Investimentos privados em infraestrutura vão somar R$ 372 bi

Os investimentos do setor privado em infraestrutura deverão passar dos R$ 372 bilhões entre o ano que vem e 2029. O levantamento é da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib) e aponta um crescimento de 63,4% em relação à projeção feita no ano passado. Os setores de saneamento e rodovias foram os que inflaram o crescimento.

A associação mapeou 495 projetos, sendo 373 nos Estados e municípios e 122 do Governo Federal. O saneamento tem previsão de investimentos de R$ 143,5 bilhões até 2029. A a privatização da Sabesp, que aconteceu em julho deste ano, puxou o número para cima, já que adicionou R$ 66 bilhões à conta.

O diretor de planejamento da Abdib, Roberto Guimarães, afirma que mesmo sem a privatização, haveria crescimento: “A Sabesp entrou na linha, entrou no número privado e antes ele não era por isso que esse aumento de 60% nos investimentos. Mas mesmo se tirar a Sabesp, nós fizemos essa conta. O incremento é de 31%. É muito forte.”

O setor de rodovias tem previsão de R$ 116,2 bilhões. Depois vem ferrovias (R$ 46,6 bilhões, mobilidade (R$ 26,9 bilhões), portos (R$ 21,3 bilhões) e aeroportos (R$ 9,5 bilhões).

Os leilões rodoviários, programados para este ano e para 2025, também provocaram o aumento nas expectativas. “os projetos estão melhor estruturados. Se você tem um edital mais bem feito, um edital que equilibra melhor a matriz de riscos, define melhor de quem é o risco.O setor privado tem mais apetite para entrar.”, disse Guimarães.

Apesar dos números positivos, a Abdib mostra preocupação com a falta de investimentos do setor público. De acordo com a associação, o Governo Federal deveria investir cerca de 2,2% do Produto Interno Bruto apenas para cobrir a depreciação dos ativos públicos de transporte. Mas esse ano, o investimento deverá ser de apenas 0,6% do PIB.O levantamento mostra que 76% vêm do setor privado.

ARTE/REDE BE NEWS

Roberto Guimarães afirma que os cortes no orçamento das agências reguladoras podem frear o crescimento. Principalmente as contenções previstas para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Olha a contradição. Aumenta se os leilões de concessão de infraestrutura, então aumenta a quantidade de serviços que a agência vai ter que fazer e reduz o orçamento das agências. Não vai dar certo. É preciso dotá-las de capacidade técnica e orçamentária para bancar essa quantidade enorme de projetos que já foram e ainda vão para o mercado.

A Abdib acredita que o avanço dos projetos privados é fundamental para garantir os investimentos de infraestrutura no país. “É um tripé, recursos públicos via orçamento e bancos públicos e setor privado, através de debêntures incentivadas; e setor externo através de financiamentos sustentáveis. Nós nunca tivemos isso. Ou seja, tem dinheiro, tem demanda, tem bons projetos. Então, vamos manter a regulação jurídica, a regulação, sem os retrocessos que o Brasil tem muito a avançar. O novo ciclo de desenvolvimento do Brasil vai ser bancado pela reindustrialização, transição energética, descarbonização e exportação. E a infraestrutura está no meio disso tudo”, concluiu Guimarães.