No Brasil, os principais portos de exportação de produtos refrigerados são Santos (SP), Itajaí (SC), Paranaguá (PR), Itapoá (SC) e Rio Grande (RS). (crédito: Divulgação)
Inovação
Maersk investe em monitoramento de contêineres refrigerados
Tecnologia permite ao cliente acompanhar a condição da carga perecível em tempo real
A empresa de transporte marítimo Maersk, maior exportadora de refrigerados do Brasil, tem investido em tecnologia para manter a qualidade dos produtos perecíveis que viajam em seus contêineres reefers. Um dos sistemas é o Gerenciamento Remoto de Contêineres (RMC, Remote Container Management) que permite aos clientes acompanhar a condição da carga em tempo real.
A ferramenta está instalada em cada um dos contêineres frigoríficos e tem a função de monitorar a temperatura, umidade, atmosfera e localização por GPS. As informações permitem avaliar a qualidade do produto em seu período de viagem, evitando prejuízos oriundos da perda de alimentos.
Isso porque, por muitos anos, a indústria não tinha conhecimento do que acontecia dentro dos contêineres refrigerados que exportam aves, bovinos, suínos congelados, sucos concentrados e frutas frescas do Brasil, e consequentemente, não sabia como estava a qualidade dos produtos. Muitos desses alimentos acabavam se perdendo ao longo do trajeto por não estarem na temperatura adequada ou por conta dos desafios com embarques.
“O parceiro de assistente virtual da RCM é o Captain Peter, a plataforma de visibilidade que nossos clientes usam que exibe os dados de monitoramento para as condições em cada um de seus contêineres frigoríficos. Isso permite que eles tomem decisões significativas baseadas em dados com base nas métricas relatadas em uma variedade de painéis e notificações proativas”, explica Michael McBride, especialista de Gerenciamento Remoto de Contêineres do grupo Maersk.
No Brasil, os principais portos de exportação de produtos refrigerados são Santos (SP), Itajaí (SC), Paranaguá (PR), Itapoá (SC) e Rio Grande (RS). A China continua sendo o maior destino, seguido pelo Oriente Médio, África Ocidental e África do Sul.
Os volumes que seguem para os Estados Unidos também são significativos e essas longas distâncias indicam a importância do monitoramento durante toda a jornada do contêiner refrigerado para conservar as mercadorias, uma vez que permite aos embarcadores avaliarem a condição da carga com temperatura controlada.
A Fyffes, um dos maiores importadores e distribuidores de produtos tropicais, por exemplo, usou os dados de visibilidade do Captain Peter para se antecipar a um possível problema de qualidade do produto, resolvê-lo e melhorar o resultado.
Neste caso, eram dez contêineres refrigerados carregados com bananas da Costa Rica que estavam a caminho do Porto da Filadélfia. Antes que o navio chegasse ao porto de destino, a Fyffes revisou os relatórios de dados baseados na web do Capitan Peter e descobriu que a temperatura em um dos frigoríficos estava ligeiramente elevada, o que causou um amadurecimento mais rápido da fruta.
“Com essa informação, o cliente vendeu primeiro esse carregamento específico de bananas para maximizar seu valor de mercado e prazo de validade. Aqui vemos que os dados de visibilidade da cadeia de frio permitiram que a Fyffes trabalhasse de forma mais colaborativa com o cliente para aumentar a satisfação e construir um relacionamento comercial mais forte”, destacou o especialista de Gerenciamento Remoto de Contêineres da Maersk.
Segundo o vice-presidente de operações da Fyffes North America, David Otero, saber que as temperaturas estão na faixa aceitável durante a viagem marítima é fundamental. “Precisamos garantir que entregamos consistentemente excelente qualidade aos nossos clientes, e o Captain Peter é uma ferramenta importante que garante que isso aconteça”.
Carga danificada
Outro ponto importante e essencial no gerenciamento das cargas é que o controle e acesso aos dados pode indicar se uma carga foi danificada por conta do tratamento durante a viagem oceânica ou não.
“Tivemos recentemente uma experiência em que um carregamento de pescado congelado da Argentina foi exportado para o Reino Unido. Quando o peixe chegou ao seu destino final, o cliente alegou que o peixe estava estragado. É aqui que os insights de dados do Captain Peter foram fundamentais para abordar essa alegação”, conta McBride.
Segundo ele, os dados indicaram que o peixe foi transportado em condições ideais ao longo da jornada oceânica. Foi determinado que as condições de temperatura insatisfatórias provavelmente ocorreram quando a carga chegou ao Reino Unido, seja na instalação de armazenamento a frio ou quando foi transportada para o interior por caminhão. “Nesse caso, os dados de visibilidade do capitão Peter esclareceram quaisquer suspeitas que o remetente tivesse sobre qual parte da cadeia de frio falhou”, explica ele.