O Seminário Internacional de Café de Santos reuniu em torno de 550 pessoas, entre gestores de mercado e autoridades, sendo 20% estrangeiros, de 21 países
Região Sudeste
Gargalos logísticos e guerra desafiam exportadores de café
Os desafios logísticos resultantes do lockdown na China foram debatidos no XXIII Seminário Internacional de Café de Santos
O ano tem sido desafiador aos exportadores de café. Os gargalos logísticos provocados pelo lockdown na China, com baixa oferta de contêineres e congestionamento marítimo, e a guerra na Ucrânia, que elevou custos e a inflação global, estão impactando o comércio internacional do produto.
Os desafios logísticos foram discutidos durante o XXIII Seminário Internacional de Café de Santos: A exportação do café do Brasil preparada para economia mundial, realizado nos últimos dias 11 e 12. O evento foi promovido pela Associação Comercial de Santos (ACS), no Sofitel Guarujá Jequitimar, em Guarujá (SP).
Segundo o relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), as exportações de café caíram 10,6%, mas a receita subiu 56,3% de janeiro a abril deste ano, em comparação a igual período do ano passado. O Brasil exportou 13,5 milhões de sacas de café (15,1 milhões em 2021), gerando uma receita de US$ 3,138 bilhões (US$ 2,008 bilhões em 2021).
Um dos convidados do encontro, o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda, comentou sobre os dados do relatório que foi publicado na última quarta-feira (11), no site do conselho. Ele explicou que a alta nas cotações internacionais e internas do café e dólar valorizado frente ao real no mercado cambial, elevaram a receita dos embarques de café. Já a queda nas exportações resulta de uma “conjunção de fatores” como a aproximação do fim da temporada cafeeira 2021/22, o rearranjo nos blends das indústrias brasileiras, os gargalos logísticos causados pelo lockdown na China e a guerra na Ucrânia.
“O porto de Xangai, o maior do mundo, teve suas operações limitadas devido ao decreto de lockdown imposto na cidade, gerando, como consequências, uma tensão em todas as cadeias de suprimento, fluxo lento de importações, congestionamento marítimo na China e aumento da inflação em todo o mundo”, afirmou.
Segundo Rueda, o problema no porto chinês reduziu a oferta de contêineres e navios, o que gerou um congestionamento marítimo, antes na costa oeste americana e, agora, também na China, mantendo o preço dos fretes em níveis historicamente altos.
“Esse cenário onera sobremaneira os exportadores como um todo, que precisam se desdobrar para consolidar seus embarques em razão da menor oferta de contentores e de espaço nas embarcações. No caso do café, isso se observa na redução de nossas exportações para importantes parceiros, como Estados Unidos, Ásia e países árabes, além do já explicado (guerra) declínio para o Leste Europeu”, concluiu.
Apesar do caos logístico, o setor tem boas perspectivas para o segundo semestre, conforme comentado durante o Seminário. “As exportações de café têm oscilado e houve redução, sim. A tendência é continuar assim pelo menos até o final deste semestre. Mas, conforme comentou o Elber Justo, diretor-presidente da MSC, esse panorama deve melhorar um pouco no segundo semestre”, afirmou o presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), Mauro Sammarco. Justo discorreu sobre os gargalos logísticos e os impactos nos embarques de café no painel sobre o tema “Cenário Mundial”.
Sammarco disse que alguns produtores adotaram medidas alternativas para embarcar o produto: “Alguns produtores estão buscando alternativas, embarcando o produto em navios graneleiros, em break bulk, mas, até pela característica do comércio do café, isso é um paliativo. Têm saído alguns embarques, mas não dá para tomar isso como solução. Alguns embarques ocorreram em Santos e, também, no Espírito Santo”, disse Sammarco.
O anfitrião fez um balanço positivo do evento. “O Brasil é líder em produção e exportação de café para o mundo e nós conseguimos reunir em torno de 550 pessoas, entre gestores de mercado e autoridades, sendo 20% estrangeiros, de 21 países. O volume de negócios também foi excelente. Então, o evento foi perfeito!”, concluiu Sammarco.