Para a agricultura, a resolução determina redução de 20% no volume diário de água para irrigação, bem como a indicação para priorizar horários com menor incidência de calor (Foto: Divulgação/Governo do ES)
Região Sudeste
Crise hídrica força Espírito Santo a adotar restrições rígidas no uso da água
Agricultores, indústrias e produtores rurais são orientados a reduzir o consumo em até 25% para mitigar os efeitos da estiagem
O Governo do Espírito Santo divulgou uma resolução na última semana determinando um estado de alerta referente à crise hídrica no estado, recorrente desde o mês de abril. O documento contém recomendações e medidas restritivas para setores que captam águas de rios, córregos e outras fontes, entre eles agricultura, indústrias e produtores rurais.
Para o setor de agricultura, a resolução estadual determina a redução de 20% no volume diário de água outorgado para a irrigação, bem como a indicação para priorizar horários com menor incidência de calor.
As captações de água voltadas às atividades industriais e agroindustriais precisam ser reduzidas em 25%.
Segundo o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, atualmente, mais de 80% dos sistemas são de irrigação localizada por microaspersão ou por gotejamento, demonstrando compromissos voltados para eficiência e sustentabilidade.
“Os agricultores capixabas passaram por uma situação muito semelhante no último ano, quando também houve a determinação do Estado de Alerta devido à estiagem, e novamente precisamos contar com a contribuição dos produtores rurais para minimizar riscos ao abastecimento de água”, pontuou o secretário.
As restrições impostas pelo estado de alerta não serão aplicadas em casos específicos da agricultura, como para a irrigação de olericulturas (hortaliças) em área de até dois hectares por propriedade.
Também não serão afetados pela redução os cultivos em estufas com sistema de irrigação por microaspersões ou irrigação localizada, além do cultivo hidropônico e dos viveiros para produção de mudas.
O Estado de Alerta foi definido pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh) e fica em vigor até a normalização da situação hídrica no Espírito Santo.
Usuários de recursos hídricos
– Redução de 20% do volume diário outorgado para a finalidade de irrigação, por meio da redução do tempo de funcionamento do sistema de bombeamento;
– Redução de 25% do volume diário outorgado, para as captações de água para a finalidade de consumo industrial e agroindustrial, por meio da redução do tempo de funcionamento do sistema de bombeamento e;
– Redução de 35% do volume outorgado para as demais finalidades, exceto usos não consuntivos.
Agricultura
– A irrigação deve ser realizada em horários de menor evaporação, como nas primeiras horas da manhã ou no final da tarde, otimizando a eficiência do uso da água e minimizando as perdas por evaporação;
– Devem ser implementadas técnicas de irrigação eficientes, como o gotejamento, microaspersão e aspersão de baixa pressão. Sempre que possível, recomenda-se o monitoramento da umidade do solo para ajustar adequadamente o volume de água aplicado, evitando desperdícios.
Proprietários de barragem
– Determina que executem ações de manutenção e operação adequada, mantendo as estruturas de controle de entrada e saída da água da barragem funcionando adequadamente, e garantindo, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) da vazão de referência no leito do rio a jusante do reservatório.
Instituições de fomento e de crédito agrícola
– Recomenda que suspendam imediatamente e por período indeterminado as operações para a implantação de novos sistemas de irrigação ou para a ampliação de sistemas já existentes, exceto nos casos em que os sistemas objeto do fomento ou crédito agrícola, sejam de trocas para sistemas de irrigação mais eficiente e que possibilitem a redução do uso de água.
Posicionamento
Em nota assinada por Paulo Barona, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), a instituição destacou que o setor industrial tem se destacado como o que menos consome água no estado.
“Em 2004, a indústria representava 9,8% do consumo do estado e em 2014 o indicador caiu para 4,2%. Neste ano a indústria deve utilizar apenas 3,8% do volume. Os números refletem o compromisso das indústrias locais e nacionais com o uso eficiente da água. Diversas empresas do setor já adotam práticas voltadas à economia e reúso”, disse o Barona.
A Findes afirmou que continuará monitorando e mantendo diálogo com o Governo Estadual e empresas do segmento sobre o tema.