No gabinete de crise montado pelo Governo do Estado foi definido um plano para acomodar em escolas cerca de 5 mil pessoas que moram em três bairros que podem ser atingidosCrédito: Divulgação
Região Nordeste
Maceió decreta emergência por risco de colapso em mina da Braskem
Milhares de pessoas estão sendo retiradas de bairros que podem ser atingidos
A Prefeitura de Maceió, capital de Alagoas, decretou situação de emergência por 180 dias na quarta-feira (29), por risco iminente de colapso de uma mina desativada da petroquímica Braskem, na Lagoa Mundaú, no bairro do Mutange.
Em reunião realizada na quinta-feira (30), no gabinete de crise montado pelo Governo do Estado para lidar com a situação, autoridades definiram um plano logístico para acomodar em escolas cerca de 5 mil pessoas que moram em três bairros que podem ser atingidos. Pacientes de um hospital da região também precisaram ser transferidos para outras unidades de saúde.
O coordenador do gabinete, Claydson Mourinha, afirmou que “não se sabe quando ocorrerá o colapso, mas ele acontecerá”.
O Governo do Estado também monitora o local, que sofreu cinco abalos sísmicos só no mês de novembro. Na manhã de quinta-feira, a Defesa Civil municipal informou que a área já estava desocupada, mas ressaltou que embarcações e pessoas evitem transitar no local até nova atualização do órgão.
Em nota, a Braskem também confirmou que o sistema de monitoramento do solo registrou microssismos e movimentações atípicas em um local específico nas proximidades do Mutange, e compartilhou as informações com as autoridades competentes.
A empresa afirmou que as atividades de preenchimento de poços já haviam sido paralisadas e a área foi isolada desde a tarde de terça-feira (28), em cumprimento às ações definidas nos protocolos da companhia e da Defesa Civil.
“Nas últimas horas, a situação vem se intensificando e estão sendo tomadas todas as medidas cabíveis para minimização de impacto de possíveis ocorrências. A Braskem segue acompanhando de forma ininterrupta os dados de monitoramento, que são compartilhados em tempo real com as autoridades competentes”, informa a nota.
A Defesa Civil de Alagoas alertou que uma ruptura no local pode ter um efeito cascata em outras minas, criando imensas crateras e afetando serviços essenciais, como abastecimento de água, fornecimento de energia e de gás.
“Não sabemos a intensidade, mas é certo que grande parte da cidade irá sentir. Se houver uma ruptura nessa região podemos ter vários serviços afetados. Com certeza, toda a capital irá sentir os tremores se acontecer essa ruptura dessas cavernas em cadeia”, afirmou o coordenador-geral da Defesa Civil do Estado, coronel Moisés Melo.
O governador de Maceió, Paulo Dantas, publicou em suas redes sociais que equipes da Defesa Civil Nacional e do Sistema Geológico Brasileiro chegaram ao estado na noite de quarta-feira para acompanhar a situação.
População afetada
Em relação à população afetada, a Braskem informou que segue apoiando a retirada emergencial de famílias e que a realocação preventiva de toda a área de risco foi iniciada em novembro de 2019, com 99,3% dos imóveis já desocupados.
A mina que está colapsando chama-se mina 18. Ela foi usada para a extração de sal-gema, matéria-prima que faz parte da cadeia produtiva do PVC. Ao todo, existem 35 poços perfurados próximos à Lagoa Mundaú.
A companhia encerrou a extração em 2019, quando rachaduras em imóveis e ruas de bairros próximos à mina começaram a aparecer. Na época, milhares de imóveis foram desocupados e as famílias realocadas para outras regiões. Hoje, a área que sofre risco de colapso está entre as que foram desocupadas em 2019, mas há moradores em bairros próximos.