Entre as medidas que o estudo propõe estão aumentar o uso de energias renováveis, como a solar e a eólica, no setor elétrico, associadas a novas tecnologias de armazenamento. Foto: Jamil Bittar/Agência Brasil
Nacional
Estudo propõe medidas para Brasil cortar 80% das emissões de carbono
Relatório sugere reestruturação da Petrobras e maior investimento em energias limpas como caminho para a descarbonização
Um estudo divulgado na terça-feira (22) pela rede Observatório do Clima (OC) apresenta um possível caminho para o Brasil reduzir em até 80% as emissões anuais de gases do efeito estufa no setor energético até 2050. O plano inclui uma série de medidas que, ao longo de 26 anos, permitiriam atender à demanda de energia do país com um crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,1% ao ano e garantir a transição para um modelo de baixo carbono. As informações foram publicadas pela Agência Brasil.
Entre as principais ações propostas está a eliminação de subsídios do Governo aos combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural e carvão mineral, além de mudanças na Petrobras e no modelo de desenvolvimento energético. Caso essas medidas sejam implementadas, o Brasil poderia reduzir suas emissões para 102 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (CO₂e) no setor de energia até 2050.
Sem essas ações, a projeção de emissões é muito mais elevada, atingindo 558 milhões de toneladas de CO₂e, mesmo com os compromissos atuais do poder público e os planos estratégicos das empresas do setor.
De acordo com a coordenadora de políticas públicas do OC, Suely Araújo, o estudo demonstra que o Brasil tem condições de se tornar a primeira grande economia do mundo a sequestrar mais gases de efeito estufa do que emite. “Demonstra que podemos alterar rotas equivocadas e contribuir no setor de energia para que o Brasil se torne um país carbono negativo até o ano de 2045”, ressaltou.
O estudo detalha diretrizes importantes para a transição energética do Brasil. Entre as medidas estão o aumento do uso de energias renováveis, como a solar e a eólica, no setor elétrico, associadas a novas tecnologias de armazenamento. Também prevê o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde, além de mais investimentos em biocombustíveis e na eletrificação do transporte público coletivo, priorizando-o em relação ao transporte individual motorizado nas áreas urbanas.
Outra recomendação do relatório é o redirecionamento dos subsídios governamentais, atualmente voltados para os combustíveis fósseis, para financiar a transição energética. Também é sugerido interromper a expansão da exploração de petróleo, revertendo propostas como a abertura de novos poços na Foz do Amazonas.
A transformação da Petrobras é vista como uma ação estratégica. A estatal, segundo o estudo, precisaria passar por uma reestruturação para se tornar uma empresa de energia com foco em fontes de baixo carbono, o que incluiria a redução gradual da produção de petróleo, sem prejudicar o valor da empresa no mercado.
Além dos benefícios ambientais, o estudo aponta que essas diretrizes poderiam contribuir para a superação da pobreza energética no Brasil e corrigir injustiças no acesso à energia, tornando a produção mais eficiente.
O estudo também alerta para a importância de garantir uma transição energética sustentável. Embora o setor de energia responda por apenas 17,8% das emissões brutas de gases de efeito estufa no Brasil, a equipe do OC destaca que a reestruturação do setor é fundamental para que o país alcance a descarbonização de maneira sólida.