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Experiência internacional traz outro olhar para o mundo

Atualizado em: 7 de setembro de 2024 às 10:12
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor
Tetsu Koike ocupa atualmente o cargo de diretor de Programa de Políticas Setoriais, Planejamento e Inovação do Ministério de Portos e Aeroportos. Para ele, a experiência internacional em pequenas e grandes indústrias, inclusive multinacionais, trouxe conhecimento e um olhar ampliado para o Brasil e o mundo. Foto: Arquivo Pessoal

Tetsu Koike ocupa atualmente o cargo de diretor de Programa de Políticas Setoriais, Planejamento e Inovação do Ministério de Portos e Aeroportos. Para ele, a experiência internacional em pequenas e grandes indústrias, inclusive multinacionais, trouxe conhecimento e um olhar ampliado para o Brasil e o mundo. Foto: Arquivo Pessoal

Tetsu Koike, mora com a esposa e os gêmeos Artur e Samuel, 17 anos, em uma chácara no meio do mato, como ele gosta de dizer, próxima à Brasília. Sem barulhos de carros ou motos, ele acorda com o som de passarinhos e nem pensa em mudar de vida. Pernambucano filho de pai japonês e mãe brasileira, é um apaixonado por Brasília, e ocupa atualmente o cargo de diretor de Programa de Políticas Setoriais, Planejamento e Inovação do Ministério de Portos e Aeroportos.

Para ele, a experiência internacional em pequenas e grandes indústrias, inclusive multinacionais, trouxe conhecimento e um olhar ampliado para o Brasil e o mundo. Ainda com tios e primos no Japão, morou um ano e meio por lá, quando trabalhou na Murata Manufacturing em Fukui e na Isuzu Motors em Fujisawa. Durante o doutorado em Engenharia Industrial na França, trabalhou como engenheiro de Supply chain na Caterpillar, em Grenoble, para realizar sua tese.

“Morar no Exterior além de trazer conhecimento profissional oferece a percepção de realidades, culturas, comportamentos e pontos de vista distintos. Eu acho que meu pai fez um pouco esse percurso ao decidir sair do Japão e morar no Brasil. Passar um tempo fora foi essencial par a minha formação como ser humano e cidadão. Quero que meus filhos repitam também esse processo e curtam essas experiências”, comenta.

A Engenharia Mecânica aconteceu, talvez por influência de um tio, mas diz que hoje, se pudesse, não faria. “A experiência é um farol que ilumina para trás, e há tantas possibilidades, não é? Quando mais tarde saí da Mecânica e fui para a Engenharia Industrial e para a Logística, percebi que era exatamente o que eu sempre quis, mas não nega que os sólidos conhecimentos em fabricação mecânica auxiliaram essa transição”.

No Ministério desde 2013, sua diretoria é voltada ao planejamento estratégico, informação lato sensu, inovação e às políticas dos setores portuário, transporte aquaviário, aeroportuário e transporte aéreo. “São quatro mundos que convivem aos pares, é preciso encontrar a sinergia que, no caso, é a logística. A logística é multifatorial, multisetorial, multidisciplinar. Ela envolve todas as áreas da vida humana, congrega pessoas, mercadorias, abordagens econômicas, realidades de países distintos, culturas e obviamente, os processos e a tecnologias que a caracterizam. E ainda temos o desafio de integrá-la”.

É nesse espaço amplo que Tetsu encontra familiaridade e se sente à vontade. “No ambiente público, mais do que nunca o aspecto das soft skills, de inteligência emocional e a capacidade de diálogo e de articulação fazem muita diferença. A compreensão das diferenças e a construção de soluções inicialmente conflitantes fazem parte do trabalho em equipe e de nosso dia a dia”.

A chamada burocracia que envolve o setor público é encarada de uma forma bem realista por ele: “Melhoramos muito nessas últimas décadas, inclusive nas abordagens governamentais. Uma coisa foi o setor público submetido à ditadura civil-militar até 84; outra coisa é diante de um governo civil e democrático, com uma constituição moderna como é nossa Carta Magna de 87. A primeira impressão “de fora” é a da dificuldade para concretizar os planos e as ações das políticas públicas, mas de certo modo tem que ser assim mesmo. No setor público, só podemos fazer o que a lei permite, não há grandes flexibilizações como na academia ou no setor privado. Se o setor público não fosse ao amparo da Lei e com Estado estruturado e funcional, a sociedade simplesmente não funcionaria, viraria um caos. Agora, claro, pecamos quando há excesso de burocracia, motivo de crítica da sociedade e alerta para melhorarmos”.

Como o diretor é muito ativo e dinâmico, está gostando e já bem adaptado ao ritmo intenso que o Ministro Silvio Costa Filho impôs. “O perfil do ministério muda de acordo com o presidente e o ministro. Gosto da dinâmica do nosso ministro, principalmente porque eu pertenço à categoria de servidores públicos federais que podem trabalhar em qualquer área de infraestrutura, como nos setores de energia elétrica, comunicação, saneamento básico, transportes, petróleo e gás, desenvolvimento regional, recursos hídricos e outros. Tenho ainda a sorte de trabalhar com uma das mais brilhantes servidoras públicas de sua geração na Administração Federal, que é a Secretária Executiva do Ministério, a Mariana Pescatori, amiga de longa data”.

Estamos implementando 27 projetos ou ações ao mesmo tempo, o que exige organização e coordenação. Um desses é o Programa Navegue Simples, para desburocratizar e inovar as outorgas portuárias. Isso tudo é muito bom, os setores estão otimistas, inclusive para os próximos anos. Independente de governo ou abordagem de gestão, como servidores públicos temos a obrigação de fazer o melhor possível e que nos é permitido em nosso trabalho, em prol dos setores de infraestrutura e transportes, como formuladores de políticas públicas”.

O grande desafio é equilibrar as frentes diante da tecnologia e inovação. “Para inovar, não basta encontrar uma coisa nova e interessante e colocar para alguém fazer, você precisa convencer os agentes de que aquilo é importante e que agregará valor no dia a dia, nos processos e nos empreendimentos. Estamos na batalha de participar de vários fóruns e articulações, mas o atraso e a incompreensão ainda são barreiras a superar, principalmente nos portos públicos. Sempre é preciso pensar: como eu trago a novidade para dentro do serviço público e agrego valor para a infraestrutura e para a sociedade? É gerando emprego, renda, preservando o meio ambiente, melhorando as condições sociais, de educação e a logística para as empresas poderem performar o melhor possível”.

Além de falar com tanto entusiasmo do trabalho no Ministério, sabe que está na melhor cidade para ser feliz: “Brasília permite viver em um microcosmo globalizado de diferentes culturas e oportunidades. Você convive o tempo todo com pessoas de vários Estados e países. É o que eu sempre procurei. Acabei encontrando tudo isso em Brasília, em um lugar só, o que é maravilhoso”. E apesar de elogiar os parques e a natureza tão vibrantes, diz que o melhor lugar é mesmo a sua casa, ao lado da família”.

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