Na Região Norte, 82% dos industriais disseram que o transporte é o maior gargalo. Na sequência vêm Sul (81%), Nordeste (76%), Centro-Oeste (73%) e Sudeste (68%) (rodovia/Pixabay)
Nacional
Indústria aponta transporte como o principal gargalo de infraestrutura no País
CNI sondou 2.500 empresários nas cinco regiões brasileiras e constatou disparidade nas condições de logística
O transporte é apontado como o principal gargalo de infraestrutura nas cinco regiões do País por 73% dos entrevistados na pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última sexta-feira (11). O estudo, encomendado pela CNI, foi realizado pelo Instituto FSB Pesquisa, que entrevistou 2.500 executivos de grandes e médias indústrias, nos 26 estados e no Distrito Federal, sendo 500 em cada região.
A sondagem ocorreu entre os dias 23 de junho e 9 de agosto e a margem de erro é de 2% para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.
Na Região Norte, 82% dos industriais disseram que o transporte é o maior gargalo. Na sequência vem o Sul (81%), Nordeste (76%), Centro-Oeste (73%) e Sudeste (68%).
O levantamento realizado apontou enorme disparidade nas condições gerais de infraestrutura e logística entre as regiões. Somente 25% dos entrevistados do Norte e do Nordeste consideram boas ou ótimas. Universo que aumenta no Sudeste para 64%, no Sul (57%) e no Centro-Oeste (46%). A média nacional da pesquisa ficou em 56%.
“Quando avaliamos a situação das rodovias, ferrovias e portos das regiões Norte e Nordeste fica muito evidente a disparidade na qualidade desses ativos em relação ao Sul e Sudeste. Isso evidencia a necessidade de mais investimentos para reduzirmos o deficit de infraestrutura e o desbalanceamento entre as regiões”, afirmou o gerente de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI, Matheus de Castro.
Castro avalia que quanto maior for a oferta de modais, menor será o custo do transporte. “Temos deficit na oferta de serviços de transporte rodoviário, ferroviário, portuário e outras modalidades que, caso o Brasil tivesse disponível, teríamos um custo produtivo muito inferior. Para 99% dos entrevistados, o modal rodoviário é a forma de transporte utilizada e apenas 8% disseram utilizar ferrovias regularmente para movimentar mercadorias e insumos”, apontou.
O especialista salientou que o Brasil tem potencial para explorar cabotagem, hidrovias (Norte) e ferrovias, “especialmente após a aprovação do Marco Legal de Ferrovias”.
“Nós temos um grande potencial para equilibrar nossa matriz de transportes. Nenhum outro país continental como o Brasil utiliza tanto o transporte rodoviário como a forma principal de movimentação de cargas e até mesmo de pessoas. Nós temos, por exemplo, distâncias percorridas, em média, dependendo da região, acima de mil quilômetros e isso é uma ineficiência. Não faz sentido o modal rodoviário ser utilizado em distâncias tão longas”, enfatizou Castro.
Distância média percorrida em rodovias para o transporte de produtos
(500 km seria a distância máxima ideal)
Regiões Distância percorrida
Norte 1.658 km
Nordeste 1.134 km
Sul 1.069km
Centro-Oeste 997 km
Sudeste 660 km
Média nacional 885 km
Fonte: Pesquisa do Instituto FSB Pesquisa/CNI
38% dos empresários mudariam de modal por eficiência
A indústria busca eficiência na logística para o escoamento de seus produtos. Em condições adequadas, 38% dos empresários do setor substituiriam o modal rodoviário por outro, sendo que 28,5% optariam por ferrovias.
A substituição dos caminhões por trens é uma preferência entre os empresários do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Segundo eles, a vantagem das ferrovias é a redução de custos e a agilidade. De acordo com a pesquisa, 32% consideram novas autorizações ferroviárias como prioridade para o setor.
A expansão da malha ferroviária foi a escolhida entre os empresários do Nordeste (34%), do Sul (34%) e do Sudeste (31%). Para os entrevistados do Centro-Oeste (42%) e do Norte (28%), a conclusão das obras da Ferrovia Norte-Sul é a mais importante medida para o escoamento da produção das indústrias de suas regiões.
A avaliação sobre as ferrovias nacionais é positiva para apenas 16% dos entrevistados. No Centro-Oeste está concentrado o maior nível de satisfação, com 22% de bom ou ótimo, seguido do Nordeste (6%), onde 45% dos empresários consideram as ferrovias ruins ou péssimas.
Rodovias
Conforme o estudo, 88% dos empresários do Norte se queixaram da infraestrutura das rodovias, e 62% do Sudeste. Já 40% dos industriais do Sudeste citaram as ferrovias como um dos maiores gargalos para o transporte de carga no País, contra 18% do Norte.
Os dados mostram ainda que os serviços de transporte por rodovias são avaliados como bons ou ótimos por 46% dos empresários em geral, sendo 59% no Sudeste e 9% no Norte.
Frete
O custo do frete representa, em média, 15% do preço final dos produtos, sendo mais alto no Norte (19%) e no Nordeste (18%). Para 66% das indústrias, o preço do frete é elevado. No Centro-Oeste, 78% das empresas classificam o frete como alto ou muito alto, seguido das regiões Nordeste (72%), Sul (68%), Sudeste (64%) e Norte (60%).
Portos
Já os serviços portuários são classificados como bons ou ótimos por 39% dos industriais. No Sul, esse índice é de 48%, enquanto no Nordeste, de 34%. A infraestrutura portuária do País é considerada o principal gargalo logístico para as empresas escoarem suas produções destinadas à exportação.
Duas principais obras para melhorar o escoamento da produção das indústrias
Norte: conclusão da Ferrovia Norte-Sul no trecho Tocantins/São Paulo (28%) e novas autorizações ferroviárias (27%)
Nordeste: novas autorizações ferroviárias (34%) e conclusão da Fiol no trecho Bahia/Tocantins (33%)
Centro-Oeste: conclusão da Ferrovia Norte-Sul no trecho Tocantins/São Paulo (42%) e novas autorizações ferroviárias (39%)
Sudeste: novas autorizações ferroviárias (31%) e desestatização do Porto de Santos (30%)
Sul: novas autorizações ferroviárias (34%) e concessão das rodovias íntegras, no Paraná (26%)
Fonte: Pesquisa do Instituto FSB Pesquisa/CNI
Duas principais obras rodoviárias para melhorar a indústria
Região Melhorar infraestrutura Ampliação/duplicação
Norte (49%) (32%)
Nordeste: (42%) (26%)
Centro-Oeste: (31%) (34%)
Sudeste: (34%) (23%)
Sul: (36%) (45%)
Fonte: Pesquisa do Instituto FSB Pesquisa/CNI