A operação no Porto de Natal, permitida somente durante o dia devido às restrições de manobras noturnas próximas à ponte, também impacta as operadoras Divulgação Codern
Região Nordeste
CMA CGM não vai mais operar via Porto de Natal
Codern calcula que, sem novos operadores, poderá perder R$ 5 milhões por ano
A Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern) confirmou que a empresa logística CMA CGM não vai mais operar via Porto de Natal (RN) a partir de outubro do ano que vem. Com o anúncio do encerramento, a estatal que administra o complexo calcula uma perda em receita de R$ 5 milhões por ano, caso não consiga atrair novos operadores. Sem a rota da CMA CGM, também há receio de que as exportações do Estado migrem para os portos do Ceará.
De acordo com o diretor-presidente da Codern, brigadeiro Carlos Eduardo, o porto está em busca de alternativas e em contato com outras empresas do segmento, já que a CMA CGM é responsável por metade das operações no complexo.
O motivo da saída, segundo a Codern, é que a companhia passará a trabalhar com navios de mais de 200 metros de comprimento, o que impossibilita manobras na foz do rio Potengi por falta de defensas na Ponte Newton Navarro, que serviriam para proteger as colunas da estrutura em caso de colisão, além da limitação de altura.
“Oficiamos a empresa e nos disseram que seus navios de até 200 metros serão desativados e passarão a operar com navios de 260 metros que não entram no Porto de Natal”, explicou Carlos Eduardo. Ainda conforme a Codern, a CMA CGM teria arrendado uma área no Porto de Forteleza (CE), que equivale a um porto e meio de Natal, transferindo as operações para lá.
A limitação de horário operacional do complexo, que opera das 7h às 17h30 também devido à ponte, é outro motivo apontado, já que manobras noturnas são mais perigosas neste cenário.
A CMA CGM não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Ainda que preocupado com a saída da transportadora, o brigadeiro acredita que o Porto de Natal conta com a vantagem geográfica de ser o mais próximo de outros continentes quando se trata de exportação de frutas, carro chefe do complexo potiguar.
“Temos a menor distância entre o continente americano, Europa e África. Isso é muito importante porque, quando se fala em tempo, se fala em dinheiro, se fala em validade das frutas”’, destaca Carlos Eduardo.
PONTE
Com quase 15 anos de existência, a Ponte Newton Navarro liga os bairros da Zona Norte e os municípios do litoral norte de Natal aos bairros da Zona Leste e do Litoral Sul, num caminho sob o Rio Potengi.
Porém, até hoje não foram instaladas as defensas na base de sua estrutura, importantes para a proteção da ponte caso aconteça uma colisão com navios e embarcações que passam por ali.
Para a obra, o Governo do Estado necessita de um recurso estimado em R$ 80 milhões, até o momento não disponível nem previsto.