A gerente do escritório regional do Steamship Mutual P&I Club no Brasil, Katia Oliveira, afirmou que a guerra entre Israel e Palestina, que afeta também a região do Mar Vermelho, levou os seguradores de embarcações a mudarem a estratégia de cobertura. Foto: TV BE News
Exportações
Especialista explica como a guerra afeta setor de seguros de embarcações
Gerente do escritório regional do Steamship Mutual P&I Club no Brasil afirmou que a guerra entre Israel e Palestina mudou a dinâmica do segmento
A gerente do escritório regional do Steamship Mutual P&I Club no Brasil, Katia Oliveira, afirmou que a guerra entre Israel e Palestina, que afeta a região do Mar Vermelho há cerca de quatro meses, levou os seguradores de embarcações a excluírem o risco de guerra dos seguros para dar a lugar a coberturas exclusivas, alterando a lógica de proteção dos seguros como o P&I – Protection and Indemnity (Proteção e Indenização).
“Os armadores vão crescendo e os riscos vão aumentando também. Desde 20 de fevereiro, o Mar Vermelho se tornou uma região de exclusão do risco de guerra. Quando a embarcação vai precisar passar por aquela região, trocamos este seguro por um outro específico para aqueles que precisam navegar naquele espaço”, afirmou ela.
Os conflitos no Mar Vermelho se intensificaram nos últimos meses e já aumentaram os preços dos fretes em cerca de 12%. A região onde está o Canal de Suez, entre o Mar Vermelho e o Mar Mediterrâneo, é responsável por cerca de 12% do tráfego marítimo mundial. Os Houthis, milícia iemenita defensora dos palestinos na Faixa de Gaza, fazem investidas contra navios cargueiros que eles consideram ser de aliados de Israel.
Por conta dos ataques, muitas empresas estão optando por não utilizar o Canal de Suez da Europa para a Ásia, onde está a China. A rota é a mais rápida. Porém, o caminho agora está sendo desviado pelo Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, viagem que demora de 15 a 25 dias a mais.
Conversa
O bate-papo faz parte de uma roda de diversas conversas ao longo do mês em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de março, e teve transmissão ao vivo pela TV BE News, com mediação da advogada Bruna Esteves Sá e o presidente da Associação Comercial de Santos, Mauro Sammarco.
O tema da conversa foi Clube do P&I – coberturas e papel dos correspondentes. Segundo Katia Oliveira, apesar dos altos índices de seguro, há alguns com limites, como é o caso de poluição, que é de cerca de R$ 1 bilhão de dólares por acidente.
“No Brasil, nossa experiência é que há muitos casos de poluição, que você precisa arcar com multas administrativas, remoção de destroços também que são trabalhos mais complicados. Por isso, precisamos estar prontos para qualquer ocorrência”, diz ela.
Katia explicou que o seguro é para quaisquer danos que as embarcações possam ter, seja de destroços e poluentes, mas também de objetos fixos, flutuantes, pontes e berços. Além dos danos pessoais para tripulantes, terceiros, estivadores e todos que estiverem envolvidos naquela operação.
Atualmente, há 12 clubes de P&I no mundo. Eles funcionam exatamente como clubes mesmo, pois há um acordo entre eles e as coberturas são padrão. “Cada clube só vai abranger a cobertura de acordo com o serviço. Mas funcionamos com relação duradoura, o seguro não vai aumentando conforme os acionamentos, como acontece em carros por exemplo”.
Outras rodas
Ao longo deste mês, haverá conversas ainda nos dias 20 e 22. A primeira conversa foi com a gerente jurídica da Associação Gestora da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), Débora Andrade, que falou sobre o tema: Fips e o controle do Tribunal de Contas e agências reguladoras. O debate teve também a participação de Rafael Langoni, diretor de Expansão da Rumo Logística.
Na semana que vem, participam Mariana Pescatori, secretária executiva do Ministério de Portos e Aeroportos, e Flávia Takafashi, diretora da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), com o tema “Políticas públicas para desburocratização e alavancagem de investimentos do setor portuário”;
Já no dia 22, participa Flávia Bauler, procuradora do Ministério Público do Trabalho em São Paulo e coordenadora nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário (Conatpa), com o tema “Atribuições do Conatpa e temas recorrentes”.