A ponte, que integrava a estratégica rodovia Belém-Brasília, era crucial para o escoamento de grãos como soja e milho do sul do Pará para o Porto de Itaqui, no Maranhão, além de insumos agrícolas para o estado. Foto: Divulgação
Porto do Itaqui
Desabamento da Ponte JK gera crise logística entre Maranhão e Tocantins
A Prefeitura de Estreito decretou situação de emergência no sábado (28)
O colapso da ponte Juscelino Kubitschek, ocorrido no último dia 22 na BR-226, que conecta os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), aumentou os desafios da infraestrutura logística na Região Norte do Brasil. O desabamento, que levou à queda de veículos e causou a morte de ao menos 11 pessoas, também impactou severamente o transporte de mercadorias e a economia local.
A Prefeitura de Estreito decretou situação de emergência no sábado (28), destacando os impactos econômicos, humanos e ambientais causados pelo desastre. O decreto, válido por 180 dias, facilita o acesso a recursos estaduais e federais para ações emergenciais.
A ponte, que integrava a estratégica rodovia Belém-Brasília, era crucial para o escoamento de grãos como soja e milho do sul do Pará para o Porto de Itaqui, no Maranhão, além de insumos agrícolas para o estado. Com cerca de 2 mil caminhões transitando diariamente pelo posto fiscal de Aguiarnópolis, a interrupção ampliou rotas logísticas em até 200 km, elevando custos de transporte e prazos de entrega.
Alternativas emergenciais, como balsas instaladas em cidades próximas, enfrentam sobrecarga e filas de caminhões. O uso de rotas alternativas por Marabá (PA) e Filadélfia (TO) encontra limitações devido à precariedade da infraestrutura. Segundo a Associação dos Produtores de Soja do Pará (Aprosoja-PA), o cenário compromete a competitividade da safra 2024/25.
Para amenizar, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) anunciou a contratação de balsas para travessia provisória e a atualização de rotas alternativas enquanto trabalha na reconstrução da estrutura. Paralelamente, o Ministério dos Transportes destinou R$ 100 milhões para a construção de uma nova ponte.
“A queda expõe a fragilidade da logística nacional e reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura. O agronegócio, principal motor econômico da região, está sendo diretamente impactado, e medidas precisam ser adotadas para evitar um colapso ainda maior”, alertou, em nota, a Aprosoja.
Buscas e possibilidade de contaminação
A mobilização de equipes da Marinha e do Corpo de Bombeiros foi intensificada, com a retomada das buscas por desaparecidos após a instalação de equipamentos de monitoramento que garantem a segurança das operações. 11 corpos foram resgatados até esta segunda-feira (30); seis seguem desaparecidos.
Entre os veículos que caíram no Rio Tocantins, estavam caminhões que transportavam cargas perigosas, como 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas. Embora a Agência Nacional de Águas (ANA) tenha descartado risco de contaminação após testes, a possibilidade de poluição significativa preocupa autoridades e moradores locais, sobretudo devido à relevância do rio para atividades pesqueiras e abastecimento hídrico.