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ESG no transporte: viabilidade econômica e papel do Estado em debate
Painel do InfraESG Talks aborda como equilibrar sustentabilidade e retorno financeiro no setor, com propostas para integrar investidores privados e ações estatais
O retorno financeiro nas pautas de sustentabilidade dentro do modal de transportes foram debatidos no último painel técnico do InfraESG Talks, evento promovido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em conjunto com o Grupo Brasil Export, que foi realizado na quinta-feira, dia 28, na Arena B3, em São Paulo.
Especialistas levantaram pontos de como investidores privados podem ser rentabilizados na agenda ESG nos transportes e qual o papel do poder público para a viabilização dos temas.
O diretor de Assuntos Regulatórios da Vale, Marcelo Sampaio, destacou que empresas do setor ferroviário, em especial, devem dar dois passos para trás e analisar como um todo os benefícios que trazem para futuras concessões, mesmo quando não há retorno financeiro. “Pensando no setor ferroviário, o retorno financeiro não necessariamente vai ser 100%, mas a gente vê avanços como em questões de redução de acidentes, questão da qualidade da vida, aumentar a capacidade em locais de gargalos. Olhando num maior cenário, as energias acabam se equilibrando. Quando se dá dois passos para trás consegue ver todas externalidades que a agenda traz e é possível identificar o retorno como um todo”, disse.
Sampaio, que já foi ministro de estado, destacou o importante papel que o poder público terá nessas agendas.
“Esse olhar de retorno, na hora da conta fechar, precisa ser avaliado de forma mais ampla e naturalmente no papel do Estado. Precisam estar atentos a isso. A gente tem formas de subsidiar esse tipo de approach voltado à sustentabilidade, na questão tributária, para a gente fomentar uma agenda através do braço do Estado”, pontuou.
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), Marco Aurélio Barcelos, destacou qual ponto de partida se dará dentro da agenda ESG no modal de transportes.
“O que a gente observa é que trabalhamos na primeira geração de uma série de elementos que compõem a agenda ESG. O que devemos nos atentar é sobre qual a primeira geração de rentabilização dos investimentos que são implementados. Vejo essa como uma fronteira de curto prazo a se desbravar”, disse.
Moderador do painel, o subsecretário de Sustentabilidade do Ministério dos Transportes, Cloves Benevides, afirmou que a pasta vem debatendo nas últimas semanas um roadmap de negócios para a sustentabilidade. “Queremos entender quando que esse desafio pode se converter em oportunidade de negócio, de rentabilidade, para financiamento da agenda”.
Participaram do painel Davi Barreto, diretor-presidente da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF); Rodrigo Arteiro, superintendente de Governança e Estratégia da Infra SA; Mônica Jaen, diretora de Sustentabilidade do Grupo EcoRodovias; e Juliana Silva, diretora de Sustentabilidade do Grupo CCR.