na CLI, é um passo natural para fortalecer essa conexão entre infraestrutura e agricultura”, afirmou o diretor-executivo do Macquarie e responsável por investimentos em infraestrutura no Brasil, Fernando Lohmann. “Temos forte convicção no potencial de crescimento do setor, e de que investimentos como esse ajudam o Brasil a fortalecer seu papel de liderança na exportação de produtos agrícolas”, acrescentou. 

“A sociedade com o Macquarie e a parceria com a Rumo vem fortalecer a CLI que, com essa aquisição, passa a ser o maior operador independente de infraestrutura e logística portuária para o agronegócio no Brasil. Estamos muito confiantes em poder ampliar a atuação da CLI como uma plataforma de infraestrutura no setor e participar de uma gestão tão robusta e estratégica em parceria com a Rumo, no maior complexo portuário do país”, disse o co-fundador e CEO da IG4 Capital, Paulo Mattos. 

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