A coordenadora de Delegações da SNPTA, Flavia Nico, e o professor da UFMA, Sérgio Cutrim, participaram de live mediada pela diretora executiva da ATP, Luciana Guerise (crédito: Reprodução/Live Sustentar-ATP)
ESG
ESG é o caminho da inovação nos portos, diz Flavia Nico
Coordenadora de delegações da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários destaca, durante live, a importância de fortalecimento da relação entre porto e cidade
“O caminho da sustentabilidade é um caminho de oportunidades”, afirmou a coordenadora de Delegações da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), Flavia Nico Vasconcelos, durante live realizada pela Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) na semana passada e que debateu sobre inovação, sustentabilidade e negócios na relação porto-cidade.
Promovido pelo Sustentar, comitê de sustentabilidade da ATP, na última quinta-feira, o encontro virtual teve mediação da diretora executiva da ATP, Luciana Guerise, e, também, contou com a participação do professor e pesquisador na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutor em Engenharia Naval e Oceânica pela Universidade de São Paulo (USP), Sérgio Cutrim.
Segundo Flávia Nico, apesar de gestores portuários normalmente pensarem em novas oportunidades a partir de inovação tecnológica, existem outros caminhos possíveis para a sustentabilidade do setor. “Podemos trabalhar com inovação tecnológica, mas também com inovação social”, afirmou Flavia.
Entre os caminhos possíveis, Flavia apontou o ESG (sigla em inglês para questões ambientais, sociais e de governança corporativa) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), estabelecidos a partir da urgência gerada pelo impacto das mudanças climáticas.
Além disso, acrescentou a coordenadora, é imprescindível “repensar a relação cidade e porto” e “compreender que essa relação está no mais profundo ponto central para agir de forma sustentável”. “Entender que o relatório de sustentabilidade é consequência de mudança de comportamento que faz com que a gente perceba o porto de forma diferente e que essa relação cidade e porto é essencial para o negócio portuário”, comentou.
Foco no social
Flavia destacou que “fazer sustentabilidade portuária é focar no social”, o que, segundo ela, “envolve o reconhecimento de riscos, a identificação dos impactos negativos e positivos e pressupõe ações de engajamento e de comunicação com os diferentes stakeholders. O território vira uma oportunidade para o negócio portuário”.
Com essas estratégias, segundo a coordenadora, é possível diminuir problemas históricos do setor. Flavia observou que, no caso de porto dentro da cidade, há conflitos geralmente antigos em relação ao uso de espaços. “Porto espremido pela cidade, cidade espremida pelo porto”, apontou. O porto fora da cidade, por sua vez, tem que lidar com a questão de bairros marginalizados que se levantaram pela falta de planejamento dele no território.
É exatamente por isso que, de acordo com Flavia, reposicionar o porto no território significa gerar valor compartilhado. “Competitividade com progresso social”, destacou. Assim, ele passará a atrair oportunidades para a região onde está instalado e colaborar para o desenvolvimento socioeconômico.
Porto e comunidade
“O porto precisa encontrar novas formas de comunicação com a comunidade. Quando falo de inovação, aquela comunidade que atrapalhava passa a ser parceira de um porto com propósito, que se importa com aquele lugar onde está e com aquela comunidade”, afirmou a especialista.
O professor e pesquisador, Sérgio Cutrim, por sua vez, observou que debater o assunto é analisar um retrato da sociedade brasileira. “Temos diferentes realidades da sociedade brasileira e contextos de evolução e indicadores sociais e econômicos. O mesmo ocorre na relação porto e cidade. Tem portos com dificuldade para conseguir agendar visita técnica e tem portos e terminais privados que considero que estão no estado da arte, envolvidos em projeto de inovação aberta, fazendo parceria para efetiva participação da sociedade civil”, disse Cutrim.
A íntegra da live está disponível no canal da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP) no Youtube.
Os dois pesquisadores também aprofundam suas análises no livro Manifesto ESG Portuário. A obra foi publicada recentemente pela Editora da Universidade Federal do Maranhão e concebida pelo Grupo de Pesquisa LabPortos. Para baixar basta acessar https://rebrand.ly/manifestoesgportuario.