Um dos últimos compromissos do presidente Macron no Brasil foi visitar o Senado, onde teve uma conversa com o presidente da casa, Rodrigo Pacheco. Crédito: Paulo França/Agência Senado
Comércio exterior
Macron fecha vários acordos antes de deixar o Brasil
Presidente francês visitou o Senado em seu último dia no país
Após uma série de compromissos realizados ao longo de sua estadia no Brasil, que incluíram visitas a Belém (PA), Itaguaí (RJ) e São Paulo (SP), Emmanuel Macron encerrou sua visita ao país em Brasília na quinta-feira, 28. O líder francês fechou sua agenda com uma reunião bilateral com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e participou da assinatura de atos de cooperação entre os países. Durante a tarde, Macron fez uma visita ao Senado Federal.
Após a reunião, foram adotados 21 atos de colaboração entre os países. A maioria desses acordos visa impulsionar o setor de energias renováveis e promover iniciativas de bioeconomia na Amazônia. Destaca-se o protocolo de intenções de investimentos no valor de R$ 100 milhões, firmado entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Banco da Amazônia e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Além disso, foram estabelecidas parcerias nas áreas do esporte, educação e saúde.
O presidente Lula destacou em seu discurso a relevância da França como terceiro maior investidor no Brasil, com uma presença significativa em setores-chave como hotelaria, energia, defesa e tecnologia avançada, e mencionou que conversou com o chefe de estado francês sobre possíveis investimentos futuros no país. “Apresentei ao presidente Macron novas oportunidades de investimento em infraestrutura e sustentabilidade criadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e pelo Programa de Neoindustrialização”, afirmou.
As autoridades foram indagadas sobre o progresso do potencial acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, após Macron expressar durante sua participação no Fórum Econômico Brasil-França que o pacto, nas condições atuais, é “péssimo” para ambas as partes, enfatizando a necessidade de mais esforços na questão climática.
“Quero reforçar aqui que esse texto da UE e Mercosul é de um acordo preparado há 20 anos. Estamos fazendo apenas alterações pontuais. […] Viva os acordos comerciais que favoreçam a indústria sem carbono, que promovam a proteção à biodiversidade. E digamos não aos acordos comerciais que nos fazem retroceder e não são coerentes. É uma questão de princípios, não está relacionada com a relação bilateral”, disse Macron.
O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia é negociado desde 1999 e prevê a isenção ou redução na cobrança de impostos de importação de bens e serviços produzidos nos dois blocos.
Lula fez questão de enfatizar que o acordo é negociado entre os blocos econômicos, e não diretamente entre Brasil e França. Portanto, por mais que discordem sobre a viabilidade do pacto, isso não afeta a cooperação e relação bilateral entre os dois países.
“O Brasil não está negociando com a França, o Mercosul está negociando com a União Europeia. Não é um acordo bilateral, é um acordo comercial de dois conjuntos de países, de um lado o Mercosul e do outro a União Europeia. Se o Macron tiver que brigar com alguém, é com a UE, é com os negociadores. Eu estou tranquilo”, disse Lula.
No Senado
Durante a tarde, Macron também visitou o Senado Federal, onde foi recebido pelo presidente da casa, Rodrigo Pacheco.
O parlamentar lamentou que não fosse possível que Macron testemunhasse a vitalidade da democracia brasileira em um dia de trabalho normal, devido ao recesso legislativo para o feriado nacional, e expressou otimismo para futuros encontros.
“O Brasil tem muitos desafios pela frente, sobretudo a condução do G20 e a realização da COP 30, naturalmente essa relação com a França é fundamental para que sejamos bem sucedidos”, disse Rodrigo Pacheco.
O Senado aproveitou a visita do presidente francês para instituir o Grupo Parlamentar Brasil-França, com a finalidade de incentivar e desenvolver as relações bilaterais entre os poderes legislativos dos dois países, bem como contribuir para a análise, compreensão, encaminhamento e solução de problemas.