De acordo com o levantamento feito pela Agência Internacional de Energia, a participação brasileira nas exportações mundiais saltou de 3,5% para 4,1% em relação ao petróleo bruto. Foto: Agência Brasil
Comércio exterior
Exportações de petróleo bruto brasileiro aumentam 19% em 2023
Produção saiu de 1,35 milhão de barris por dia em 2022 para 1,65 milhão de barris por dia no ano passado
As exportações de petróleo bruto brasileiro aumentaram 19% em 2023, na comparação com 2022, segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE). A produção saiu de 1,35 milhão de barris por dia para 1,65 milhão de barris por dia no ano passado. A China segue sendo o maior parceiro comercial do Brasil neste sentido, respondendo por 44% das exportações do petróleo bruto.
Ainda de acordo com o levantamento, a participação brasileira nas exportações mundiais saltou de 3,5% para 4,1% em relação ao petróleo bruto. Segundo o economista do Conselho Regional de Economia de São Paulo, Sérgio Roberto Rodrigues, o salto é um reflexo de uma mudança na política da empresa para investimentos, visando novos parceiros de negócios e uma mudança na política de pagamento de dividendos dos acionistas.
O aumento é uma boa notícia para a estatal, porém, ainda há muitos desafios a serem enfrentados, segundo o economista, como o refino do óleo, que faz com que o Brasil seja dependente da exportação de combustíveis como o diesel e a gasolina, afetando a economia brasileira.
“A Petrobras tem feito uma retomada nos investimentos focados na exportação. Segundo os relatórios de 2023, relativos ao quarto trimestre, as exportações cresceram 15,8% e as importações caíram 18%, o que significa uma mudança de postura em relação ao portfólio de aplicação dos recursos”, diz Rodrigues.
Ele explica que a China segue sendo o maior parceiro comercial do país, com quase metade das exportações, porém, o governo brasileiro tem demonstrado uma busca maior por mais parceiros internacionais. Prova disto, diz Rodrigues, é a viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está fazendo no continente africano.
A Petrobras informou que fechou o ano de 2023 com 26 novos clientes internacionais para seu portfólio de exportação de petróleo bruto, “o que reforça a visão estratégica da empresa em expandir seus negócios”.
Fontes limpas
Segundo o relatório de 2023 da Petrobras, a empresa está buscando “maximizar seu portfólio, repor reservas de óleo e gás, além de buscar novas fontes de petróleo rumo à descarbonização. “O Brasil é um dos primeiros países a apresentar o biodiesel. Temos também o biogás, que não é rentável ainda, mas são soluções rumo à transição energética, que é fundamental e urgente, pois o mundo está agonizando”, diz o relatório.
Refino
Um dos maiores desafios do país em relação ao petróleo é o refino do óleo. Segundo o economista, o Brasil é muito dependente das importações de diesel e gasolina, o que acaba afetando toda a cadeia de produção, visto que o ramal rodoviário ainda é o mais utilizado. “Nós exportamos petróleo do tipo bruto, mas ainda temos pouco valor agregado”, diz Rodrigues.
As refinarias, diz ele, ainda necessitam de aumento em sua eficiência, bem como os investimentos em plataformas, o que poderia reduzir essa equação entre o que é exportado como petróleo bruto e importado como diesel e gasolina.
Segundo um estudo da Kinea, do grupo Itaú, divulgado pelo jornal Valor Econômico, a produção brasileira de petróleo vai ter um salvo nos próximos anos, chegando aos 5 milhões de barris por dia – atualmente, são 3 milhões por dia.
Entretanto, até 2030, a perspectiva é de que a produção caia por conta das fontes de exploração. Hoje, 80% do que é explorado de petróleo vem das bacias de Santos e de Campos, no litoral da Região Sudeste do país.
“Parte dos lucros que não estão sendo distribuídos como dividendos aos acionistas como acontecia há alguns anos, está sendo revertido justamente para mudar esse cenário. Isso ajudou a empresa a bater recordes na Bolsa de Valores e ganhar valor. É uma boa notícia, mas é preciso pensar em novas fontes de exploração e nos investimentos em energia limpa”, diz o economista.