O projeto de integração das concessionárias da Fips detalhado no painel visa promover o compartilhamento de dados, permitindo otimizar as operações e agilizar o fluxo de cargas. Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export
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Integração ferroviária avança no Porto de Santos com meta para 2026
Projeto busca otimizar operações de 25 terminais, conectando concessionárias e centralizando dados para maior eficiência logística
As últimas fases do projeto que visa integrar as concessionárias da Fips (Ferrovia Interna do Porto de Santos – SP) têm previsão de entrega para 2026. A iniciativa busca aprimorar a eficiência de 25 terminais portuários conectados ao modal e aumentar a produtividade das três empresas que operam na região. O anúncio foi feito por Isaac Lourenço, gerente de operações da MRS, durante o InfraConnect, na quinta-feira (28). O evento, que é uma iniciativa da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em parceria com o Grupo Brasil Export e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), aconteceu na Arena B3, em São Paulo (SP).
O projeto é composto por cinco fases e teve início em 2022. A ideia é promover o compartilhamento de dados, permitindo otimizar as operações e agilizar o fluxo de cargas.
As duas primeiras etapas consistiram na criação do portal de informações e no desenvolvimento de um algoritmo de otimização baseado em inteligência artificial. Atualmente em operação, a fase 3 do projeto envolve a implementação dessa tecnologia, que, segundo Lourenço, “permitirá tomar decisões baseadas em parâmetros pré-estabelecidos”.
A Fips abrange três concessionárias: MRS, Rumo e VLI. Lourenço detalhou as etapas seguintes do projeto. A fase 4 tem como objetivo integrar os terminais portuários ao sistema ferroviário, trazendo informações diretamente de cada unidade para o fluxo centralizado de dados.
Já a fase 5 envolve a criação de um centro de controle operacional. A área será responsável pela coordenação das operações das três concessionárias.
“Esses centros passarão a operar com os painéis lado a lado, controladores lado a lado, com todos os processos de suporte, programação, equipes de manutenção e o time responsável pela otimização da circulação, apoiando todos dentro de um prédio, um espaço compartilhado entre todas as ferrovias e agentes envolvidos”, explicou Lourenço.
“Esperamos que resulte, no final das contas, em um custo mais baixo, naturalmente, para o transporte das mercadorias do Brasil, maior competitividade para o país no exterior”, finalizou.
Durante o debate, Afrânio Spolador, diretor de tecnologia da EcoRodovias, comentou sobre a parceria firmada entre a Tim e a Ecovias do Araguaia, que tem como objetivo levar sinal 4G ininterrupto a 850 km de rodovias no interior do Brasil. O acordo abrange as BRs 153, 080 e 414, importantes rotas de ligação entre o Meio-Norte e o Centro-Sul do país, conectando os estados de Tocantins e Goiás.
“Quando olhamos para as rodovias, a realidade hoje é que as estradas têm menos de 50% de cobertura de sinal nas suas vias. No caso específico da BR-153, tínhamos menos de 20%”, observou Spolador.
O diretor de tecnologia ainda mencionou que, a partir do sinal, foi possível aderir a mais ferramentas de inovação nas estradas, como sensores IoT (dispositivos utilizados para detectar características do ambiente, gerando sinais).
“Hoje, temos o monitoramento de encostas, e não é a fibra óptica que vai resolver. São sensores que estarão conectados a uma rede 4G, que nos dão informações em tempo real para que possamos agir diante de uma necessidade climática, por exemplo”, contou Spolador.
Eficiência
O vice-presidente de Relações Institucionais da Tim, Mário Girasole, ressaltou que tanto o setor de transporte quanto o de telecomunicações devem se integrar de maneira mais eficiente nos editais e contratos de concessão de infraestrutura, além de promover investimentos tecnológicos e em conectividade.
“Temos que considerar que, originariamente, as vias de conectividade nas rodovias não foram o foco das obrigações de cobertura nos diferentes leilões que se sucederam. O foco sempre foi nas localidades, nos municípios e na concentração de pessoas”, destacou.
“Todo esse processo precisa convergir: a tecnologia, a política pública, o modelo de negócio. O usuário da telecomunicação e o usuário da rodovia são o mesmo usuário. É necessário que haja uma conscientização intersetorial”, completou Girasole.
O painel “Modelos de sucesso em integração e conectividade em infraestrutura – lições aprendidas e boas práticas” foi moderado por Felipe Queiroz, diretor da ANTT. Também participaram das discussões João Luís Casagrande, fundador da Casagrande Engenharia, e Larissa Amorim, diretora de Programas de Sustentabilidade do Ministério de Portos e Aeroportos.