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Final de ano: como buscar harmonia
Mariane Gama de Oliveira, mestre em Psicologia. Foto: Arquivo PessoalNem sempre paz e amor estão presentes nesta época do ano. Para algumas pessoas é complicado lidar com a solidão, com os parentes difíceis, com a saudade de quem já partiu. Mariane Gama de Oliveira, mestre em Psicologia, especialista em terapia cognitivo comportamental e neuropsicologia e Doutoranda em Psicologia na PUC de Campinas, entende do assunto. Muitas questões afloram nesse tempo e o mais indicado é tentar lidar de forma emocional e social acolhedora. Confira a entrevista e as reflexões que surgiram:
Quais as maiores questões que aparecem nesta época?
As festas de fim de ano podem despertar emoções intensas. Algumas das questões mais comuns incluem solidão, luto por entes queridos, frustrações financeiras, expectativas irreais e conflitos familiares. É um momento de reflexão, que pode evidenciar lacunas ou desafios que as pessoas enfrentaram ao longo do ano.
Por que as festas familiares costumam causar problemas?
O convívio familiar intensificado pode reativar mágoas antigas, desentendimentos ou diferenças de valores. Além disso, a pressão para atender às expectativas sociais e familiares pode gerar estresse.
Por que as mágoas surgem com mais facilidade?
Sim, porque é um período que remete à convivência e às memórias, o que pode ressaltar feridas emocionais não resolvidas. As pessoas também estão mais sensíveis devido ao balanço emocional do fim de ano.
E para lidar com a solidão?
Reconhecer os próprios sentimentos é o primeiro passo. Procurar se conectar com amigos, vizinhos ou grupos sociais pode aliviar a sensação de isolamento. Participar de atividades solidárias, como voluntariado, também ajuda a criar sentido e a formar vínculos.
Casais separados, filhos: como lidar com jogo de cintura e aliviar problemas?
É importante priorizar o bem-estar das crianças, buscando flexibilidade e comunicação entre os pais. Planejar horários e combinar expectativas ajuda a evitar conflitos. Assegurar aos filhos que eles são amados por ambos é essencial para proporcionar segurança emocional.
Antigamente as famílias se juntavam, hoje nem sempre é assim depois que morrem os avós. Os filhos preferem viajar. Essa alteração da dinâmica é ruim?
Não necessariamente. Mudanças na dinâmica familiar refletem novos estilos de vida e prioridades. O importante é preservar o afeto e encontrar maneiras de manter o vínculo, mesmo que seja em formatos diferentes.
A fé influi nas atitudes das pessoas?
Sim, para muitas a fé traz conforto, esperança e gratidão. Ela pode servir como um guia para lidar com desafios e cultivar atitudes positivas em relação ao próximo.
As novas festas de final de ano são mais simples, com menos pratos, ceia pronta. O ritual que era o tradicional faz falta?
Depende da perspectiva de cada família. Algumas pessoas podem sentir falta dos rituais tradicionais, que simbolizavam união e esforço coletivo. Por outro lado, simplificar pode trazer alívio e permitir que o foco esteja mais no afeto do que na formalidade.
Balanço de ano novo é bom ou não?
Pode ser útil se feito de maneira saudável, focando no aprendizado e em metas realistas. No entanto, é importante evitar a autocrítica excessiva ou o peso de expectativas inalcançáveis.
Há sugestões de atividades que poderiam fazer a diferença?
Preparar a ceia em conjunto pode fortalecer vínculos e aliviar o peso de responsabilidades individuais; trocar cartas ou mensagens com palavras de gratidão e reconciliação pode promover conexões mais profundas; fazer uma retrospectiva do ano em grupo, compartilhando conquistas e aprendizados, ajuda a criar um clima de apoio e união; criar momentos de descontração, como brincadeiras ou jogos, pode ajudar a diminuir tensões e tornar a celebração mais leve, como por exemplo amigo secreto divertido.