Documento é a mais recente publicação da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e busca alinhar os interesses da conservação ambiental e da produção rural no Brasil (Foto: Divulgação)
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Fomento à agricultura familiar pode reduzir emissão de carbono, diz estudo
Produção corresponde a 70% dos alimentos que chegam às casas brasileiras, afirma pesquisadora
O fomento à agricultura familiar é um dos caminhos para conciliar a produção agrícola com baixas emissões de carbono e com a manutenção da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. A afirmação consta no Sumário para Tomadores de Decisão do Relatório Temático sobre Agricultura, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos.
O documento é a mais recente publicação da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e busca alinhar os interesses da conservação ambiental e da produção rural no Brasil, mostrando como o agronegócio – incluindo agricultura, pecuária e silvicultura – se beneficia e depende da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos.
O documento mostra que o potencial produtivo do país não se restringe às grandes propriedades rurais, pois a agricultura familiar e a praticada por povos tradicionais é uma peça-chave no contexto agrícola nacional. “Ela responde por aproximadamente 70% dos alimentos que chegam à nossa mesa e contribui para a segurança alimentar da população”, explica a coordenadora do relatório e pesquisadora da Embrapa Solos (RJ), Rachel Brady Prado.
Segundo ela, esse setor, que congrega pequenos produtores rurais, povos e comunidades tradicionais (PCTs), assentados da reforma agrária, silvicultores, aquicultores, extrativistas e pescadores, possui uma relação mais estreita com os recursos naturais pelo menor uso de insumos e pela diversidade de cultivos e maior aproveitamento de resíduos, e emprega dois terços da mão de obra rural brasileira.
Em 2017, seu valor de produção foi de R$ 106,5 bilhões, enquanto a cifra da agricultura comercial convencional atingiu R$ 355,9 bilhões. Se equiparada a um país, a agricultura familiar brasileira seria a oitava maior produtora de alimentos do planeta, conforme o Anuário Estatístico da Agricultura Familiar 2023.
O fomento a essa modalidade é um dos caminhos mais sustentáveis da produção agrícola, no entanto, o setor ainda enfrenta dificuldades para conseguir crédito rural e assistência técnica qualificada.
“É necessário ampliar o acesso às linhas de crédito diferenciadas e voltadas à agricultura de baixo impacto ambiental. Também há que se reverter o cenário atual onde, por exemplo, 84% de todo o valor contratado via Pronaf (crédito rural dirigido à agricultura familiar) foram aplicados na produção pecuária, geralmente praticada de forma extensiva e com baixa rentabilidade”, conclui.