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Eterna inconformada com as injustiças

Atualizado em: 29 de junho de 2024 às 9:58
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

Foco

Advogada Fernanda Araujo

Foto: Reprodução

 Fernanda Araújo é uma advogada cearense apaixonada pelo setor portuário, criada em Palmas e atualmente morando em Brasília. Convidada para presidir o Tocantins Export, está entusiasmada com o desafio: “Fui convidada pelo Fabrício Julião quando fui com ele e o Sérgio Aquino em Palmas, fazer o convite para o Norte Export que será lá. Já estou formando o Conselho, vamos contribuir para impulsionar o desenvolvimento sustentável e inovador desse setor que representa mais de 95% do PIB do país”.

O Direito foi uma escolha natural: “Eu sempre fui muito questionadora, inconformada nata, questionando padrões. Desde cedo não achava certo só as mulheres realizarem tarefas domésticas. Como sou filha de nordestino, essas relações de obrigação do lar são muito engessadas e, pior, continuam assim. Minha avó fazia a comida, colocava na mesa e ainda tinha que preparar o prato do meu avô. Eu questionei muito essas coisas”.

A injustiça incomoda em várias instâncias. “As mulheres mesmo com formação, especialização, dedicação, esforço e trabalho sempre estão em prova. Se você tem família é contestada porque está largando filhos e marido pela carreira: se você fez uma escolha por não ter filhos, é inquirida da mesma forma. A mulher tem mais preparo acadêmico que muitos homens e não consegue espaço, porque um dia poderá engravidar”.

Fernanda começou a cursar Direito em Palmas e concluiu em Brasília. Foi para lá prestar concurso público e passou na então Secretaria Especial de Portos. Tomou posse e ficou até 2022, como servidora. Então, o velho espírito inconformista voltou, e pediu a exoneração para trabalhar na iniciativa privada.

Diz que serviço público traz a falsa ilusão que a estabilidade resolve tudo, mas para ela não foi suficiente. “Em certos momentos, você tenta melhorar, fazer algo mais e não consegue. Isso foi me desgastando, cansando, essa ideia de que as coisas são assim e não podem mudar, essa máquina pública engessada, que não consegue fazer nenhum ajuste não tem sentido. Para que continuar remando em um trem que de de mudar não só a estrutura política, mas a do próprio país. Minha proposta é tentar implantar no setor privado as melhorias que eu via no setor público e não conseguia mudar”.

Antes de Brasília nunca teve contato com o setor portuário, mas se sentiu totalmente envolvida. “É complicado, é preciso uma dedicação e atualização diária. O nosso balizamento legal é de 2013 e hoje estamos passando por uma propositura de ajustes a serem feitos. Os entendimentos dos órgãos intervenientes (como Antaq, TCU, Anvisa, Receita Federal, por exemplo), mudam muito. É preciso atenção ao arcabouço legal o tempo todo. Atendemos também muitas empresas do Tocantins para dar esse apoio jurídico”.

A área ambiental também faz parte dos serviços prestados pelo escritório: “São muitos normativas, exigências de cumprimento de medidas indicadas pela ONU e as empresas não podem ficar de fora desse tema. É importante fazer a operação portuária o mais sustentável possível, melhorando o ambiente como um todo. Acredito que podemos integrar tecnologias de ponta para otimizar operações, reduzir impactos ambientais e promover a eficiência em toda a cadeia logística”.

Tocantins é o mais novo Estado da Federação, foi criado na Constituição de 1988 e fica na Região Norte. Na capital Palmas está localizado o ponto geodésico (a referência espacial oficial) na Praça dos Girassóis, que é um espelho da Praça dos Três Poderes, como explica Fernanda: “ O plano diretor de Palmas foi construído nos moldes do de Brasília. Tocantins é um estado que tem sido cada dia mais importante para o agro, face ao Matobipa (região central que inclui Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), e fala-se na inclusão do Pará”.

Algumas empresas do setor tem se deslocado para o Tocantins, em razão da facilidade da Ferrovia Norte Sul, que sai de Goiás, Passa pelo Tocantins e chega até Itaqui, no Maranhão. É um importante corredor logístico e que tem muito para crescer em oportunidades, destaca: “Quanto à sustentabilidade, Tocantins já tem incluída na parte da legislação a possibilidade de crédito de carbono, além de criar novos centros logísticos  e até um Hub Logístico com a possibilidade de manter entrepostos comerciais e melhorar o escoamento da produção”.

O Tocantins Export vai ampliar as possibilidades: “Muita gente ainda não conhece Palmas, mas agora isso vai mudar com o Norte Export e a criação do Tocantins Export. Os empresários e as autoridades poderão conhecer mais sobre nosso Estado, o crescimento da produção e as potencialidades. O PIB no ano passado foi maior do que o do país. Outro destaque é que a rede de frigoríficos é certificada para importar carne para países de religião mulçumana que é específica. Algumas empresas estão criando terminais no Interior do Tocantins para descer com líquidos e fertilizantes, graças à posição estratégica”.

Como conhece bem a região, Fernanda dá algumas dicas de Palmas para quem vai ao Norte Export: “É uma cidade organizada, limpa, muito bonita e agradável. Temos cinco praias de rios que foram criadas com a instalação da Usina Hidrelétrica de Lajeado; temos a 20 km um distrito que se chama Taquaruçu com cerca de 83 cachoeiras catalogadas. Meus restaurantes são o Portal do Sul e o Dom Virgílio, onde se come ótimos peixes”.

Quando o trabalho permite, cozinha com prazer e sua especialidade é o arroz de polvo. Com dois filhos em idades bem diferentes, eles e o marido Joelcy são as prioridades: “O Pedro Henrique está no período de vestibular, que requer muita atenção e o Otávio indo para a pré-escola. São duas maternidades bem diferentes. Na segunda eu nem me lembrava mais de como fazer o desfralde. Gosto de ser presente, conversar, brincar, ver lição e viajar com eles quando posso”.

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