Segundo o levantamento da ATP, com o novo calado na Barra Norte, o volume embarcado de grãos poderia passar de 57 mil para 63.400 toneladas (crédito: Divulgação/ATP)
Região Norte
Dragagem da Barra Norte do Amazonas vai impulsionar navegação
Segundo levantamento da ATP, ampliar a profundidade em 0,8 metro vai permitir que navios transportem 11,22% mais grãos
Um levantamento feito pela Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) mostrou que, se o limite máximo do calado na Barra Norte do Rio Amazonas passasse dos atuais 11,70 m para 12,50 m, isso possibilitaria um ganho de 6 mil toneladas de grãos embarcadas por navio Panamax. Hoje uma embarcação dessa categoria que passa pelo trecho consegue carregar cerca de 57 mil toneladas de soja/milho. Com o aprofundamento desse trecho e o consequente novo calado, o volume embarcado poderia chegar a 63.400 toneladas, 11,22% a mais do que o atual.
A pesquisa considerou o período de janeiro a julho de 2021 e analisou o embarque de soja e milho escoados pela Barra Norte. Com o calado atual, foram necessários 107 navios para exportar 6,127 milhões de toneladas de mercadorias. Caso o calado fosse de 12,5 m, seriam necessários 97 navios. A redução de viagens seria possível porque os navios sairiam mais cheios, reduzindo também os custos de frete em relação ao volume carregado.
Para se ter uma ideia, o valor de frete morto (valor pago por ter reservado o espaço do navio, mesmo sem realizar o transporte da mercadoria) com a exportação de soja e milho para a Europa alcançou US$ 15,7 milhões no período. Isto porque foram necessários 55 navios para realizar as operações, seis a mais do que seria necessário caso o calado fosse de 12,5 m, onde a mesma operação poderia ser feita com 49 navios.
Considerando os destinos dos grãos exportados pela região – Europa, África, Ásia e Oriente Médio – o frete morto contabilizado no cenário atual chega a US$ 28,36 milhões.
O diretor-presidente da ATP, Murillo Barbosa, explicou que a associação tem acompanhado de perto os projetos que visam ampliar a profundidade neste trecho do rio, que é raso e lamoso e tem cerca de 42,6 km de extensão.
“Os navios que saem dos terminais de Itacoatiara (AM), Santarém (PA) e Santana (AP), passam todos pela Barra Norte e estão limitados a 11,70 m. Precisamos aumentar a profundidade para que eles possam sair totalmente carregados, o que ainda não acontece”, disse Murillo.
Ferrogrão
Murillo Barbosa ressaltou também a expectativa com a futura Ferrogrão, ferrovia que ligará a região produtora de grãos do Centro-Oeste ao estado do Pará e deve consolidar a exportação de grãos pelo Arco Norte. “Com a ferrovia, se o calado não aumentar, causará um custo logístico muito alto para o agronegócio”, observou.
O presidente da ATP afirmou que existem três frentes de trabalho voltadas a melhorias na Barra Norte.
“Provocamos a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) para uma possível concessão privada para o trecho que trabalhe na segurança da navegação e controle de tráfego; um projeto da Marinha para aumentar gradualmente o calado, que na próxima etapa já seria de 11,90 m; e o envolvimento dos nossos associados para um levantamento batimétrico de toda aquela região para trazer mais segurança na navegação”, detalhou.
Desde fevereiro deste ano, a Marinha, em parceria com a Praticagem da Bacia Amazônica Oriental, vem realizando testes para validar o novo calado de 11,90 m, todos aproveitando a maré de 3,10 m ou mais. O BE News questionou a praticagem para saber se os testes foram concluídos, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem.
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