O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil não realizará novos leilões porque os preços do arroz no mercado interno já se estabilizaram. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Nacional
Ministro anuncia suspensão de leilão para importação de arroz
Decisão surge após uma série de tentativas frustradas pelo governo federal para importar o grão devido às enchentes no Rio Grande do Sul em maio
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil não realizará novos leilões para importar arroz. À Globonews, Fávaro garantiu que os preços do arroz no mercado interno já se estabilizaram. “Os preços do arroz já cederam e voltamos aos preços normais”, declarou.
A decisão de não realizar novos leilões surge após uma série de tentativas frustradas pelo governo federal para importar arroz devido às enchentes no Rio Grande do Sul em maio. O estado é responsável por 70% da produção nacional e, na ocasião, o governo anunciou a necessidade de importação para evitar alta nos preços. No entanto, associações do setor já afirmavam que a importação não era necessária, pois 80% da safra já havia sido colhida.
Os esforços do governo incluíram um leilão marcado para 21 de maio, que foi suspenso, e outro em 6 de junho, anulado devido a indícios de incapacidade técnica e financeira de algumas empresas vencedoras e conflito de interesses.
“Tivemos problemas, é fato, nós cancelamos esses leilões. Mas o fato real é que, com a sinalização de disponibilidade do governo de comprar arroz importado e abastecer o mercado brasileiro, além da volta da normalidade em estradas, os preços do arroz já cederam e voltamos aos preços normais”, disse Fávaro.
Atualmente, o preço do pacote de 5 kg de arroz varia entre R$ 19 e R$ 25 em algumas regiões do país. Dados do Procon-SP mostram que em São Paulo, o preço médio do pacote de 5 kg é de R$ 29,42. O arroz importado, caso tivesse sido vendido, teria o preço tabelado de R$ 20 por pacote de 5 kg e rótulo do governo.
Encontro
O ministro da Agricultura vai se reunir com a Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e representantes da indústria para discutir compromissos de estabilidade de preço, logística e frete. “Vamos buscar alguns compromissos com eles, de estabilidade de preço, de logística e frete. Eles mesmos podem nos dizer um momento, se for necessária, alguma intervenção do governo. Por ora é mais prudente, já que os preços cederam, que a gente tome outras atitudes de estímulo à produção. Não se faz necessário novos leilões de importação”, acrescentou Fávaro.
O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, e representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário também participarão das reuniões. A expectativa é de que seja assinado um termo de compromisso e responsabilidade sobre os preços do arroz.
Pressão
Nos últimos dois meses, o governo federal enfrentou pressão de produtores rurais contra a necessidade de importação de arroz. Relatório da Conab de junho indicou que as enchentes causaram perdas de 100 mil toneladas na colheita de arroz no Rio Grande do Sul, representando apenas 1,4% da safra total do estado, estimada em 7 milhões de toneladas.
Após a anulação do leilão de 6 de junho, que previa a importação de 263 mil toneladas de arroz, Fávaro foi convocado para uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados em 19 de junho, para prestar esclarecimentos sobre a importação.
Com a estabilização dos preços e a retomada da normalidade no mercado, o governo agora foca em medidas de estímulo à produção local.