Com 24,8 milhões de toneladas produzidas na primeira safra, a segunda tende a subir cerca de 45% se comparada ao ciclo anterior, passando de 60,7 milhões de toneladas para 88 milhões de toneladas
Agronegócio
Exportações de milho vão crescer 77,8% no ano, projeta Conab
Companhia prevê que vendas externas do grão cheguem a 37 milhões de toneladas, devido ao aumento da produção e à alta da demanda internacional
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta um aumento de 77,8% nas exportações brasileiras de milho neste ano, totalizando 37 milhões de toneladas. A alta seria resultado do esperado aumento da produção brasileira do aquecimento da demanda internacional. Para a safra 2021/22, a Conab prevê uma produção total de 115,6 milhões de toneladas do grão, um incremento de 32,7%, em comparação à safra anterior. Os dados constam no 7º Boletim da Safra 2021/2022 divulgado ontem (7) pela companhia.
Conforme o levantamento, a venda externa do milho deve passar de 35 milhões de toneladas para 37 milhões de toneladas. “Acreditamos que o aumento da produção brasileira, alinhada à demanda internacional aquecida, deverá promover essa elevação de 77,8% das exportações do grão na safra 2022, compreendida entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023”, avalia o superintendente de Estudos de Mercado e Gestão da Oferta da Conab, Allan Silveira.
Segundo a Conab, a produção de milho é estimada em 115,6 milhões de toneladas, 32,7% superior ao ciclo anterior. A colheita da primeira safra está adiantada. A segunda, em sua maioria, está na fase de desenvolvimento. E a terceira safra inicia o plantio a partir da próxima semana.
Para a safra 2021/22, a Conab destaca que, apesar do aumento no volume total, houve forte queda de 20,4% na produtividade da região Sul durante a primeira safra, o que causou uma redução de até 15,6% da produção naquela região. “Isso é explicado por um severo déficit hídrico causado pela ausência de chuvas no Sul do País ao fim de 2021 e no início de 2022”, esclareceu a superintendente de Informações da Agropecuária, Candice Santos. “Por outro lado, cabe apontar que a Conab projeta um aumento de 36,3% da produtividade do milho ao longo da segunda safra, dado que permitirá uma produção de 88,5 milhões de toneladas do cereal no segundo ciclo”, ressaltou.
Para a soja, houve redução no volume estimado de exportações, passando de 80,16 milhões de toneladas para 77 milhões de toneladas, motivada por um maior direcionamento para a produção e exportação de óleo, em detrimento do grão.
Nos resultados por cultivo, a soja tem produção prevista em 122,4 milhões de toneladas, uma redução de 11,4% em relação à safra anterior. “As boas precipitações ocorridas em praticamente todo o País ajudaram na recuperação de uma pequena parcela de lavouras semeadas tardiamente na Região Sul e em Mato Grosso do Sul, mas não reverteram o quadro de queda da produtividade, já anunciado em levantamentos anteriores”, revelou o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen. “O Rio Grande do Sul segue como o estado mais atingido pelo déficit hídrico, seguidos por Paraná e Mato Grosso do Sul. Em cenário oposto, a maioria dos outros estados conseguiu produtividades superiores às obtidas na última safra, com destaque para o Piauí, com rendimento positivo de 12,7%. No entanto, a queda na produção do País foi amenizada principalmente pelo aumento de 4,1% da área semeada, alcançando 40,8 milhões de hectares nesta safra”.
Neste levantamento de abril, a Conab manteve a estimativa das exportações de algodão para 2022 em 2,05 milhões de toneladas, de arroz, em 1,3 milhão de toneladas, e de feijão, em 200 mil toneladas. Para o trigo, considerando que o volume exportado entre agosto de 2021 e março de 2022 já supera 2,8 milhões de toneladas, é esperado um aumento no período correspondente ao ano comercial que vai até julho. Diante disso, a estimativa é que sejam exportadas 3 milhões de toneladas. Confirmado esse número, será o recorde da série histórica para o trigo.
Em relação aos estoques finais esperados para as principais commodities brasileiras, a superintendente de Informações da Agropecuária, Candice Santos, confirmou que, no caso do milho, as alterações não foram significativas, sendo o estoque de passagem para a safra 2021/22 previsto em 10,84 milhões de toneladas, aumento de 5,16% em relação ao último levantamento, e de 40,61% em relação à safra 2020/21, em consequência da perspectiva de recuperação da segunda safra. Para a soja em grãos, é esperado que o estoque ao final deste ano seja de 2,5 milhões de toneladas, praticamente em estabilidade em relação ao último levantamento, dado que o maior esmagamento, que saiu de 42,93 milhões de toneladas no mês de março para 46,5 milhões de toneladas nesse levantamento, foi compensado pela redução nas exportações de grãos previstas.
Em relação aos preços médios mensais dos produtos nas principais praças, observou-se, no mês de fevereiro em comparação a janeiro, redução de 0,3% no preço do milho no Paraná. Por outro lado, houve elevação de 2,4 % no feijão-preto no mesmo estado, de 0,3% nos preços do algodão em Mato Grosso, de 8,8% no arroz no Rio Grande do Sul, 7,6% no feijão-cores em São Paulo, 4% no preço do milho em MT, de 10,4% nos preços do trigo no PR e de 3,3% e 3,2% nos preços da soja em MT e no PR, respectivamente.
SAFRA 2021/2022
A sétima estimativa da safra de grãos 2021/22 aponta que a produção dessas commodities no País poderá atingir um total de 269,3 milhões de toneladas, o que representa 5,4% ou 13,8 milhões de toneladas superior à obtida na safra 2020/21. No entanto, em comparação ao primeiro levantamento da companhia para a atual safra, quando a previsão era de 288,6 milhões de toneladas, o volume representa uma redução de 6,7% ou 19,3 milhões de toneladas, devido às condições climáticas adversas observadas nos estados da Região Sul e no centro-sul de Mato Grosso do Sul, com perdas maiores na soja e no milho.
“O resultado até o final desta safra vai depender muito do comportamento climático, fator preponderante para o desenvolvimento das culturas”, afirmou o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro. “Entre os meses de março e abril, aproxima-se a conclusão da semeadura da segunda safra brasileira, na qual se destaca a cultura do milho. As chuvas foram mais regulares em toda a região produtora, inclusive no sul do País, o que permitiu o plantio em boas condições de umidade. O produtor fez sua parte. Agora vamos esperar pelo clima”, disse Ribeiro.
De acordo com o levantamento, a área plantada total no país está estimada em 72,9 milhões de hectares, ou seja, crescimento de 4,4% se comparada à safra 2020/21. Os maiores incrementos de área são observados na soja, com 4,1% ou 1,6 milhão de hectares, e no milho, com 6,5% ou 1,3 milhão de hectares.