Uma das obras de infraestrutura destacadas pelo prefeito é a construção do complexo de drenagem na entrada de Santos, visando eliminar alagamentos (Crédito: Divulgação/Prefeitura de Santos)
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Conciliar crescimento com sustentabilidade é o grande desafio, diz prefeito de Santos
Para Rogério Santos, a cidade precisa continuar se desenvolvendo, porém mantendo o equilíbrio social e ambiental
O prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), eleito em 2020, recebeu a missão de comandar uma cidade que já foi escolhida a primeira do Brasil em qualidade de vida, segundo o ranking BCI-100, desenvolvido pela Delta Economics & Finance; ocupa atualmente a sexta posição entre os municípios brasileiros com o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), aferido pela Organização das Nações Unidas (ONU); e tem PIB per capita quase 50% superior à média nacional.
As atividades ligadas ao complexo portuário santista, o maior da América Latina, são as principais fontes de riquezas do município, tornando Santos a cidade da Região Metropolitana da Baixada Santista mais importante economicamente e uma das mais ricas do país.
A cidade é referência também no turismo, atraindo milhares de visitantes durante todo o ano, principalmente na temporada de verão e férias escolares. Tornou-se também um dos destinos mais procurados nos últimos anos para a celebração do réveillon, que chega a registrar a presença de mais de um milhão de pessoas.
Consolidada no setor de construção civil, o município tenta agora atrair investidores para a região central da cidade, que está recebendo importantes obras de infraestrutura, revitalização de equipamentos históricos e se prepara para a chegada do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que conectará o Centro a outras importantes regiões da cidade.
Em entrevista concedida ao Be News para esta edição especial do aniversário de Santos, que celebra 477 anos hoje, Rogério Santos fala sobre os desafios de sua gestão e os projetos para desenvolver ainda mais a cidade.
Qual o maior desafio da sua gestão até agora?
A grande discussão da atualidade é sobre a sustentabilidade. Ou seja, conciliar o desenvolvimento social com o crescimento econômico, com equilíbrio frente aos impactos ao meio ambiente. Neste sentido, o desafio é fazer a cidade crescer oferecendo oportunidades a todos, especialmente a quem mais precisa. Focar em habitação digna sem esquecer da capacitação profissional, da geração de renda, da educação, da saúde, da segurança, do respeito à natureza, do turismo, da cultura. Creio que estamos no caminho certo com ações integradas e planejadas, tudo isso executado com transparência, fazendo o município se desenvolver como um todo. Esse trabalho, aliado à criatividade do santista, atraiu, no ano passado, dois importantes eventos internacionais da Unesco para Santos: um sobre economia criativa, em julho, e outro sobre a preservação dos oceanos, em outubro. Ou seja, hoje somos um dos centros mundiais de referência sobre a discussão da sustentabilidade e da economia criativa.
A Prefeitura tem trabalhado para repovoar o Centro de Santos. Como estão os projetos nessa região?
Estamos realizando a revitalização da região do Centro Histórico com incentivos fiscais a empreendedores e moradores, em um projeto urbanístico que privilegia a construção de habitações no formato retrofit. Também trabalhamos na erradicação dos cortiços com projetos como o Santos I, na Rua São Francisco, 413, no Paquetá, que terá 50 unidades. A Prefeitura retomou também a licitação para atrair investidores interessados em transformar o antigo prédio do Ambesp (Ambulatório de Especialidades) em um local com 36 unidades habitacionais no estilo retrofit. Além disso, investimos na melhoria da iluminação do Centro, trocada por led, em segurança e em incentivos ao comércio. Reformamos prédios como a Casa do Trem Bélico e o Outeiro de Santa Catarina. Em parceria com a iniciativa privada, recuperamos o Pantheon dos Andradas e criamos o Memorial a José Bonifácio na Praça Mauá, além de revitalizarmos a Praça Barão do Rio Branco, que hoje abriga estátua instagramável do Patriarca da Independência. Iniciamos a reforma do Mercado Municipal, futuro ponto de negócios criativos, que terá a segunda fase da linha do VLT passando em sua porta, depois seguindo até o bairro Valongo. Outra ação importante foi o incentivo à instalação de universidade pública e da Diretoria Regional de Ensino no Centro, fomentando a circulação de pessoas. Em 2023 serão 1500 alunos por dia na universidade, distribuídos em três períodos. Eventos como o Festival Geek, Festival do Café e o Festival do Imigrante, aliados a competições esportivas, shows e festas como o Natal e a Primavera criativos, também impulsionam o comércio.
Como está o cenário da habitação na cidade?
Santos adota o princípio da sustentabilidade. Isso quer dizer que não adianta fazer o assentamento ou reassentamento da população que vive em áreas de vulnerabilidade sem que seja trabalhado o desenvolvimento humano. É fundamental a garantia de moradia digna, mas aliada às oportunidades de acesso à educação, à saúde, mobilidade urbana, segurança, capacitação profissional e à geração de empregos e renda. A Prefeitura de Santos tem investido em projetos nesse formato e buscado recursos dos governos estadual e federal para realizá-los. Em 2023 vamos entregar 1.468 unidades habitacionais a pessoas que vivem em áreas de risco socioambiental. No total, a Cidade tem 2.518 moradias com construção em andamento. Nos próximos meses entregaremos o conjunto Tancredo Neves 3, com 1120 apartamentos destinados a famílias do Dique da Vila Gilda e do São Manoel, em um investimento de R$ 140 milhões. Também trabalhamos no desenvolvimento do Parque Palafitas, ação que planeja, de forma pioneira, a construção de moradias sustentáveis sobre área de mangue, proporcionando o assentamento inicial, em projeto-piloto, de 50 famílias do Dique da Vila Gilda. Também estão em curso as obras do conjunto Bananal, no Caneleira, com 140 imóveis. Outras ações são os conjuntos Santos Z, no Jabaquara (300 imóveis); AB Prainha 2, na Zona Noroeste (574 unidades); Vila Sapo, na Ponta da Praia (136 unidades); Santos I, no Paquetá (50 unidades); o Conjunto Habitacional Santos R2 e R3, no morro Nova Cintra (198 apartamentos). Também regularizamos a situação de moradias na Vila Pelé, no Rádio Clube, entregando 199 escrituras.
E como estão os planos para obras de infraestrutura na Zona Noroeste e nos morros de Santos?
Nos morros, nossa prioridade, investimos em segurança frente às mudanças climáticas. Injetamos mais de R$ 100 milhões, em parceria com o Governo de São Paulo, em serviços de contenção de encostas e drenagem, trabalho que não para, pois garante a vidas. Na Zona Noroeste, realizamos obras históricas com a primeira estação elevatória, que será inaugurada neste semestre. Com capacidade de bombear 6 mil litros de água por segundo. Também planejamos as licitações de mais duas nos próximos meses, o que ajudará a reduzir os alagamentos nessa região da Cidade. Destaco também o complexo de drenagem a ser construído na entrada de Santos, em parceria com o Governo de São Paulo, que eliminará os alagamentos naquela área.
O Parque Municipal Roberto Mário Santini é um importante equipamento turístico. Como estão as obras por lá?
O Novo Quebra-Mar será completamente entregue este ano, com a terceira fase concluída neste aniversário de Santos, compreendendo o parque aquático com fontes interativas, o novo playground personalizado e o novo pórtico de entrada. Até o meio do ano a previsão é da entrega da pista de skate olímpica. Aliás, ela está sendo projetada em parceria com a Confederação Brasileira de Skate e queremos que a equipe olímpica do Brasil venha treinar em Santos. Assim como a Nova Ponta da Praia, o Quebra-Mar é um equipamento importantíssimo para o turismo em Santos, oferecendo mais uma área ampla, segura e urbanizada para que munícipes e turistas visitem e participem das atividades. Lembrando que em etapas anteriores já entregamos a pista de pump track, a quadra de basquete 3 x3, o palco Gilberto Mendes, a pista de patinação e também restauramos a escultura em homenagem ao centenário da imigração japonesa para o Brasil, de Tomie Ohtake, que ganhou novo mirante.
Entre tantos segmentos importantes para o desenvolvimento da cidade, o senhor acredita que existe algum que ainda precisa ser melhor trabalhado?
Digo sempre que não existe cidade pronta, então é preciso entender as demandas e adequar as ações a cada situação. Em Santos seguimos um plano de metas fundamentado nos princípios da boa gestão profissional. Com isso, planejamos e executamos ações nos primeiros dois anos de governo, em paralelo ao combate à pandemia, e agora damos continuidade a importantes obras de infraestrutura urbana, ao aprimoramento de serviços como a zeladoria e à criação de políticas públicas inclusivas. Sempre dialogamos com todos os setores da sociedade em prol do crescimento econômico associado ao desenvolvimento humano. Mantemos ampla comunicação com os governos estadual e federal para a captação de recursos, assim como com a iniciativa privada e com a sociedade civil organizada. É uma marca de Santos a vanguarda e a continuidade de boas administrações. Muito do que se colhe hoje é fruto do trabalho das pessoas que vieram antes de mim, que deram início a ações importantes, cada um diante dos desafios de sua época, que hoje tenho o prazer de dar continuidade, entregando obras como as da estação de drenagem da Zona Noroeste, Novo Quebra-Mar e do conjunto habitacional Tancredo Neves. Como numa corrida de revezamento, cada gestão passa o bastão para a seguinte caminhar um pouco mais. Nesse sentido, seguimos avançando com responsabilidade e profissionalismo.