A movimentação de fertilizantes por Paranaguá e Antonina registrou alta de 14% entre janeiro e maio deste ano (crédito Cláudio Neves/Portos do Paraná)
Região Sul
Portos do Paraná têm alta de 14% na descarga de fertilizantes
Movimentação nos cinco primeiros meses do ano confirmou tendência de alta devido à guerra entre Rússia e Ucrânia
A movimentação de fertilizantes pelos portos de Paranaguá e Antonina, no Paraná, registrou alta de 14% entre janeiro e maio deste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Em 2022, foram descarregadas 4,79 milhões de toneladas de adubos, contra 4,19 milhões de toneladas em 2021.
A importação do produto, principalmente por Paranaguá – principal porta de entrada de fertilizantes no Brasil – já mostrava tendência de crescimento desde o ano passado, com a iminência da guerra entre Rússia e Ucrânia, segundo a Portos do Paraná, Autoridade Portuária que administra os complexos. O ritmo desse crescimento, entretanto, não foi uniforme e o desembarque segue instável, acompanhando o preço e a demanda do campo, explicou a estatal.
Neste ano, o pico das importações de fertilizante aconteceu em fevereiro, logo após o início do conflito, com o desembarque de 1,33 milhão de toneladas, volume 48% maior do que o registrado em janeiro. Nos dois meses seguintes, os volumes recuaram. Em março foram 879 mil toneladas recebidas, valor 34% menor na comparação com o mês anterior, mas ainda 15% maior que o recebido no mesmo mês de 2021.
Em abril, nova queda: foram 597 mil toneladas recebidas, 32% menos que o mês anterior. Pela primeira vez no ano, o valor mensal ficou abaixo também do registrado em 2021: queda de 28% na comparação com as 829 mil toneladas importadas em abril do ano passado. Em maio, um salto de 88% na importação de fertilizantes em relação a abril, com o recebimento de 1,12 milhão de toneladas, alta também de 23% comparado ao mesmo mês de 2021, com 916 mil toneladas.
Segundo o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva, o movimento segue a variação de preços e o medo da falta de insumos por parte dos produtores. “Quando a guerra começou, havia muita insegurança sobre os impactos no mercado. Muita gente optou por antecipar as compras, garantir a entrega do produto e armazenar”, explica.
“Com o avanço do conflito, os preços subiram e a capacidade de armazenamento foi chegando ao limite. Não tivemos falta dos produtos, nem fila de espera dos navios. A operação foi afetada, mas a cadeia logística envolve os fatores nas duas pontas”, acrescenta Garcia.
Lotado
Em Paranaguá, os armazéns privados têm trabalhado com a capacidade estática máxima de 3,5 milhões de toneladas armazenadas. “Ainda não é possível dizer se a demanda seguirá crescendo ou voltará a cair. A oferta está normalizada, depende mais dos preços, que são negociados entre os importadores e agricultores”, diz Garcia.
Segundo ele, os portos do Paraná receberam 201 navios com adubos nos primeiros cinco meses desse ano, aumento de 28% em relação aos mesmos meses do ano passado, com 156 embarcações.
Antonina
Com a demanda na importação dos adubos em alta, o terminal privado que opera em Antonina registrou crescimento de 373% no volume de fertilizantes desembarcados entre janeiro e maio: 572 mil toneladas em 2022, contra 120 mil no mesmo período, em 2021.
Chuvas prejudicam operações
O tempo prejudicou as operações portuárias no Paraná em maio. As chuvas, que impedem principalmente o embarque e desembarque de cargas em grão, paralisaram as movimentações por um período equivalente a 6,5 dias. A quantidade de horas paradas é quase 67% maior que em maio de 2021, quando foram 3,9 dias contabilizados.
No ano, os Portos de Paranaguá e Antonina já somam 12,3 dias de paralisação por chuva. Neste cenário, a movimentação total nos cinco primeiros meses de 2022 chegou a 23,96 milhões de toneladas, queda de 1,6% em relação ao mesmo período do ano passado, com 24,34 milhões de toneladas.
O maior impacto foi nos granéis sólidos de exportação, com redução de 9%: de 10,72 milhões de toneladas no ano passado para 9,73 milhões de toneladas neste ano.
A soja em grão puxou a baixa (-28%) no segmento, com 4,92 milhões de toneladas embarcadas no acumulado de 2022, ante 6,88 milhões de toneladas no mesmo intervalo de 2021.
Apesar disso, houve incremento na movimentação de farelo de soja (17%), milho (161%) e trigo (135%), com 2,40 milhões de toneladas, 1,54 milhões de toneladas e 32 mil toneladas, respectivamente.
Em relação aos contêineres, de janeiro a maio de 2022, foram movimentados cerca de 471 mil TEUs – quantidade 4% maior na comparação com o mesmo período do ano anterior.