Lançamento do Asas para Todos: a Anac vai disponibilizar projetos distribuídos em três eixos: Inclusão e Diversidade; Mulheres na Aviação; e Formação e Capacitação (Foto: Divulgação/Anac)
Nacional
Governo lança programa para incentivar inclusão e diversidade
Objetivo do Asas para Todos é que essas iniciativas sejam aplicadas na capacitação e formação aeronáutica
A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) lançou na quarta-feira, dia 3, o programa Asas para Todos. Por meio de um acordo de cooperação técnica com cinco ministérios, a agência vai disponibilizar mais de 15 projetos distribuídos em três eixos. O objetivo é fomentar a diversidade e a inclusão na capacitação e formação aeronáutica.
Já foram investidos R$ 7 milhões de reais em 2023 e serão aportados R$ 9 milhões em 2024 para os projetos divididos nos subprogramas Inclusão e Diversidade; Mulheres na Aviação; e Formação e Capacitação. A expectativa da agência é impactar mais de 100 milhões de passageiros e 70 mil profissionais do setor.
Segundo o diretor-presidente da Anac, Thiago Pereira, a formação no setor aéreo é um fator que exclui uma grande parte da população devido à desigualdade de renda e aos altos custos dos cursos de capacitação.
Dados apresentados pela agência mostram que 80% dos brasileiros têm um rendimento domiciliar médio mensal per capita inferior a R$ 1.800, enquanto um curso de formação de pilotos privados custa R$ 45 mil e de pilotos comerciais R$120 mil.
Na equidade de gênero dos profissionais, apenas 3,2% dos pilotos são do sexo feminino, 2,4% dos mecânicos, 18,9% dos despachantes de voo e 10,6% são engenheiras. “Mais da metade da população é composta por mulheres; além de ser uma injustiça, é ineficiente prescindir de metade da nossa mão de obra possível nesse setor, que é tão carente de capacitação”, disse Thiago Pereira.
No pacto governamental, se uniram para apoiar a iniciativa por meio do acordo de cooperação técnica os ministérios de Portos e Aeroportos, do Turismo, das Mulheres, da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos e da Cidadania.
Também formalizaram um protocolo de intenções em prol da inclusão e diversidade: a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a Aeroportos do Brasil (ABR), a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, a Infraero Aeroportos, a Airbus, a Associação Internacional de Mulheres na Aviação (IAWA, na sigla em inglês) e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur).
Com a palavra
O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, destacou que a instituição promove o Brasil como um lugar diverso, mas há uma contradição quando essa diversidade não é refletida nos meios pelos quais as pessoas exploram o país.
“Não é natural que a aviação seja um lugar hegemonicamente de homens brancos. Isso é social, isso é histórico e precisa ser enfrentado. Enfrentado por meio de políticas públicas e com a gente reconhecendo o problema que existe”, afirmou Freixo.
A porta-voz do Ministério das Mulheres, a secretária-executiva Maria Helena Guarezi, citou a iniciativa como uma maneira de combater a estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas) de que a humanidade precisaria de 300 anos para alcançar a igualdade entre os gêneros no mundo do trabalho.
“Ações como essa são ações que mostram que é possível efetivamente melhorar esse tempo, que é possível construir em menos tempo uma igualdade verdadeira entre homens e mulheres, respeitando toda a diversidade”, declarou.
A ministra da Igualdade Racial, Aniele Franco, afirmou que desde o início de sua gestão o órgão vem buscando parcerias com outros atores para tornar os ambientes de trabalho mais diversos. “Existe uma parcela da população em que infelizmente tem muitos direitos negados, que é desumanizada. A gente precisa cada vez mais trazer para a sociedade iniciativas e pensamentos para que a gente possa fazer as pessoas entenderem que existem pessoas diferentes”.
A secretária executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes, enfatizou o programa como um movimento que vai tornar o Brasil referência internacional na inclusão das pessoas.
O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, afirmou que não se pode afastar os direitos humanos da economia. “Este é um país que maltratou muito as pessoas negras, as mulheres, os povos indígenas, as pessoas com deficiência, LGTQIA+. Construir um projeto de nação significa fazer um projeto em que essas pessoas não sejam apenas acolhidas, mas participem de um país que permita que todos nós possamos ser a melhor versão do que conseguimos”.
Por fim, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, encerrou o evento convidando outros agentes do setor aeroportuário a se envolverem no programa. Ele afirmou que é fundamental que as concessionárias possam participar dessa construção, tendo em vista que 95% da aviação brasileira, incluindo os principais aeroportos, são geridos por concessionárias.
“Essa é a primeira vez nesses últimos 30 anos que a gente está tendo um projeto como esse integrado de maneira transversal, envolvendo todos os ministérios que dialogam com as áreas da aviação brasileira, para que a gente possa levar cidadania aos aeroportos brasileiros”, disse.
Também participou da cerimônia o senador Carlos Viana (Podemos-MG).