O etanol liderou as altas, com um aumento de 17,58% ao longo do ano, enquanto a gasolina, utilizada em transporte de cargas e passageiros, registrou uma alta de 9,71% (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Combustíveis pressionam inflação e custos no transporte em 2024
Boletim de Conjuntura Econômica da CNT destaca etanol e gasolina como principais vilões do setor
O ano de 2024 foi marcado por um expressivo aumento nos preços dos combustíveis, principal fator para a inflação de 3,30% acumulada no setor de transportes, segundo o Boletim de Conjuntura Econômica da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), divulgado na terça-feira (21).
O etanol liderou as altas, com um aumento de 17,58% ao longo do ano, enquanto a gasolina, amplamente utilizada em transporte de cargas e passageiros, registrou uma alta de 9,71%, contribuindo com 0,48 pontos percentuais na inflação geral, que atingiu 4,83%, acima do teto da meta de 4,50% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Somente em dezembro, os custos do grupo transportes subiram 0,67%, impulsionados pelo aumento de passagens aéreas (+4,54%), pedágio (+4,10%), tarifas de metrô (+3,90%) e combustíveis, como etanol (+1,92%) e gasolina (+0,54%).
Por outro lado, itens como pneus (-2,07%) e óleo lubrificante (-0,53%) apresentaram quedas pontuais ao longo do ano, o que trouxe algum alívio para os custos de operação, mas foi insuficiente para compensar as altas nos insumos principais.
Paralelamente à inflação, o volume de serviços do setor de transportes enfrentou retração em novembro de 2024, conforme dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do IBGE. O segmento registrou queda de 2,7% em comparação ao mês anterior, refletindo o impacto da alta dos custos e da menor demanda.
O transporte aéreo foi o mais afetado, com redução de 13,7% em novembro, enquanto o modal terrestre apresentou retração de 0,7%. Já o transporte aquaviário, único segmento a registrar crescimento, teve um modesto avanço de 0,2%, destacando-se como alternativa resiliente em meio às retrações.
No transporte de passageiros, a queda foi de 3,4%, enquanto o segmento de cargas registrou redução de 1,4%. Esses resultados refletem tanto os efeitos do encarecimento dos insumos quanto a redução do poder de compra das famílias e a desaceleração de atividades econômicas.
Para conter as pressões inflacionárias, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros (Selic) ao longo do ano, encerrando 2024 em 12,25% ao ano. A projeção para 2025 é de que a Selic chegue a 15,0%, caso o controle da inflação continue desafiador.
Segundo Fernanda Schwantes, gerente executiva de Economia da CNT, o aumento dos juros tem impacto direto no setor de transportes, dificultando o acesso ao crédito.
“O processo inflacionário e a medida do antídoto preocupam o setor transportador, pois a Selic baliza as taxas de juros dos financiamentos para as operações dos empresários e para os investimentos em infraestrutura de transporte”, afirmou Fernanda.
As variações nos custos do setor de transportes em 2024 refletem os desafios enfrentados pela economia brasileira em um contexto de inflação alta e juros elevados. A retração no volume de serviços evidencia a necessidade de medidas que estimulem o setor, especialmente para reduzir custos operacionais e incentivar a modernização dos modais.