Segundo dados da UNCTAD, que analisou as oportunidades para as mulheres no setor portuário global, elas ocupam apenas 18% das vagas existentesCrédito: Divulgação/Portonave
Nacional
Empresas de cabotagem lideram ranking de participação feminina no Brasil
Em seguida, aparecem as autoridades portuárias, aponta levantamento da Antaq
As empresas de cabotagem lideram o ranking de participação feminina no segmento aquaviário, com 34% dos cargos ocupados por mulheres e mais de 30% delas em posições de liderança.
É o que mostra o levantamento de dados sobre equidade de gênero no setor feito pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), divulgado ontem (21).
Do total de companhias de cabotagem, 75% responderam à pesquisa. Os resultados indicaram que, para o total de cargos disponíveis, elas ocupam 34% deles; dirigentes, 32%; gerentes, 36,9%; e operacional, 33,2%.
As autoridades portuárias aparecem em seguida, com adesão de 51% delas ao questionário. Neste recorte, do total de vagas disponíveis, 22,3% são ocupadas por mulheres; 5,9% atuam como dirigentes; 34,9% são gerentes; e 20,9% realizam atividades operacionais.
“Cabotagem e autoridades portuárias foram a maior amostra censitária com bons resultados. Embora a cabotagem tenha tido uma representação expressiva, quando comparada com autoridade portuária, os dois segmentos tiveram participação acima da média, já que a média geral no setor portuário é de 17,3%”, explicou Flávia Takafashi, diretora da Antaq.
Quando se fala no total de vagas existentes em todo o setor aquaviário nacional, as mulheres ocupam apenas 17,5% delas. Quanto aos cargos de liderança, o setor de navegação lidera com 23% das mulheres em posições de gerência. Já os cargos de direção têm menor ocupação por mulheres, com 13% apenas.
As empresas entrevistadas empregam em sua maioria homens, entre 25 e 44 anos de idade. Ao todo, 302 empresas participaram do levantamento com respostas válidas, entre Terminais Autorizados; Terminais Arrendados; Autoridades Portuárias; Empresas brasileiras de navegação (EBN) e o Órgão de Gestão de Mão de Obra (Ogmo).
A pesquisa é a primeira das ações da Autarquia no Protocolo de Intenções, assinado em março de 2022, entre a Agência e a Women’s International Shipping and Trading Association (WISTA-Brazil), que busca equidade de gênero no setor.
A coleta e publicação dos resultados têm como objetivo aprofundar o conhecimento do setor aquaviário em relação a seus trabalhadores e poderá ser usado como uma linha de base pelas empresas do setor para aprimoramento de políticas voltadas para a equidade de gênero.
A apresentação contou com a participação dos diretores da Antaq, entre eles o diretor-geral, Eduardo Nery, e a diretora Flávia Takafashi, responsável por apresentar os dados.
Também estiveram presentes a diretora-geral do Senado Federal, Ilana Trombka, a diretora da Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos da Casa Civil, Amanda Seabra, e a diretora de Novas Outorgas e Políticas Regulatórias Portuárias do Ministério de Portos e Aeroportos, Mariana Pescatori.
Tendência mundial
De acordo com dados da UNCTAD, que analisou as oportunidades para as mulheres no setor portuário global, elas ocupam apenas 18% das vagas existentes.
Para a agência, os números do Brasil, que seguem a tendência mundial, destacam a necessidade de políticas estratégicas para melhorar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
A pesquisa ainda perguntou se as companhias adotam políticas de equidade em seus recrutamentos. A conclusão foi de que 90,8% das empresas adotam pelo menos uma política de equidade de gênero na escolha de seus empregados.
O levantamento também trouxe dados sobre equidade de gênero dentro da própria Antaq. Dos 389 servidores da autarquia, 24% são mulheres e somente 6,3% delas ocupam cargos de liderança.