Em menos de 24 horas, o setor portuário brasileiro foi surpreendido por mudanças pontuais em suas autoridades.
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Codeba, SPA e Codern: mudança na presidência das autoridades portuárias
Na Companhia Docas do Rio Grande do Norte, Carlos Eduardo da Costa Almeida renunciou ao comando da empresa citando mudança política
Em menos de 24 horas, o setor portuário brasileiro foi surpreendido por mudanças pontuais em suas autoridades. Ainda na quinta-feira, Carlos Autran Amaral foi destituído da presidência da Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba). Nessa sexta-feira, pela manhã, Fernando Biral foi informado pelo Conselho de Administração da Santos Port Authority (SPA, a Autoridade Portuária de Santos) de que deixará a direção da empresa na próxima quarta-feira, dia 22. E no final da tarde, após ter recebido a visita do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, o brigadeiro da reserva Carlos Eduardo da Costa Almeida renunciou a seu cargo de diretor-presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern).
E se o período de análise for ampliado, as mudanças chegam a quatro portos. Na segunda-feira, dia 13, Francisco Antônio de Magalhães Laranjeira foi exonerado da presidência da Companhia Docas do Rio de Janeiro (PortosRio, nova denominação da CDRJ).
Excetuando a renúncia na Codern, as demais trocas foram determinadas pelo Ministério de Portos e Aeroportos. Essas alterações nos comandos das companhias docas já eram esperadas. Desde o início do atual governo, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o ministro Márcio França (PSB) informaram que os profissionais nomeados para cargos de comando na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro seriam substituídos. Mas o setor acreditava que, quando as mudanças ocorressem, a diretoria das companhias seria destituída de forma coletiva, passando seus postos para os novos dirigentes, escolhidos pela equipe do ministro. Não foi o que ocorreu.
Como resultado, os cargos de presidente vagos acabaram sendo assumidos interinamente por outros diretores, que devem ser substituídos em breve. E todos ficam no aguardo da mudança derradeira, prevista para acontecer nas próximas semanas, após a nomeação dos integrantes do primeiro e do segundo escalão do Ministério. Até agora, apenas o secretário-executivo da pasta, Roberto Gusmão, teve sua indicação aprovada.
Rio Grande do Norte
Entre as alterações de dirigentes ocorridas ontem, a mais surpreendente foi a que teve como protagonista o brigadeiro da reserva Carlos Eduardo da Costa Almeida, então diretor-presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern). A decisão foi comunicada logo após ter recebido o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, na sede da empresa, em Natal. Na sequência da reunião, às 17h11, ele enviou um ofício ao presidente do Conselho de Administração (Consad) da companhia, Euclides Bandeira de Souza Neto, informando sua saída. Até as 19h10, ainda não havia informação sobre quem ocupará o cargo.
No documento, o brigadeiro destaca sua “afinidade de valores” com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o fato de que não se alinha com o atual governo. Por esses motivos, resolveu renunciar. Ele informou a Souza Neto que, “como é de seu conhecimento, fui nomeado para a nobre função de diretor-presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte por indicação do presidente Jair Bolsonaro, com quem guardo afinidade de valores e conceitos inquebrantáveis. Ao considerar a mudança de governo, com quem não me alinho e com quem não teria o necessário diálogo, para que a empresa continue caminhando com dignidade similar a seus 156 colaboradores, decido apresentar a minha renúncia ao cargo de Diretor-Presidente da Companhia Docas do Rio Grande do Norte a partir desta data”.
O agora ex-presidente ainda agradeceu integrantes de órgãos colegiados, diretores, gerentes e coordenadores da companhia. E fez uma menção especial “aos componentes do Gabinete da Presidência, com quem labutei por onze meses, e com quem construí amizade que, tenho certeza, será eterna”.
Logo em seguida, a Companhia Docas emitiu uma nota informando sobre a renúncia do executivo, motivada por “mudanças políticas”, por ele ter sido indicado por Bolsonaro e por não ter “o diálogo necessário para as demandas” da empresa.
A Autoridade Portuária ainda divulgou que, na reunião com o ministro, o brigadeiro fez uma explanação sobre o atual cenário da Codern. Por fim, a companhia informou que “fatos julgados relevantes serão comunicados posteriormente”.
Carlos Eduardo da Costa Almeida foi eleito para o cargo pelo Conselho de Administração da Codern em 30 de março do ano passado. Ele é brigadeiro da reserva da Força Aérea Brasileira. Foi comandante da Base Aérea de Natal e da Academia da Força Aérea.