O diretor-geral da ONS, Luiz Carlos Ciocchi (à direita), deu explicações na Comissão de Minas e Energia da Câmara ao lado do ministro de Minas e Energia, Alexandre SilveiraCrédito: Divulgação/MME
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Falha em equipamento contribuiu para o apagão, diz diretor da ONS
Segundo Luiz Carlos Ciocchi, o problema deu origem a uma série de outros pequenos eventos no último dia 15
Um atraso no tempo de resposta do equipamento em uma usina de energia pode ter causado o apagão do último dia 15, segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi. De acordo com ele, a falha deu origem a uma série de outros pequenos eventos.
“A grande pista que foi discutida com técnicos, engenheiros e professores do setor é que aí está a causa de uma série de outros pequenos eventos que levaram à desconexão”, afirmou Ciocchi.
O equipamento que pode ter sido o responsável pelo apagão é um regulador de tensão, responsável por manter a constância do fornecimento de energia. O aparelho devia ter um tempo de resposta de 15 a 20 milissegundos, mas o tempo foi de 50 a 100 milissegundos.
“Não é que foi falha de informação, é que o equipamento testado, quando em funcionamento, não apresentou o desempenho exigido”, disse o diretor-geral da ONS. A explicação foi dada na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, dia 29, ao lado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
As ocorrências sobre o apagão foram registradas às 08h31 do último dia quinze e atingiu 25 estados mais o Distrito Federal. A pane durou dez minutos. Na ocasião, o ministro Alexandre Silveira, disse que o ocorrido não tinha nada a ver com a segurança energética do Brasil.
Na Comissão de Minas e Energia desta terça-feira, dia 29, o ministro afirmou que o que aconteceu no dia 16 foi um “evento” e não um “apagão”. O ministro também afirmou que, se for preciso, irá acionar a bandeira tarifária vermelha, que aumenta o valor das contas de energia, para evitar que o país sofra com risco de apagões em caso de escassez hídrica.
“Nós não deixaremos que o Brasil chegue ao ponto que chegou há dois anos. Não é porque estamos em um bom momento hidrológico, é porque se precisar acionar a bandeira vermelha, com antecedência, o ministro de Estado vai fazer. O que não vai deixar é faltar luz na casa das pessoas, e nem contratar térmicas por 40 bilhões de reais para o consumidor pagar, por falta de planejamento”, disse Silveira.
No entanto, as investigações sobre as causas do apagão continuam acontecendo através da ONS. No dia 15 o ministro Alexandre Silveira acionou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) para apurar se houve intervenção humana no fato.
Combustível do futuro
Na Comissão, o ministro afirmou que deve enviar ao Congresso Nacional nos próximos dias um Projeto de Lei (PL) que deve aumentar a mistura de etanol na gasolina de 27,5% para 30%.
“Estaremos enviando nos próximos dias o projeto do Combustível do Futuro. Se não me engano, estamos aguardando apenas as assinaturas dos ministros Fernando Haddad e Geraldo Alckmin. É um projeto de lei para descarbonizar a nossa matriz de transporte”, disse Silveira.
O projeto pretende regulamentar a integração das políticas de descarbonização do país, para a redução das emissões de carbono feitas pelos meios de transporte. Além do etanol, o PL deve tratar do biodiesel e estimular a produção de bioquerosene de aviação, o que pode reduzir custos ao setor aéreo.