O secretário de Aviação Civil, Juliano Noman, participou de um painel de debates ao lado do governador do Rio, Cláudio Castro, e do prefeito Eduardo PaesCrédito: Reprodução
Região Sudeste
Governo quer protagonismo da Infraero na aviação regional
Durante debate no Rio de Janeiro, o secretário de Aviação Civil disse que a União está reavaliando o papel da empresa
O Governo Federal pretende usar o dinheiro obtido na 7ª rodada de Concessão de Aeroportos para financiar operações e construções de terminais em regiões menos abastecidas de malha aeroviária. Segundo o secretário de Aviação Civil, Juliano Noman, a União está reavaliando o papel da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) para que a estatal tenha protagonismo na aviação regional.
Ontem (24), Noman participou do evento Reage, Rio! para debater a situação do Aeroporto Internacional do Galeão com o intuito de apontar desafios e oportunidades para o local, que vem sofrendo com a diminuição gradual de passageiros.
“O Governo Federal está analisando o papel da Infraero. Você precisa ter uma forma de prover aviação nessas localidades e simplesmente transferir para uma prefeitura não seria razoável. O que o Governo Federal está fazendo é organizar a Infraero para que ela tenha papel importante na aviação regional e para que com dinheiro de concessão consiga financiar operação e construção em regiões menos abastecidas”, explicou Noman, que esteve no debate representando o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.
De acordo com o secretário, com a concessão de 15 aeroportos, a Infraero ficará apenas com o Aeroporto Santos Dumont para administrar. Por isso, Juliano Noman planeja um plano de demissão voluntária com o dinheiro dos leilões para reduzir o número de 2 mil funcionários para cerca de 500.
A administração do Aeroporto Santos Dumont é discutida entre a União, a Prefeitura e o Governo do Rio de Janeiro. As autoridades defendem que a capacidade do Santos Dumont seja reduzida para incentivar o funcionamento do Galeão, que não recuperou o número de voos antes do período da pandemia de Covid-19.
O Galeão chegou a embarcar 17 milhões de passageiros em 2014, mas terminou 2022 com 5,9 milhões de usuários. Já no Santos Dumont, o número no ano passado superou 10 milhões, acima dos 9,2 milhões registrados em 2013.
O Governo tem a expectativa de alcançar 8 milhões de passageiros até o final de 2023, o que seria um aumento de 40% frente aos números de 2022. Para o Santos Dumont, a expectativa é de aumentar em 10% a movimentação neste ano.
Especialistas apontam que a crise no Galeão reduz a conectividade no Rio de Janeiro. O desequilíbrio da distribuição de voos entre os dois aeroportos limita a capacidade do terminal internacional de atrair novas linhas aéreas e consolidar a sua vocação de hub aéreo do Brasil, com impacto no turismo e negócios do estado.
O governador Cláudio Castro e o prefeito Eduardo Paes cogitam impor limites ao funcionamento do Santos Dumont se não houver ação do Governo em favor do Galeão.
Hoje (25), Castro e Paes estarão em Brasília para uma reunião com Márcio França sobre o assunto. A expectativa é de que as autoridades entrem em acordo sobre os dois aeroportos da cidade do Río de Janeiro.