Em entrevista exclusiva ao BE News, Pomini compartilhou projeções otimistas para o ano seguinte, quando o Porto de Santos poderá alcançar a movimentação de 190 milhões de toneladas, impulsionado por obras estratégicas e arrendamentos fundamentais (Foto: BE News)
Porto de Santos
“Crescendo na média, a casa das 190 milhões de toneladas será alcançada”
Em entrevista exclusiva, presidente da APS Anderson Pomini fala sobre o crescimento do Porto de Santos e as obras consideradas prioritárias para 2025
No período de janeiro a novembro de 2024, o Porto de Santos (SP) movimentou mais de 167 milhões de toneladas, consolidando sua posição como o maior complexo portuário do Brasil. Essa marca histórica reforça a relevância estratégica do porto no escoamento de cargas do país. Conforme previsão do diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, o volume total deverá ultrapassar 180 milhões de toneladas até o fechamento do ano, estabelecendo um novo recorde.
Em entrevista exclusiva ao BE News, Pomini compartilhou projeções otimistas para este ano, quando o Porto de Santos poderá alcançar a movimentação de 190 milhões de toneladas, impulsionado por obras estratégicas e arrendamentos fundamentais. Entre as prioridades para 2025, estão o início do aprofundamento do canal de navegação, avanços na ampliação da poligonal portuária e o leilão do terminal de contêineres Tecon Santos 10 (STS 10), considerado um marco na história dos investimentos privados no setor portuário brasileiro.
Além disso, o presidente destacou a importância de iniciativas como o túnel imerso ligando as margens do porto, entre Santos e Guarujá, e a transferência do terminal de cruzeiros Concais. Também detalhou planos para ampliar a capacidade logística do complexo e enfrentar desafios ambientais e sociais relacionados à expansão do porto.
Anderson Pomini não falou sobre a recente federalização do Porto de Itajaí, em Santa Catarina, que passou a ser administrado pela APS no início deste ano. A entrevista havia sido concedida pouco antes de o Governo Federal anunciar a decisão, no dia 17 de dezembro. Uma liminar na Justiça suspendeu a medida, que só seria derrubada no dia 24. O processo de federalização foi dado por encerrado pelo Ministério de Portos e Aeroportos no dia 30.
O senhor projetou que o Porto de Santos encerraria 2024 com 180 milhões de toneladas movimentadas. Era um número esperado pela APS ou superou as expectativas?
O resultado não foi surpresa, uma vez que nos três últimos anos a movimentação de cargas em Santos superou as expectativas do Plano Mestre de 2020. Estes resultados acima do previsto há cinco anos motivaram a APS a rever as projeções para os próximos anos. Por isso estamos fazendo a revisão da Poligonal, objetivando a incorporação de novas áreas greenfield ao Porto Organizado.
E para 2025, é possível chegar na casa dos 190 milhões?
O porto tem capacidade para absorver mais cargas, tanto pelas obras ferroviárias que estão em andamento quanto pela finalização das obras de terminais de granéis iniciadas no início da década. Crescendo perto da média dos últimos anos e com clima favorável, a casa dos 190 milhões de toneladas será alcançada.
Presidente, quais os projetos considerados prioritários para o porto em 2025?
A administração do porto precisa ter um olhar panorâmico. Assim, a principal obra logística do Brasil neste momento histórico é o túnel Santos-Guarujá. Mas não é mais importante que a zeladoria do entorno do porto ou a recepção calorosa dos novos concursados da APS. Acho que esse é o melhor modo de agir: atender aos anseios das grandes empresas, como os arrendamentos do STS 10 e do STS 08, mas, ao mesmo tempo, compreender as necessidades dos moradores de Santos, Guarujá, Cubatão e outras cidades da Baixada Santista. Complementando, podemos citar como prioridades a formalização da ampliação da Poligonal para mais de 20 milhões de km², as obras das perimetrais de Santos e Guarujá, a segunda fase do Parque Valongo, o fornecimento do 5G para o porto, a PPP (parceria público-privada) para a Usina de Itatinga e o aprofundamento do canal de navegação.
O início do aprofundamento do canal começará com a derrocagem das pedras. Quando esse serviço vai acontecer no canal de Santos?
A licitação para a contratação da obra está em fase de análise da proposta encaminhada. O contrato deverá ser assinado em janeiro e a derrocagem já inicia agora no primeiro trimestre de 2025
A inserção de São Vicente na poligonal do porto é o primeiro passo para a expansão do Porto de Santos?
É um passo importante, mas, com o crescimento que o porto vem apresentando nos últimos anos, outras áreas precisam ser incorporadas ao Porto Organizado nos quatro municípios (Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Bertioga)
Já temos data de quando a transferência do Concais será concluída?
O processo está em fase de aprovação. Nossa expectativa é de que em quatro anos os turistas já possam desfrutar de um terminal muito mais confortável, com estacionamento amplo e coberto, próximo às atrações do centro histórico de Santos.
Na carteira de arrendamentos do Ministério de Portos há duas áreas do Porto de Santos que vão a leilão: STS 08 e o Tecon Santos 10. Qual é a sua expectativa para ambos os certames?
O STS 08 está adiantado e deve ser leiloado no primeiro semestre de 2025. É uma área importante, que vai trazer mais segurança para a movimentação de granéis líquidos, em especial combustíveis, para o Porto de Santos. O STS 10, por sua vez, após os ajustes na proposta inicial, feitos nesta administração, é um empreendimento importante para atender à demanda futura de contêineres no Porto de Santos. O processo de arrendamento vai seguir com responsabilidade, ouvindo todos os interessados, para chegarmos ao momento de oferecer ao mercado.
Presidente, qual o cronograma referente aos dois viadutos da margem direita que serão construídos pelo Grupo EcoRodovias? Quando iniciam as obras e previsão de entrega?
O cronograma para a construção será definido pelo Governo do Estado. Nossa expectativa é de que os dois novos viadutos sejam entregues juntamente com a entrada em operação dos terminais STS 10 e STS 08, uma vez que são necessários para garantir que os novos empreendimentos possam operar sem congestionar a entrada da cidade. Conforme foi acordado, a APS aguarda o envio do cronograma pelo Governo Estadual.
O projeto de um futuro terminal na área da Vila dos Criadores segue de pé? Como está o processo?
Costumo dizer que a área onde hoje existe a Vila dos Criadores é a última área nobre da margem direita do Porto, e nossos estudos apontam que é viável dragar o canal para que os navios possam chegar até lá com tranquilidade. Por outro lado, há um passivo ambiental e um passivo social a serem enfrentados, que são a transferência das famílias para um local adequado, confortável para os moradores, e a mitigação de área de antigo lixão. Essas barreiras estão em estudo para serem enfrentadas, para que todas as necessidades sejam atendidas e o porto possa crescer também para aquela região, mas sem deixar de atender as pessoas. Não é possível um porto que gera riqueza ter áreas de pobreza extrema em seu entorno. E nós vamos combater isso.
O senhor havia dito que 2025 seria o ano referente às obras no Porto de Santos, como o túnel Santos-Guarujá, por exemplo. Como que a APS vai monitorar essas obras para que elas não interfiram nas atividades e operações do porto?
A chave é essa: monitorar. O Porto de Santos é um local que sempre está em expansão e é comum que as operações andem em conjunto com obras. Cada necessidade será vista pontualmente. Vamos focar, no entanto, nos benefícios que as obras, em especial o túnel, trarão para a capacidade do porto.