O Plano Estratégico Ferroviário da Bahia foi apresentado durante um evento promovido pela Federação das Indústrias do estado (Crédito: Ascom/CBPM)
Região Nordeste
Estudo afirma que a Bahia tem carga para viabilizar ferrovias
Fundação Dom Cabral apresentou resultados do Plano Estratégico Ferroviário do estado
Um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC) afirmou que a Bahia tem cargas suficientes para viabilizar ferrovias no Estado. Chamada de Plano Estratégico Ferroviário da Bahia, a avaliação foi apresentada no último dia 8 em um evento promovido pela Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), representada pelo Conselho de Infraestrutura (Coinfra), e a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
O estudo prospecta que o volume de cargas que transitará pelo estado terá um salto de 26% entre 2025 e 2035, passando de 146,4 milhões de toneladas úteis (TU), para 185,4 milhões de TU, incluindo produtos com origem e destino à Bahia.
Por isso, sugere a necessidade de modernização das ferrovias regionais e a realização de investimentos em novas malhas ferroviárias. Um dos apontamentos da FDC para integrar a Bahia, considerada isolada neste segmento, é investir na Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), nos trechos entre Ilhéus, Brumado, Caetité, Guanambi e Barreiras.
Destaca ainda que tanto a construção quanto a reforma da malha ferroviária precisam adotar o padrão de bitola larga, passando da medida atual de 1 metro para 1,60 metros, seguindo o parâmetro utilizado em grande parte do país para facilitar o deslocamento das cargas entre ramais ferroviários distintos.
Paulo Resende, coordenador do núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, acredita que os setores públicos e privados precisam apostar na malha ferroviária do estado para tirá-lo do isolamento logístico e dos prejuízos causados neste cenário.
“Eu enxergo no modal ferroviário um isolamento e isso faz com que a Bahia não se insira no que está acontecendo no resto do Brasil. Isso vai encarecer muito a logística do estado, porque você tem produtos típicos da ferrovia que vão precisar ser transportados de alguma maneira e aí vai ter que transportar de caminhão. É prejuízo não só para os caminhoneiros, como também para os ferroviários e para a população”, disse Resende.
A Bahia tem grande produção agrícola e está crescendo também no ramo de minérios, porém os produtos não são competitivos no comércio internacional justamente pela dificuldade do transporte até os portos.
Por exemplo, o algodão plantado em São Desidério, no extremo-oeste baiano, precisa percorrer uma distância de mais de 1,6 mil quilômetros até o Porto de Santos (SP) para conseguir embarcar rumo ao exterior.
Antonio Carlos Tramm, presidente da CBPM, defende o tema como um dos mais urgentes para o desenvolvimento da Bahia e afirma que o estudo foi essencial para mostrar que, ao contrário do que sempre foi alegado, o estado tem carga.
“Somos o terceiro maior produtor de minérios do país e podemos ter resultados melhores, mas para isso, precisamos de um trem que funcione para aumentar a competitividade dos nossos produtos e consequentemente gerar mais emprego e renda”, comentou Tramm.