O Porto de Barcarena, no Pará, é um dos terminais do Arco Norte onde cerca de 19% da produção de Mato Grosso obteria vantagem financeira, de acordo com o estudoCrédito: Divulgação
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Arco Norte como melhor opção para escoar 19% da produção de MT
Segundo levantamento da EsalqLog, esse percentual obtém vantagem financeira enviando grãos por meio dos portos da região
Após três anos da conclusão da rodovia BR-163/MT, o Arco Norte tornou-se a principal opção para o escoamento de safra das propriedades e empresas localizadas no norte de Mato Grosso. De acordo com um estudo realizado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqLog), aproximadamente 19% da produção do Estado obtém vantagem financeira ao enviar os grãos através dos portos de Itaqui (MA), Barcarena (PA), Santarém (PA) ou Itacoatiara (AM) em qualquer safra.
Para cerca de 57% da produção, localizada na região central do Estado, os valores do frete a cada semana são determinantes na escolha do porto mais competitivo. A região sul de Mato Grosso, responsável por 24% da produção, possui a vantagem contínua de enviar soja e milho para os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
De acordo com o levantamento, na cidade de Sorriso, por exemplo, situada no centro do Estado, há momentos em que a diferença entre o transporte para o sul e o norte pode chegar a 10%. Durante a primeira quinzena do mês, o frete para levar milho de Sorriso para o Arco Norte ficou em R$ 432 por tonelada, enquanto que para Santos foi de R$ 496 por tonelada. Isso significa que o custo logístico para transportar via Arco Norte era equivalente a 87% do que custaria para Santos.
O grupo de pesquisa da EsalqLog desenvolveu um indicador de diferencial logístico com base nesses dados. Caso o valor seja inferior a 1, o transporte pelos portos do Arco Norte é mais vantajoso. Se for superior a 1, a opção mais vantajosa é o transporte para o sul. Valores entre 0,9 e 1,1 indicam que a melhor rota ainda não está definida.
Thiago Péra, coordenador da EsalqLog, comenta que “o Arco Norte precisa ser mais competitivo, e para isso ainda tem muito que melhorar as rodovias de escoamento. Melhor seria ainda se a ferrovia chegasse lá”.
Quanto às novas rotas de escoamento, o projeto da Ferrogrão prevê uma linha que conecta a cidade de Sinop (MT) ao porto de Miritituba, em Itaituba (PA), percorrendo cerca de 900 quilômetros, praticamente paralela à BR-163. No entanto, uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) questiona alguns pontos do projeto, como o corte em áreas de preservação ambiental pela ferrovia, e o processo aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
O pesquisador da EsalqLog destaca que a expansão de terminais de uso privativo é crucial para garantir o recebimento dos grãos da região central de Mato Grosso. Além disso, a viabilidade das rotas para o sul dependerá da conclusão da ferrovia Senador Vicente Emílio Vuolo, prevista para ligar Rondonópolis, Lucas do Rio Verde e Cuiabá. O porto de Santos também precisará ampliar sua capacidade de recebimento de grãos, que atualmente é de 8 milhões de toneladas por mês.
Em fevereiro, outro estudo conduzido por Thiago Péra mostrou que, em média, um aumento de 10% no volume de exportação em Santos resulta em um incremento de 5% no tempo de estadia dos navios no porto e um aumento de 1% no volume de tráfego nas rodovias pedagiadas com destino ao cais do litoral paulista.
Péra enfatiza a importância do governo em atrair investimentos de longo prazo para o setor logístico do país, ressaltando que a segurança é fundamental devido ao longo período de maturação e aos altos valores envolvidos nesses investimentos.