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Na Região Norte, 82% dos industriais disseram que o transporte é o maior gargalo. Na sequência vêm Sul (81%), Nordeste (76%), Centro-Oeste (73%) e Sudeste (68%) (rodovia/Pixabay)

Nacional

Indústria aponta transporte como o principal gargalo de infraestrutura no País

15 de novembro de 2022 às 9:00
Bárbara Farias Enviar e-mail para o Autor

CNI sondou 2.500 empresários nas cinco regiões brasileiras e constatou disparidade nas condições de logística  

O transporte é apontado como o principal gargalo de infraestrutura nas cinco regiões do País por 73% dos entrevistados na pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), na última sexta-feira (11). O estudo, encomendado pela CNI, foi realizado pelo Instituto FSB Pesquisa, que entrevistou 2.500 executivos de grandes e médias indústrias, nos 26 estados e no Distrito Federal, sendo 500 em cada região. 

A sondagem ocorreu entre os dias 23 de junho e 9 de agosto e a margem de erro é de 2% para mais ou para menos, com intervalo de confiança de 95%.

Na Região Norte, 82% dos industriais disseram que o transporte é o maior gargalo. Na sequência vem o Sul (81%), Nordeste (76%), Centro-Oeste (73%) e Sudeste (68%).

O levantamento realizado apontou enorme disparidade nas condições gerais de infraestrutura e logística entre as regiões. Somente 25% dos entrevistados do Norte e do Nordeste consideram boas ou ótimas. Universo que aumenta no Sudeste para 64%, no Sul (57%) e no Centro-Oeste (46%). A média nacional da pesquisa ficou em 56%.

“Quando avaliamos a situação das rodovias, ferrovias e portos das regiões Norte e Nordeste fica muito evidente a disparidade na qualidade desses ativos em relação ao Sul e Sudeste. Isso evidencia a necessidade de mais investimentos para reduzirmos o deficit de infraestrutura e o desbalanceamento entre as regiões”, afirmou o gerente de Transporte e Mobilidade Urbana da CNI, Matheus de Castro.

Castro avalia que quanto maior for a oferta de modais, menor será o custo do transporte. “Temos deficit na oferta de serviços de transporte rodoviário, ferroviário, portuário e outras modalidades que, caso o Brasil tivesse disponível, teríamos um custo produtivo muito inferior. Para 99% dos entrevistados, o modal rodoviário é a forma de transporte utilizada e apenas 8% disseram utilizar ferrovias regularmente para movimentar mercadorias e insumos”, apontou. 

O especialista salientou que o Brasil tem potencial para explorar cabotagem, hidrovias (Norte) e ferrovias, “especialmente após a aprovação do Marco Legal de Ferrovias”. 

“Nós temos um grande potencial para equilibrar nossa matriz de transportes. Nenhum outro país continental como o Brasil utiliza tanto o transporte rodoviário como a forma principal de movimentação de cargas e até mesmo de pessoas. Nós temos, por exemplo, distâncias percorridas, em média, dependendo da região, acima de mil quilômetros e isso é uma ineficiência. Não faz sentido o modal rodoviário ser utilizado em distâncias tão longas”, enfatizou Castro.

 

Distância média percorrida em rodovias para o transporte de produtos

(500 km seria a distância máxima ideal) 

Regiões  Distância percorrida

Norte 1.658 km

Nordeste 1.134 km

Sul 1.069km

Centro-Oeste 997 km

Sudeste 660 km

Média nacional 885 km

Fonte: Pesquisa do Instituto FSB Pesquisa/CNI

 

38% dos empresários mudariam de modal por eficiência 

A indústria busca eficiência na logística para o escoamento de seus produtos. Em condições adequadas, 38% dos empresários do setor substituiriam o modal rodoviário por outro, sendo que 28,5% optariam por ferrovias.  

A substituição dos caminhões por trens é uma preferência entre os empresários do Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Segundo eles, a vantagem das ferrovias é a redução de custos e a agilidade. De acordo com a pesquisa, 32% consideram novas autorizações ferroviárias como prioridade para o setor.

A expansão da malha ferroviária foi a escolhida entre os empresários do Nordeste (34%), do Sul (34%) e do Sudeste (31%). Para os entrevistados do Centro-Oeste (42%) e do Norte (28%), a conclusão das obras da Ferrovia Norte-Sul é a mais importante medida para o escoamento da produção das indústrias de suas regiões.

A avaliação sobre as ferrovias nacionais é positiva para apenas 16% dos entrevistados. No Centro-Oeste está concentrado o maior nível de satisfação, com 22% de bom ou ótimo, seguido do Nordeste (6%), onde 45% dos empresários consideram as ferrovias ruins ou péssimas.

Rodovias

Conforme o estudo, 88% dos empresários do Norte se queixaram da infraestrutura das rodovias, e 62% do Sudeste. Já 40% dos industriais do Sudeste citaram as ferrovias como um dos maiores gargalos para o transporte de carga no País, contra 18% do Norte.

Os dados mostram ainda que os serviços de transporte por rodovias são avaliados como bons ou ótimos por 46% dos empresários em geral, sendo 59% no Sudeste e 9% no Norte.

Frete

O custo do frete representa, em média, 15% do preço final dos produtos, sendo mais alto no Norte (19%) e no Nordeste (18%). Para 66% das indústrias, o preço do frete é elevado. No Centro-Oeste, 78% das empresas classificam o frete como alto ou muito alto, seguido das regiões Nordeste (72%), Sul (68%), Sudeste (64%) e Norte (60%).

Portos

Já os serviços portuários são classificados como bons ou ótimos por 39% dos industriais. No Sul, esse índice é de 48%, enquanto no Nordeste, de 34%. A infraestrutura portuária do País é considerada o principal gargalo logístico para as empresas escoarem suas produções destinadas à exportação.

 

Em condições adequadas, 38% dos industriais substituiriam o modal rodoviário por outro, sendo que 28,5% optariam por ferrovias (Divulgação/Porto de Suape)

Em condições adequadas, 38% dos industriais substituiriam o modal rodoviário por outro, sendo que 28,5% optariam por ferrovias (Divulgação/Porto de Suape)

 

Duas principais obras para melhorar o escoamento da produção das indústrias

Norte: conclusão da Ferrovia Norte-Sul no trecho Tocantins/São Paulo (28%) e novas autorizações ferroviárias (27%)

Nordeste: novas autorizações ferroviárias (34%) e conclusão da Fiol no trecho Bahia/Tocantins (33%)

Centro-Oeste: conclusão da Ferrovia Norte-Sul no trecho Tocantins/São Paulo (42%) e novas autorizações ferroviárias (39%)

Sudeste: novas autorizações ferroviárias (31%) e desestatização do Porto de Santos (30%)

Sul: novas autorizações ferroviárias (34%) e concessão das rodovias íntegras, no Paraná (26%)

Fonte: Pesquisa do Instituto FSB Pesquisa/CNI

 

Duas principais obras rodoviárias para melhorar a indústria

Região                   Melhorar infraestrutura     Ampliação/duplicação 

Norte                                        (49%)                                 (32%)

Nordeste:                                (42%)                                 (26%)

Centro-Oeste:                        (31%)                                  (34%)

Sudeste:                                   (34%)                                 (23%)

Sul:                                           (36%)                                 (45%)

Fonte: Pesquisa do Instituto FSB Pesquisa/CNI

 

 

 

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