Fabrizio Pierdomenico participou do painel que discutiu perspectivas para o setor portuário e hidroviário, apresentado no VI Congresso Brasileiro de Direito Marítimo e PortuárioCrédito: Divulgação/Luis Gustavo Rodrigues Peres
Região Sudeste
Governo projeta 50 arrendamentos portuários até 2026, diz Pierdomenico
Secretário de Portos fez um balanço dos quase oito meses de gestão durante participação de congresso em Santos
O secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Fabrizio Pierdomenico, fez um balanço de seus quase 8 meses de gestão à frente da pasta e destacou a meta de realizar ao menos 50 arrendamentos portuários até 2026, além de tirar do papel projetos que envolvem a concessão de hidrovias e dos canais de acesso de complexos, como os portos de Paranaguá (PR) e de Itajaí (SC).
O secretário abordou as questões durante sua participação no painel que discutiu perspectivas para o setor portuário e hidroviário, apresentado no VI Congresso Brasileiro de Direito Marítimo e Portuário, promovido pela Associação Brasileira de Direito Marítimo e Portuário (ABDM) e pela Universidade Santa Cecília, em Santos (SP), nesta sexta-feira (18).
Em relação aos leilões, Pierdomenico disse que há uma carteira de arrendamentos que podem ser feitos até dezembro de 2026 e que o desafio é conseguir realizar “pelo menos” de 50 a 55 novas concessões até lá. “É bom para o país porque cada arrendamento traz investimento privado, que é o que a gente precisa. Gera emprego, gera renda e aumenta a capacidade portuária”, pontuou.
Ressaltou também que um dos maiores desafios da gestão é o decreto que regulamenta a BR do Mar, sancionada pelo governo passado. Ele disse que ouviu muitas críticas do setor sobre a lei e garantiu que não irá mudá-la, mas minimizar o “máximo possível” a desaprovação de alguns pontos. Mesmo assim, espera “reclamações” após a publicação do documento, que deve ocorrer em breve. “O decreto não pode propor regras que a lei não prevê”, ressaltou.
Sobre as hidrovias, afirmou que o Brasil não explora como deveria este modal, mas que há um potencial “enorme”, que precisa de investimentos, principalmente em manutenção para garantir a perenidade da navegação fluvial, que comumente sofre com o assoreamento.
Para agilizar o desenvolvimento do sistema hidroviário, a ideia é conceder as hidrovias à iniciativa privada e citou algumas que foram selecionadas pela pasta para entrar no pacote de concessões. São elas: Hidrovia da Barra Norte (AM); Hidrovia Lagoa Mirim (Brasil/Uruguai); Hidrovia do Madeira (AM); Hidrovia Paraguai-Paraná; Hidrovia do Tocantins – Araguaia.
Segundo ele, a carteira está sendo fechada e a Infra SA trabalha na modelagem dessas concessões junto à agência reguladora (Antaq). “É preciso cautela nessa modelagem porque a partir do momento que a gente faz a concessão vem a contrapartida, que é a tarifa”, explicando que atualmente não se cobra nenhuma taxa.
Pierdomenico também destacou os projetos que preveem a concessão dos canais de acesso aos portos, sendo os mais adiantados os estudos para o Porto de Paranaguá e Itajaí. Em sua visão, a modelagem está “extremamente robusta”, já foi encaminhada à Antaq e deve ir para audiência pública ainda neste ano.
No caso específico de Itajaí, quem ganhar a concessão do canal ficará responsável também pela gestão de um terminal de contêineres, como estabelecia os estudos que previam a desestatização do complexo, proposta pelo governo anterior e aproveitada na modelagem atual.
Também há estudos para a concessão do canal do Porto de Rio Grande (RS) e do conjunto dos três portos públicos da Bahia (Ilhéus, Salvador e Aratu), com previsão de audiência pública no primeiro semestre do ano que vem.
“Ao definir qual é o padrão e a modelagem de Paranaguá e Itajaí, não preciso mais pensar em qual modelo. Preciso só trazer o projeto e aplicar nesse modelo. Daqui pra frente, a gente espera que isso vire linha de produção”, explicou o secretário de Portos.
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), também foi lembrado por Pierdomenico como a grande perspectiva para o setor de infraestrutura nos próximos anos. Ele destacou os investimentos previstos ao segmento, sendo R$ 60 bilhões vindos da iniciativa privada e R$ 5 bi em recursos públicos. Só para Santos, são R$ 14 bi (privado) e R$ 1,2 bi do governo. “Dentro desses R$ 14 bilhões estão os R$ 5,8 para a obra do túnel”, pontuou.
Para os TUPs (Terminal de Uso Privado), a previsão é de R$ 55 milhões em investimentos e para as hidrovias, R$ 2,8 bi até 2026 e mais R$ 1,3 bi até 2030. “São números grandes que mostram a intenção do governo nesse desenvolvimento (da infraestrutura)”, disse.
Lagoa Mirim
Entre as hidrovias, Pierdomenico destacou a Lagoa Mirim, que liga o Brasil ao Uruguai e deve sair do papel por meio de obra pública, com concessão posterior. “Por meio de uma obra pública de dragagem, nós vamos unificar o comércio exterior do Uruguai com o Brasil.
Toda a produção do norte do Uruguai, que hoje não tem como ser escoada de forma eficiente, poderá sair pelo Porto de Rio Grande. Isso é Mercosul, união de países que são vizinhos, é inteligência”, declarou.
Por fim, Fabrizio disse que quer deixar como legado um “planejamento de longo prazo” que norteie os portos e as hidrovias e, principalmente, para que as Autoridades Portuárias possam visualizar quais projetos precisam desenvolver para atender às demandas que se avizinham.