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A Copersucar e a Geo bio gas&carbon assinaram um memorando de entendimento (MoU) com o objetivo de desenvolver tecnologia para conversão de biogás em combustível de aviação sustentável (SAF). Como parte da parceria, as empresas vão construir uma planta piloto de demonstração comercial com previsão de início da operação em 2025. Foto: Divulgação

Energia Limpa

Empresas assinam acordo para desenvolver SAF

28 de junho de 2024 às 18:25
Júnior Batista Enviar e-mail para o Autor

Ideia é construir uma planta piloto de demonstração comercial que deve começar a funcionar a partir de 2025

A Copersucar e a Geo bio gas&carbon assinaram um memorando de entendimento (MoU) com o objetivo de desenvolver tecnologia para conversão de biogás em combustível de aviação sustentável (SAF). Como parte da parceria, as empresas vão construir, no estado de São Paulo, uma planta piloto de demonstração comercial com previsão de início da operação em 2025.

Combinando a escala da Copersucar no setor sucroenergético com a experiência em tecnologia de produção de biogás/biometano da Geo, o acordo pretende viabilizar a produção de SAF em larga escala no Brasil nos próximos anos, em uma nova rota de produção além do etanol (conhecida como alcohol-to-jet – ATJ).

O projeto para a produção de SAF a partir de biogás/biometano empregará a rota gás-para-líquido (GTL) utilizando a tecnologia de Fischer-Tropsch, processo químico para produção de hidrocarbonetos líquidos verdes a partir de gás de síntese.

“O SAF produzido a partir do biogás/biometano é um produto de alto valor agregado, baixa pegada de carbono e amplia ainda mais o uso da cana-de-açúcar como fonte de energia renovável. Essa parceria pode representar uma nova avenida de crescimento para o ecossistema Copersucar, alinhada à nossa estratégia de prover soluções em escala para a transição energética”, explica o presidente da Copersucar, Tomás Manzano.

O CEO da Geo, Alessandro Gardemann, diz que as rotas de produção de biogás a partir de resíduos orgânicos são importantes para posicionar o Brasil como produtor e exportador de combustíveis avançados com valor agregado. “Isso torna o País competitivo para descarbonizar tanto a matriz de transporte aéreo brasileira quanto mercados internacionais de alta exigência como o europeu. Nossa planta já irá nascer com as bases prontas para elevar de maneira rápida a produção ao nível de escala industrial”, conclui.

Produção em crescimento

O desenvolvimento SAF é um dos esforços para combater as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e combater as mudanças climáticas. De acordo com um estudo liderado pela Manchester Metropolitan University, a aviação é responsável pela emissão de cerca de 3,5% do CO2 liberado na atmosfera. Com a previsão de expansão do mercado aéreo, essa taxa tende a aumentar nos próximos anos se medidas eficazes não forem adotadas.

Embora a utilização global ainda seja modesta, a produção está ganhando impulso. Segundo a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo), a produção de SAF triplicou em 2022 em comparação com o ano anterior, alcançando cerca de 300 milhões de litros, embora ainda represente apenas 0,1% do total usado na aviação.

Atualmente, o querosene de aviação é o combustível mais utilizado em aeronaves – porém, ele é um combustível fóssil derivado do petróleo, não renovável e com reservas finitas.

O Combustível Sustentável de Aviação, também conhecido como biojet ou BioQAV (querosene verde), é produzido a partir de fontes renováveis e pode reduzir as emissões de CO2 entre 70% e 90% em comparação com o querosene convencional. O SAF é um combustível “drop in”, ou seja, pode ser utilizado nos modelos de aeronaves existentes sem modificações significativas, facilitando sua implementação.

O SAF é produzido por meio de processos químicos que convertem fontes renováveis ou resíduos em um combustível equivalente ao querosene convencional. Ele pode ser produzido a partir de diversas matérias-primas, como biomassa, óleo de cozinha usado, resíduos urbanos, gases residuais e resíduos agrícolas.

No Brasil, plantas que contêm açúcares, resíduos agrícolas e óleos são potenciais matérias-primas para uso na aviação. Cana-de-açúcar, soja e eucalipto, com cadeias produtivas já consolidadas e rastreáveis, são candidatas naturais para iniciar uma indústria de SAF no país.

A introdução comercial do SAF tem ocorrido através da mistura com o querosene de aviação em várias proporções. A KLM, companhia aérea holandesa, adiciona 1% de SAF, feito de óleo de cozinha usado, no abastecimento de cada voo que sai do Aeroporto Schiphol de Amsterdã, com a meta de chegar a 10% até 2030. Atualmente, as tecnologias aprovadas permitem misturas de até 50%, mas pesquisas e testes estão sendo realizados para alcançar um combustível composto por 100% de SAF.

Em junho de 2022, a Embraer realizou um teste bem-sucedido nos Estados Unidos com 100% de SAF, utilizando fontes de SPK de ésteres e ácidos graxos hidroprocessados (HEFA-SPK).

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