Segundo Marcio Guiot, 93% do escopo 3 do processo de descarbonização do complexo de Suape passa diretamente pelas atividades da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) (Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export)
Nordeste Export
Complexo de Suape tem missão de descarbonizar operações até 2038
Presidente Marcio Guiot exemplificou as ações, que são divididas pelos chamados escopos
O presidente do Complexo de Suape, Marcio Guiot, afirmou durante sua participação no Nordeste Export, Fórum Regional de Infraestrutura, Logística e Transportes, realizado em Fortaleza (CE), que o complexo portuário de Pernambuco tem a missão de descarbonizar suas operações até 2038.
O presidente do porto enumerou as obrigatoriedades de descarbonização, a partir dos chamados escopos, divididos em três partes.
Durante sua participação no painel que tratou do tema de descarbonização na navegação e no setor como um todo, Guiot enumerou e explicou os escopos e como o porto deve agir nessas fases.
“O escopo 1 está atrelado ao que a gente gera diretamente, no papel de administrador portuário, o que não é difícil atingir a neutralidade. Ele representa 0,1% das emissões do complexo e está atrelado a nossa atividade como Autoridade Portuária”, disse.
Como exemplo, o presidente do Complexo de Suape citou a questão da mobilidade, que emite carbono, que é feito pelo transporte de funcionários do Recife até Suape, onde está a maioria dos colaboradores. “Precisamos encontrar uma solução para que o transporte até Suape seja neutralizado”, pontuou.
O escopo está voltado para a aquisição de energia, algo que, na visão de Guiot, não é um fato difícil de alcançar pelo complexo que está localizado no Nordeste, uma das principais regiões no assunto de energias renováveis.
Já para o último escopo, o 3, o presidente de Suape classifica como o principal desafio do complexo para atingir a neutralidade de carbono.
“O escopo 3 estamos falando de uma meta mais a longo prazo. São emissões do complexo que não estão diretamente ligadas ao papel da Autoridade Portuária. No nosso inventário, a gente chegou ao número de 2,2 milhões de toneladas de CO2, que é o que o complexo emite anualmente. 98% desse número está direcionado ao escopo 3”, disse.
Refinaria
Segundo Guiot, o processo de descarbonização do complexo de Suape passa diretamente pela Refinaria Abreu e Lima (Rnest). Dos 98% do escopo 3 explicado pelo presidente, 93% estão ligados diretamente às atividades da refinaria.
“Já temos diálogo com eles (refinaria) para o contexto de que eles tomem as ações necessárias. Logicamente que não vão parar de emitir carbono, mas fazer ações voltadas para a captura de CO2, e com isso gerar novas oportunidades. Através dessa captura da refinaria, vamos ter um novo negócio que vai ser a comercialização do hidrogênio azul. O hidrogênio tem uma paleta de cores, muito se fala do verde, mas o azul é um combustível interessante pois ele emite menos do que o que temos utilizado hoje”, explicou.
Entre outras ações voltadas à sustentabilidade, Marcio Guiot citou a descarbonização dos caminhões que chegam e saem de Suape com cargas, as emissões dos navios e a eletrificação dos berços do porto, promovendo a redução de combustíveis fósseis.
Pecém
O diretor-presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CE), Hugo Figueirêdo, afirmou que o empreendimento tem a missão de ser protagonista, dentro do setor de logística e infraestrutura, da transição energética em nível mundial até 2028.
Figueirêdo ressaltou que o Complexo do Pecém possui mais de 35 memorandos de entendimento assinados com empresas de diversos segmentos da cadeia produtiva da produção do hidrogênio verde.
Atualmente, são seis contratos de empresas já firmados para desenvolvimento de indústria dentro da Zona de Processamento de Exportação (ZPE).
Segundo Figueirêdo, os investimentos já chegam a valores de US$ 100 milhões em questões envolvendo somente a parte de projeto.
O painel contou ainda com a participação de Gilmara Temóteo, diretora-executiva da Associação Brasileira de Entidades Portuárias e Hidroviárias (Abeph). A moderação foi do jornalista Leopoldo Figueiredo, diretor-geral da Rede BE News.