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Para Valter Luís de Souza, um equilíbrio entre os modais é urgente, já que a malha é absorvida em sua maioria pelas rodovias, que correspondem a 65% do transporte de cargas (Foto: Fernanda Luz/Brasil Export)

Santos Export

Ferrovias perderam 5% de participação na malha brasileira nos últimos 10 anos

Atualizado em: 1 de maio de 2024 às 1:40
Júnior Batista Enviar e-mail para o Autor

Investimentos em infraestrutura são urgentes e sistema está estrangulado, defende diretor da CNT durante Santos Export

As ferrovias perderam 5% de sua infraestrutura – especificamente, sua malha – no Brasil nos últimos 10 anos, segundo o diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional do Transporte, Valter Luís de Souza. Ele trouxe à tona a necessidade de investimentos ferroviários durante sua participação no Santos Export, fórum regional de logística, infraestrutura e transportes do Grupo Brasil Export, que ocorreu nos últimos dias 22 e 23 de abril, em Santos, no litoral paulista.

“O Brasil aumentou sua malha rodoviária em 1,5% nos últimos 10 anos, porém a malha ferroviária perdeu 5%. O transporte terrestre está estrangulado e os investimentos em infraestrutura são cada vez mais necessários”, disse.

De acordo com Souza, a infraestrutura brasileira segue em déficit e necessita de um projeto de longo prazo junto ao congresso nacional para ser recuperada. “Das 30 mil estradas ferroviárias que havia no país há 10 anos, hoje temos apenas 15 mil. Ou seja, perdemos metade dela na última década”, argumentou.

Os investimentos em infraestrutura tiveram uma queda, ainda segundo números trazidos pelo diretor da CNT, de R$ 42,9 bilhões em 2012 para R$ 18 bilhões no ano passado.

Em janeiro deste ano, em uma agenda com a imprensa, o Ministério dos Transportes prometeu que o transporte ferroviário seria uma das prioridades do Governo.

Com o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os projetos ferroviários foram elencados como prioridade pelo Governo Federal, segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, e contam com um investimento previsto de R$94,2 bilhões até 2026.

A medida é uma forma de fomentar a ampliação do modal no País. “A tarefa não é simples, uma vez que o Brasil tem dimensões continentais, mas é extremamente necessária. Por isso, estamos discutindo novos modelos e pretendemos mais que quadruplicar os recursos aplicados em ferrovias no Brasil nos próximos anos”, defendeu Renan à época.

“O modal ferroviário voltou a ter protagonismo com o reforço no aporte dos recursos públicos e com a elaboração de políticas públicas voltadas a atrair investimentos privados com segurança jurídica,” destacou o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, que também estava presente na reunião.

De acordo com a pasta, o que estava parado foi retomado, como é o caso da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), primeira obra anunciada a compor o Novo PAC. Com um investimento de R$ 1,5 bilhão em 127 quilômetros de extensão do trecho 1F do lote 1, as obras têm como foco o escoamento de minério do sul da Bahia e de grãos do oeste baiano.

O lote 2, no trecho compreendido entre Barreiras (BA) e Caetité (BA), com 485 quilômetros de extensão, está com 65% das obras previstas concluídas.

O Novo PAC terá cerca de 300 projetos de infraestrutura de transportes de todos os modais, segundo o Ministério dos Transportes. No total, estão previstos no programa R$ 280 bilhões para o setor, sendo R$ 79 bilhões em recursos do Orçamento Geral da União e R$ 201 bilhões em investimentos privados.

Durante o Santos Export, o deputado federal Edinho Bez (MDB-SC), que também é da Frente Parlamentar Mista, afirmou que o Governo vai investir em bons projetos. “Acredito que a união dos entes da sociedade e das empresas vão afetar diretamente os projetos de infraestrutura a longo prazo”, contou.

Outros modais

Valter Luís de Souza afirmou durante o painel do Santos Export que um equilíbrio entre os modais é cada vez mais urgente. A malha, diz ele, é absorvida em sua maioria pelo ramal rodoviário, que corresponde a 65% do transporte de cargas.

O ministro Renan Filho disse, ainda durante essa reunião, que o governo pretende atingir um índice de condição da malha rodoviária de 80% até o final de 2024. Atualmente o índice está em 67%.

“Demos um salto de 15 pontos percentuais em um ambiente que vinha tendo queda de 2016 a 2022. Essa é a demonstração de que o investimento que fizemos foi bastante relevante, e nossa meta é avançar ainda mais, em 80% da malha boa, atingindo o melhor nível de toda a série histórica”, comentou ele na época.

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