Inova Export discute obstáculos para PPPs em projetos de infraestrutura

Para debatedores, as dificuldades na implementação de parcerias público-privadas prejudicam investimentos no setor

Os desafios na concretização de parcerias público-privadas (PPPs) em projetos de infraestrutura foram discutidos durante o primeiro painel do Inova Export, “Parcerias estratégicas: catalisadores do crescimento setorial”. O evento, integrado ao Fórum Nordeste Export, nos dias 20 e 21 de junho, em Fortaleza (CE), reuniu líderes e autoridades do setor de logística e transportes para debater e impulsionar o crescimento econômico do setor.

Ronara Marques, consultora de Serviços Técnicos do Senai/CE, destacou a importância de alinhar interesses desde o início das parcerias entre entidades públicas e privadas, enfatizando a necessidade de um diálogo contínuo ao longo do tempo, devido à natureza de projetos de longo prazo e à variabilidade na gestão dos órgãos públicos.

“É preciso começar compartilhando o investimento, o risco financeiro e o tecnológico. Por exemplo, se eu tenho um contrato para um projeto de infraestrutura que vai durar 20 anos com uma instituição pública, e fato é que nesse período vai mudar o governo, será que o interesse permanece o mesmo?”, indagou Ronara.

Para superar as burocracias e desafios operacionais, Ronara sugeriu redistribuir as responsabilidades e gestão de forma mais eficaz entre setores públicos e privados, facilitando a transferência de tecnologia e soluções para ambientes de alto risco.

Alessandra Grangeiro, gerente de Negócios Industriais do Complexo Portuário de Pecém, acredita que o sucesso de empreendimentos no setor de infraestrutura depende de colocar interesses individuais de lado em favor de um objetivo comum, como uma meta coletiva.

Grangeiro mencionou a continuidade operacional do Porto de Pecém e da Zona de Processamento de Exportações (ZPE) do Ceará desde 2002, apesar da mudança de gestores públicos, ressaltando a estabilidade e o compromisso com parcerias duradouras. “Fortalecemos alianças com o mesmo propósito de desenvolver cada vez mais o Ceará, corrigindo desequilíbrios regionais para alcançar o maior número de pessoas e mercados em nosso estado”, disse.

Já para o diretor da Federação das Empresas de Transporte de Cargas, Carlos Alberto Alves, é importante trabalhar a diversidade como uma grande estratégia de inovação, especialmente no envolvimento de atores com diferentes capacidades de diálogo. Ele argumentou que as empresas são impulsionadas por oportunidades e que quem as incentiva deve receber contrapartidas.

“Nós da iniciativa privada estamos abertos para criar soluções, mas o poder governamental tem que dar sinais positivos para ajudar a iniciativa”, afirmou Alves.