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Entrevista com Osmari de Castilho Ribas

Atualizado em: 23 de março de 2024 às 12:50
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

“Mar calmo nunca fez bons marinheiros”

A frase acima acompanha e tem dado um bom rumo à vida de Osmari de Castilho Ribas, Diretor-Superintendente Administrativo da Portonave, Terminal Portuário de Navegantes, em Santa Catarina. Desafios estão presentes desde que era garoto e precisava enfrentar as mudanças que a carreira do pai militar determinava. Deixava a casa, escola, amigos e cidades, recomeçando em outro lugar e se adaptando a realidades diversas.

“Tive contato com culturas muito diferentes e mudar de escola trazia o peso de se deparar com novos desafios, mas foi um grande aprendizado para a vida”, ele diz. Hoje reconhece o lado positivo: “Foi uma experiência boa, facilitou a interação e negociação com as equipes, com a forma de gerir, você entende melhor o potencial de cada um e as diferenças”, completa.

E o vai e vem representa uma longa jornada. Nasceu na Lapa, cidade no Interior do Paraná, próximo à Curitiba, onde morou até oito anos de idade. Depois a família se mudou para Castro, também no Paraná, em seguida para Nioaque (MS). Vieram, ainda, Três Corações (MG), Curitiba (PR), Santa Cruz do Sul (RS), Itá (SC), Rio Grande (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Curitiba novamente, até se fixar na Portonave, em Santa Catarina, onde reside.

Inicialmente pensou em cursar Comunicação e até Jornalismo, mas o olhar voltou-se a área de negócios e gestão. Formado pela Faculdade Católica de Administração e Economia, de Curitiba (PR), é especialista em Engenharia Econômica pela Faculdade Católica de Administração e Economia (1991) e em Administração de Recursos Humanos (1995), pela Universidade Federal do Paraná. Possui MBA em Gestão Empresarial pela FGV.

Sobre a Portonave, mostra um histórico de sucesso e otimismo: “Nós nos encontramos num momento consolidados e olhando para o crescimento a longo prazo. Somos um terminal privado, fora da área de porto organizado, trabalhamos com sentido de perpetuidade, temos autorização e não uma concessão ou arrendamento. Nosso negócio é perene, renovamos desde que a operação seja mantida. Fomos o primeiro terminal fora da área de porto organizado na movimentação de contêineres do país”.

Acompanhando as batalhas e as dificuldades do setor ao longo desse tempo, valoriza os acertos: “Na minha visão, contribuímos muito para o setor de contêineres no nosso país, um setor de muita competição, demanda e investimentos. No nosso caso, todo o investimento é feito pela iniciativa privada, assumimos todo o risco. Fechamos o ano passado acima de 1,3 milhão de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés), como o segundo maior terminal portuário na movimentação de contêineres no país, ficamos atrás somente do porto organizado de Santos”.

A estrutura do terminal compreende uma área de 400 mil metros quadrados, uma câmara frigorífica totalmente informatizada, seis portêineres, 18 Rubber Tyred Gantry – RTGs (guindastes para movimentação de contêineres). “Temos alta performance, nossa produtividade é uma das melhores do país com relação à movimentação de contêineres por hora nos navios. Nosso investimento está acima de 1 bilhão de reais para a adequação do cais para receber navios maiores. Estamos habilitados para operar navios de 350 metros e em breve a próxima geração de 366 e até 400 metros”.

A obra está em andamento e a previsão é concluir a primeira fase no começo de 2025: “Mesmo com as obras em fases, que devem durar 24 meses, estamos mantendo a operacionalidade. Geramos perto de 1200 empregos diretos, com todos os nossos trabalhadores vinculados, com segurança e bons benefícios a todos. Estamos localizados em Navegantes, município que teve um crescimento muito forte em função da atividade portuária. Hoje, tem próximo de 90 mil habitantes e é o 14º PIB de Santa Catarina, com crescimento de dez posições nos últimos anos”.

Sobre os maiores desafios para o setor no país, diz: “Uma das grandes dificuldades é a questão regulatória, precisamos ter uma simplificação nessa área, as empresas precisam ter maior liberdade para investir, estabilidade que dê condição ao acionista para pensar a longo prazo. A grande característica desse setor é ter investimentos de forma permanente, nunca param, são projetos cuja viabilidade se dá a longo prazo”.

Outro aspecto são as vias de acesso: “Temos discutido a necessidade da segunda fase da Bacia de Evolução que nos permita movimentar navios maiores, com o gerenciamento da Autoridade Portuária de Itajaí que também responsável pela dragagem e manutenção de profundidas adequadas. À medida em que você não consegue usar a capacidade máxima dos navios, significa um custo maior para o armador, o terminal e a carga. Chegamos a operar nos dias de pico mais de três mil caminhões, porém temos gargalos nas principais rodovias e não temos ferrovias. Trabalhamos nos adequando à realidade, mas bons acessos são essenciais para a eficiência dos terminais e para que o país se torne cada vez mais produtivo”.

Integrantes do Sul Export, Castilho tem uma grande expectativa para o evento programado para os dias 25 e 26 de março, em Balneário de Camboriú: “Todos serão muito bem recebidos na bela Santa Catarina, teremos uma visita técnica em nosso terminal. Será um ótimo movimento de interação para o setor, vamos debater e repercutir temas importantes com players do setor. Teremos a honra de receber a secretária Mariana Pescatori, muito qualificada e aberta ao diálogo. Vamos mostrar um pouco das nossas qualidades e dores. Santa Catarina tem cinco portos, uma dinâmica portuária intensa, é um destino turístico procurado. A agenda, discutida no Conselho do Sul Export, está bem estruturada”.

Casado com Lucimeri, pai de Henrique e Thaís, seu programa preferido é curtir a família e praticar esportes, principalmente corrida; até mesmo participa em provas da região. Gosta da leitura, de futebol e interagir com a comunidade: “Aqui é um lugar muito bom para se viver”. Recentemente, ficou emocionado com a homenagem da MSC batizando um navio com o nome da filha, o MSC Thais, que acabou de sair do estaleiro.

Além de procurar tornar tudo mais simples no dia a dia, como pai, aprendeu duas frases que trouxe para a vida: “Mar calmo nunca fez bons marinheiros, e camarão que dorme a onda leva. É por aí, não podemos nos acomodar e sim nos preparar para os grandes desafios”.

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