Estilo BE: artes, personalidades e a importância do sonhar

A coluna desta semana traz o perfil da executiva Lúcia Mesquita, notícias sobre artes e uma entrevista especial com a jornalista e analista junguiana Vera Leon, sobre a importância de sonhar.

As pausas da vida

Quantas vezes nós nos enganamos com a ideia de que para aprender algo novo é preciso estudar à exaustão? A verdade é bem outra: o cérebro precisa de descanso para consolidar o conhecimento e transformá-lo em memória duradoura e não de práticas intensas. O pesquisador brasileiro Leonardo Claudino é um dos coautores do estudo feito pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e publicado em 2021 na revista Cell Reports. Segundo a pesquisa, revelada em matéria no jornal Folha de S. Paulo, pequenos intervalos podem ser particularmente produtivos para o cérebro de quem pratica novos movimentos minuciosos e repetitivos, como atletas ou músicos – ou mesmo pacientes que estejam tentando recuperar habilidades perdidas após um derrame, por exemplo. Acho que também vale para nosso cotidiano, enriquecido com pequenas pausas para retraçar a rota e aprender a viver com mais significado…

Foco: santista de coração e alma

“A mulher acaba tendo um outro olhar, tem uma sensibilidade que os homens não têm”, diz Lucia Mesquita (crédito: Divulgação)

Lucia Mesquita Roma, diretora da Missão Empreendimentos, definitivamente não gosta mesmo  de falar em público. Prefere observar e, como toda canceriana, mantém suas raízes em Santos (SP) e valoriza muito a vida familiar. A empresária faz parte dos conselhos Feminino e do Santos Export do Fórum Brasil Export.

Ela mora até hoje em Santos e diz que adora a cidade e é muito feliz. Só saiu mesmo quando foi cursar Direito em São Paulo. Nessa época, até pensou em não voltar, mas o chamado familiar para entrar na empresa Mesquita Transportes e Serviços, no ramo de logística, foi maior. E ela nunca se arrependeu. Mesmo quando resolveu fazer especialização em Logística, ia no bate e volta.

Durante 21 anos, trabalhou na Mesquita, que fechou na passagem da 2ª para a 3ª. geração.  “Foi um grande aprendizado que vou levar para a vida toda. Muita negociação e resiliência. Acabamos vendendo a empresa em 2007”.

Depois de um tempo, Lúcia assumiu a direção na Missão Empreendimentos Ltda, holding familiar com participação em empresas de tecnologia (Iport Solutions, Monitainer e Real Tracking), locação de equipamentos de transporte ( Mesquita Locações Ltda ) e negócios imobiliários. 

Na Missão, reconhece que dá pitacos em tudo e está muito satisfeita com o trabalho: “Acredito na melhoria do cenário econômico, apesar de alguns soluços pela frente, como eleições e Copa do Mundo. Temos três trades na empresa, mas tecnologia é o que traz mais novidades. Atuamos com sistemas de controle para recintos alfandegados, monitoramento e gestão de riscos e lacres eletrônicos”.

Lúcia comenta que a pandemia deu uma acelerada no setor de tecnologia e que o crescimento vai continuar: “Todos perceberam que não devem ficar dependentes de gente no escritório, pode acontecer situação semelhante e é preciso se preparar para processos mais digitalizados e mais controlados”. 

Quando começou a atuar no setor portuário, o número de mulheres era muito pequeno. “Eu nunca tive problemas e sempre me respeitaram, mas olhava do lado e não encontrava outras mulheres. Por isso fiquei muito feliz na apresentação do Conselho Feminino do Brasil Export, ao ver tantas mulheres jovens, atuantes, com muito conhecimento do setor. Muito bom assistir essa evolução. Os homens são muito sistemáticos, a mulher acaba tendo um outro olhar, tem uma sensibilidade que os homens não têm. Hoje em dia nós já conseguimos ser ouvidas em qualquer ambiente e podemos mostrar que viemos para somar, compartilhar, e não dividir”, diz.

Apaixonada pela cidade, avalia que morar em Santos é o melhor nessa fase da vida. “Tenho o privilégio de curtir a praia, mesmo durante a semana, sempre que quero e posso. Estou descobrindo e muito animada com o beach tênis. Fui mãe tarde, com 42 anos, curto demais meu filho Rodrigo, 16 anos. Minha vida é metade trabalho e metade com ele, conversamos muito, jogamos tênis juntos, é um supercompanheiro”.

Lúcia está casada há 31 anos com o empresário Moacir Roma, gosta de ler e de caminhar na praia. “Em Santos a vida é muito mais tranquila, consigo fazer um monte de coisas que em São Paulo não conseguiria, frequento academia três vezes por semana e vou muito ao Tênis Clube, pertinho de casa. Quando dá, dou uma fugidinha e vou para a fazenda em Amparo”.

Sua dica de restaurante em Santos é o Tapa, na Azevedo Sodré, esquina com Carolina Rodrigues: “Gosto das comidinhas deles, vou a pé, sempre dou uma passadinha. Quando eu não quero sair, eles levam na minha casa”. E seu lema de vida é tentar colocar em prática uma frase do avô Gentil: “Sistematicamente modifique para melhor”.

Mergulho: sim, todo mundo sonha

“Sonhar equilibra a energia psíquica, compensa emoções que, na vida acordada, não estamos conseguindo trabalhar”, explica Vera Leon (crédito: José Luís Borges).

A jornalista, escritora e analista junguiana Vera Leon, amiga de muitos anos, se especializou em sonhos e criou em 2016 o canal “Que sonho é esse?” no Youtube. Vera é apaixonada pelo tema e fala de sonhos com profundidade. No canal, com 4.602.072 visualizações, você encontra suas interpretações para sonhos com dentes, morte, animais e muito mais. Para a Estilo BE, Vera deu essa entrevista especial:

Todo mundo sonha?

Não tenho a menor dúvida que todo mundo sonha, ainda que muita gente diga que não sonha. Na realidade, são pessoas que não lembram do sonho, e isso tem muito a ver com a vida que se leva hoje, com tantos apelos externos e tanta desatenção ao mundo de dentro, à dimensão da alma. Lembro, quando tinha meus cachorros em casa, de eles fazendo caretas e grunhidos enquanto dormiam, e eu dizia que estavam sonhando… Os bebês, até os recém-nascidos, também sorriem, choramingam e fazem caretas durante o sono e a gente acredita que sonham. E hoje, com os estudos da neurociência, o que era uma impressão ganha contornos científicos. Do ponto de vista da saúde mental, sonhar equilibra a energia psíquica, compensa emoções que, na vida acordada, não estamos conseguindo trabalhar.

Qual o melhor caminho para conseguir entender um sonho?

Não há uma receita, principalmente se a pessoa não tem o acompanhamento de um terapeuta que auxilie nesta abordagem. Mas uma orientação que dou é não ignorar seu sonho, não achar que aquilo é uma bobagem, tendência bastante comum pelo fato de não entendermos as imagens e situações de um sonho. É compreensível não entender, porque o sonho fala por símbolos, e isso requer que o sonhador faça as associações com esse conteúdo simbólico. Então, o caminho é: preste atenção ao seu sonho, anote em um caderno especialmente destinado para isso, faça as associações possíveis às cenas do sonho, e relacione com o que se passa com você, naquele momento, na vida acordada. É um caminho que ajuda bastante a ampliar o sonho.

O que é o sonho?

Cada sonhador terá uma resposta para isso e tudo é válido, pois não se pode ignorar a história de vida da pessoa, as crenças que ela traz, a perspectiva como indivíduo. Naquilo que acredito e trabalho, naquilo que aplico para a minha vida, sonho é a mensagem que me envia a minha natureza mais profunda para que eu reprograme a rota na vida da vigília. O comportamento do ego pode estar em desacordo com a dimensão da alma e é o sonho, no meu entendimento, que me aponta o caminho. Um mensageiro fiel, atento, trazendo informação de um mundo que, conscientemente, é muito difícil de acessar.

Ele sempre traz mensagens?

Sempre é mensageiro. Penso que mesmo nos sonhos mais corriqueiros podemos encontrar um recado, uma luz, um suporte para determinado questionamento. E aqueles que chamamos de grandes sonhos, que nos acompanham pela vida afora, esses são grandes mensageiros e, quando bem trabalhados, podem até determinar mudança significativa de vida, aquilo que eu chamo de reprogramar a rota. Pode ser até que, conscientemente, a gente não se dê conta do tamanho da mensagem, mas ela irá se cumprindo se nos mantivermos conectados com nossa dimensão mais profunda. Ou seja, olhe-se, ouça-se, respeite-se, seja quem você veio para ser, cumpra sua missão, obedeça ao propósito divino e a alma lhe responderá com amor.

Para conferir os vídeos no Canal do Youtube: https://www.youtube.com/c/QueSonhoéEsse

Fotografia: Testemunha Ocular

Site é dedicado ao fotojornalismo, para reconstrução da memória nacional (crédito: Divulgação/Walter Firmo)

Para quem gosta de foto, a novidade do Instituto Moreira Salles é excelente: um site dedicado ao fotojornalismo, com produção e carreira de fotógrafos de diferentes gerações e regiões do País, destacando a realidade brasileira na construção da memória nacional. A concepção do projeto é do jornalista Flávio Pinheiro, que atuou como superintendente-executivo do IMS entre 2008 e 2020. O jornalista Mauro Ventura assina a edição do site, e o fotógrafo Leo Aversa, por sua vez, foi responsável pela edição de imagens durante a criação do projeto. José Medeiros, Walter Firmo, Luciano Carneiro, Evandro Teixeira, Custódio Coimbra e Henri Ballot são os profissionais em destaque.

Confira: https://testemunhaocular.ims.com.br

Visuais: Exposição em Porto Alegre

Mostra de Xadalu Tupã Jekupé reúne 19 obras (crédito: Divulgação)

Na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, você pode conferir a mostra de Xadalu Tupã Jekupé, com curadoria de Cauê Alves, que reúne 19 obras – sendo 14 produzidas especialmente para a exposição – e aborda a questão do apagamento da cultura indígena na região oeste do Rio Grande do Sul, onde diversas etnias foram dizimadas. “O trabalho de Xadalu nos abre uma perspectiva da história a partir da visão dos que perderam as batalhas. Não apenas a Guerra Guaranítica, mas também as pequenas batalhas cotidianas, aquelas que silenciosamente vão sendo travadas e talvez nem sejam percebidas como uma batalha por quem venceu. Contribui para que outro modo de vida ganhe visibilidade e possa se tornar possível”, destaca Cauê. 

Serviço
Fundação Iberê Camargo, Av. Padre Cacique, 2000 – Porto Alegre, RS
Funcionamento: quinta a domingo, das 14h às 18h 
Fim da mostra: 31 de julho 

BE +

Os jornalistas Bruno Merlin e Leopoldo Figueiredo apresentam o programa MetaBE (crédito: Divulgação)

Parabéns aos jornalistas Leopoldo Figueiredo e Bruno Merlin que brilharam (e olha que sem ensaio) como âncoras no estúdio criado especialmente para a estreia do programa MetaBE. O programa será mensal, sem dia fixo e a próxima edição está marcada para o dia 13 de julho. E eu adorei que a Estilo BE também terá um espaço. Vocês podem conferir pelo portal BE News ao vivo.

Boa notícia para o setor: a Wilson, Sons iniciou a operação do primeiro de uma série de seis novos rebocadores da companhia, que trazem ao Brasil um conceito inovador: a embarcação conta com novo design de casco que permite uma redução estimada de até 14% nas emissões de gases de efeito estufa.

Organização sem fins lucrativos, o Instituto Procomum é um bom exemplo de entidade que visa repensar o papel das organizações da cultura livre em um contexto de transformações políticas e culturais no País, no mundo e na internet. Em cinco anos, o instituto recebeu cerca de 2 mil pessoas entre participantes dos projetos, público visitante e em ações, promovendo cerca de 200 iniciativas comunitárias na Baixada Santista. 

Educação é o caminho. Estudos do Insper e da Universidade de São Paulo, com apoio do Instituto Natura, revelam que investir em escolas em tempo integral reduz as taxas de homicídio de jovens homens em até 50%. A pesquisa analisou 16 anos de uma política referência em Pernambuco, que aumentou o tempo de aula para 10 horas e apostou em um currículo centrado no projeto de vida e no protagonismo do estudante. 

BE –

As notícias dos jornais estão em sintonia com os dados do boletim do Instituto Sou da Paz, que mostrou que a criminalidade voltou a crescer e já tem nível próximo ao de março de 2020. O número de roubos em todo o Estado cresceu 10,8% no primeiro trimestre ante igual período de 2021. Triste!

As mortes em estrada continuam alarmantes.  Somente no primeiro trimestre de 2022 ocorreram 14.976 acidentes nas rodovias federais do Brasil, o que corresponde a 23% do total do ano anterior. Esses acidentes resultaram em 17.115 pessoas feridas e 1.283 mortas. Entre os conselhos das autoridades, há três itens fundamentais e que muitos não respeitam: não se distrair ao volante com o celular ou a tevê portátil, nem andar em velocidade excessiva ou desviar a atenção com conversas. Atenção é a palavra.