No painel técnico “Competitividade e demandas logísticas da agroindústria” do Sudeste Export, os participantes apontaram a necessidade urgente de investimentos logísticos (Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export)
Sudeste Export
Logística lenta sufoca crescimento acelerado do agronegócio no Brasil
Setor de café enfrenta prejuízos com atrasos portuários e falta de armazenagem, gerando perdas milionárias
O painel “Competitividade e demandas logísticas da agroindústria” trouxe ao Sudeste Export uma análise crítica sobre os desafios enfrentados pelo setor agroindustrial no Brasil, especialmente no que diz respeito à capacidade de escoamento, armazenagem e infraestrutura logística no Sudeste. O escoamento foi inclusive alvo de uma fala importante do diretor técnico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Eduardo Heron Santos, de que 86% dos navios transportando café chegaram com atraso ao Porto de Santos no último mês de agosto.
A falta de investimentos condizentes com o crescimento acelerado do agronegócio foi um dos principais pontos debatidos, destacando a disparidade entre o avanço da produção e a infraestrutura disponível. O painel teve mediação do jornalista e diretor-geral da Rede BE News, Leopoldo Figueiredo.
Santos comparou o desenvolvimento do agro à metáfora de “subir de elevador, enquanto os investimentos sobem de escada”. Ele ressaltou que os atrasos nas operações portuárias, especialmente nos portos de Santos e Rio de Janeiro, são problemas crônicos, mas que têm se intensificado. Apenas no mês de agosto, 86% dos navios transportando café para Santos chegaram com atraso, refletindo uma situação alarmante para a logística cafeeira.
Heron destacou, ainda, que o Sudeste concentra 87% da produção de café no Brasil, com Minas Gerais e Espírito Santo liderando a produção. No entanto, a ineficiência logística, como a falta de capacidade de armazenagem e o aumento dos custos com armazenagem adicional, tem gerado prejuízos ao setor. “Nos últimos três meses, por exemplo, o setor exportador de café acumulou perdas de cerca de R$ 17 milhões”, diz ele. A dificuldade em consolidar cargas fez com que o mercado recorresse ao “break bulk”, modalidade de embarque vista no Brasil há mais de 60 anos – trata-se de içar a meradoria e posicioná-la solta no porão da embarcação.
O diretor de logística para a América do Sul da ADM, Vitor Vinuesa, acrescentou que o agronegócio brasileiro precisa urgentemente de celeridade em seus processos logísticos. “É necessário um planejamento mais eficiente para que o País consiga competir no mercado internacional, evitando a fuga de cargas para outros portos e países”, afirmou.
Já o diretor da Associação Comercial de Santos, Mauro Sammarco, reforçou a importância de investir em melhorias nos acessos terrestres e na capacidade de movimentação do porto de Santos. “A falta de investimentos em infraestrutura portuária e logística terrestre tem causado prejuízos não apenas ao café, mas também a outras commodities, como açúcar, algodão e proteína animal”, ressaltou.
A realidade fiscal e os incentivos à economia também foram abordados no painel, com os debatedores enfatizando que a falta de um planejamento robusto e de investimentos contínuos no setor pode gerar ainda mais prejuízos ao agro brasileiro, especialmente no cenário global competitivo.
O Sudeste Export 2024 foi uma edição regional do Brasil Export, o principal fórum de debates sobre o avanço dos setores de portos, logística, transportes e infraestrutura no Brasil. A programação foi veiculada pela TV BE News nos canais 82 da Sky, 58 da parabólica e 19 para a Grande Campinas em sinal aberto. Além disso, pode ser acessado pelo canal @tv_benews no YouTube e pelo site www.tvbenews.com.br.