Voltado à movimentação de granéis líquidos, terminal da Odfjell-Granel Química em Santos é a unidade mais nova do grupo na América do Sul (crédito Divulgação/Grupo Odfjell)
Porto de Santos
Grupo Odfjell lança primeiro terminal carbon free da América do Sul
Projeto foi implantado em terminal da companhia no Porto de Santos (SP). Plantio de mudas na cidade marcou iniciativa
O setor portuário brasileiro ganhou um novo marco em sua jornada de sustentabilidade. O Grupo Odfjell, um dos principais players no mercado global de transporte e armazenagem de granéis líquidos, especialmente químicos, passou a contar nessa segunda-feira, dia 19, com seu primeiro terminal portuário na América do Sul com zero emissões de carbono. A instalação selecionada para esse feito é a unidade da empresa localizada na região da Alemoa, no Porto de Santos (SP), atualmente a mais nova do grupo no subcontinente.
A obtenção desse título envolveu a plantação simbólica de 13 mudas de árvores das espécies paineira-rosa e angico-vermelho em Santos, o que ocorreu na manhã desta segunda-feira, dia 19, no jardim do Parque Roberto Mário Santini, na Praia do José Menino, em uma ação em conjunto com a Prefeitura.
O projeto, desenvolvido no Brasil pela Odfjell Terminals-Granel Química (empresa do grupo que cuida dos terminais portuários no País), prevê que suas instalações eliminem totalmente as emissões de gases do efeito estufa (GEE) – o dióxido de carbono (CO2) é o principal deles, daí a expressão “zerar as emissões de carbono”. E isso está sendo obtido a partir de três frentes de trabalho: a elaboração de um inventário sobre as fontes de emissão dos GEE em cada unidade, a redução direta dessas emissões, atuando nas próprias atividades, e a compensação do volume de gases efetivamente emitido. No Brasil, essa terceira ação será realizada a partir de um programa de restauração florestal, plantando mudas de árvores nativas da Mata Atlântica e do cerrado que farão o sequestro do CO2 liberado pelas unidades, explicou o gerente de Safety, Health, Environmental and Quality (em tradução do inglês, Segurança, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade) da Odfjell Terminals – Granel Química, Fábio Mattos.
O inventário de gases do efeito estufa identifica, mapeia e quantifica as fontes de emissão atmosférica desses poluentes nas unidades. Nesse levantamento no terminal de Santos, foram analisados os processos industriais que ocorrem na instalação, especialmente as tecnologias já adotadas e que reduzem a liberação de GEE, como o combustor para eliminação de gases voláteis inerentes às operações do terminal, a utilização de tanques construídos conforme norma API 620, que minimizam a emissão de gases, e a estação de tratamento de efluentes e reuso de águas. Também foram relacionadas ações sustentáveis, como a compra pela empresa de energia de fontes renováveis.
Segundo Fábio Mattos, a cada ano, o inventário será repetido, analisando o exercício anterior. E o volume de poluentes apontado será compensado. Em 2021, de acordo com o inventário, o terminal da Odfjell Terminals-Granel Química na Alemoa, em Santos, emitiu 167,36 toneladas de CO2 equivalente (que reúne a quantidade de CO2 e do equivalente em CO2 de outros gases). Será este total que será “pago” com as ações de compensação neste ano.
A restauração florestal planejada será feita pela organização não-governamental (ONG) Projeto Plantar, que já realizou o plantio de mais de 32 mil árvores, neutralizando mais de 11 mil toneladas de CO2 equivalente. Com seu trabalho constantemente auditado, a entidade tem cada exemplar plantado rastreado via QR Code e Google Earth. Segundo a ONG, uma tonelada de CO2 equivalente é compensado com seis árvores nativas da Mata Atlântica ou cinco do cerrado durante um período de até 20 anos.
Diante do volume calculado de emissões ocorridas no ano passado, a instalação portuária irá promover a plantação de cerca de mil mudas. Além das 13 colocadas na Praia do José Menino, em Santos, na manhã dessa segunda-feira, haverá 190 colocadas em outra área da cidade (no Morro da Caneleira, em terreno atualmente de recuperação ambiental e que, antes, abrigava moradias em áreas de risco). E mais 800 serão destinadas à Serra da Canastra, em Minas Gerais. Esse plantio está previsto para ocorrer de novembro a março.
De acordo com Mattos, simultaneamente ao processo de restauração florestal, o terminal continuará buscando formas de reduzir o volume de poluentes emitidos anualmente. A ideia é que, a cada ano, o volume a ser compensado seja reduzido.
A ação em Santos foi acompanhada pelo secretário municipal de Meio Ambiente, Marcos Libório, que destacou a importância do ato da companhia e lembrou que a Cidade estimula ações como esta. “A descarbonização é uma medida necessária e faz parte do nosso plano de ação climática na Cidade. Queremos somar esforços, pois sabemos que o setor industrial gera empregos e recursos, mas também possui um grande potencial ambiental. Uma ação que, além de promover o reflorestamento, segura as encostas, aumenta a fauna e o ecossistema”, disse.
Sustentabilidade
A iniciativa integra o próprio projeto de sustentabilidade da Odfjell Terminals-Granel Química, voltado principalmente para o combate às alterações climáticas, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e maior meta do Acordo de Paris, de 2015, que prevê manter o aquecimento global inferior a 2ºC, limitando-o a 1,5ºC.
“A Odfjell Terminals-Granel Química assumiu o compromisso de crescer de forma sustentável, reduzindo o impacto de suas atividades no meio ambiente, o que é possível com pesquisa e investimento. E termos nossos terminais com zero emissões de carbono é a mais recente ação de nosso plano de sustentabilidade”, destacou o gerente-geral da Odfjell Terminals-Granel Química, Edson Souki.