Chamada de Estrada de Ferro do Sertão (EF-233), o ramal teria pouco mais de 700 km e seria usado para transportar o minério explorado pela empresa de Currais Novos até SuapeCrédito: Divulgação
Região Nordeste
Empresa desiste de construir ferrovia ligando Piauí ao Porto de Suape
Ramal poderia ser solução logística para o trecho inacabado da ferrovia Transnordestina em Pernambuco
A mineradora Bemisa, do grupo Opportunity, desistiu de construir a ferrovia que ligaria Currais Novos (PI) ao Porto de Suape (PE), após a conclusão técnica e financeira apontada pelos estudos de viabilidade. O projeto era visto como uma solução logística para o trecho inacabado da ferrovia Transnordestina no estado pernambucano. O pedido de desistência foi formalizado no dia 20 de outubro, junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Chamada de Estrada de Ferro do Sertão (EF-233), o ramal teria pouco mais de 700 km e seria usado pela Planalto Piauí Participações e Empreendimentos SA, que faz parte do grupo, para transportar o minério explorado pela empresa na cidade de Currais Novos até o Porto de Suape, por onde seria escoado.
Até o fim do ano passado, o trecho pernambucano da Transnordestina estava sob responsabilidade do grupo CSN, mas a companhia excluiu a obra do projeto alegando inviabilidade econômica, ficando apenas com o trecho cearense da ferrovia, que ligará Eliseu Martins (PI) ao Porto do Pecém (CE). Inclusive, na semana passada, a CSN recebeu R$800 milhões da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em financiamento para esta obra.
Agora, segundo o secretário de desenvolvimento econômico de Pernambuco, Guilherme Cavalcanti, o Estado e a União vão analisar três opções para viabilizar uma ferrovia acessando o Porto de Suape: via concessão pública (investimento público e privado), via chamamento público (investimento privado) ou delegando a obra ao estado de Pernambuco.
Há, ainda, fontes dizendo que o governo pernambucano, liderado por Raquel Lyra, estaria estudando uma concessão para a ferrovia num trecho menor, ligando Salgueiro a Suape, já que o trecho da Transnordestina entre Currais Novos e Salgueiro (PE) foi concluído pela CSN. E, nada impede que a Bemisa participe dessa concessão.
O mercado também reagiu à desistência e especula que, caso uma nova concessão demore, Pernambuco, via Suape, pode perder a carga para o Ceará, via Pecém, ou até mesmo a Bemisa pode vender sua mina à CSN, que atua no mesmo ramo.
Em nota enviada à imprensa, a Bemisa disse estar confiante na retomada das obras no trecho de Salgueiro até o Porto de Suape, “que foram incorporadas ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3)”.
Vale lembrar que a empresa do grupo, Planalto Piauí, anunciou no fim do ano passado a construção do Terminal de Granéis Sólidos Minerais no Porto de Suape, que será operado na modalidade de Terminal de Uso Privado (TUP), na Ilha de Cocaia.
O investimento previsto é de R$ 1,5 bilhão, com arrendamento de 30 anos e obras iniciando em 2025. A estimativa é de uma movimentação anual de 13,5 milhões de toneladas de minério de ferro, oriundos da mina que o grupo explora no Piauí.