Edeon explicou que o corredor rodoviário tem limitações de carga, custo e infraestrutura que inviabilizam o transporte de grãos quando acessam o Chile. Divulgação/MOPC
Região Centro-Oeste
Movimento Pró-Logística diz que Rota Bioceânica não é vantajosa para o transporte de grãos de Mato Grosso
Megaestrada ligará o Brasil ao Chile via Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul
O diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, afirmou que a Rota Bioceânica, que ligará o Brasil ao Chile via corredor rodoviário que passa por Porto Murtinho (MS), não é uma opção viável para o escoamento da produção de grãos de Mato Grosso.
Ele se baseou nos resultados do Estradeiro Bioceânico, uma expedição que percorreu o trajeto entre os dias de 12 a 28 de agosto para avaliar oportunidades dessa rota aos produtores de soja e milho do MT. As informações foram repassadas ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Cesar Miranda, na última quinta-feira (14).
Edeon explicou que o corredor rodoviário tem limitações de carga, custo e infraestrutura que inviabilizam o transporte de grãos quando acessam o Chile. Uma delas é a limitação de peso máximo permitido nos Andes, que é de 28 toneladas, enquanto os caminhões brasileiros podem levar até 74 toneladas.
Vaz apontou ainda que os portos chilenos não têm estrutura para receber e armazenar grãos. “Nós já exploramos todas as possibilidades de Mato Grosso com acesso ao Pacífico e não vemos nenhuma vantagem nesse corredor”, afirmou o presidente do movimento.
Para Edeon, a Rota Bioceânica é mais adequada para a carga conteinerizada, que tem maior valor agregado e pode se beneficiar da redução do tempo de viagem até a China pelo Pacífico.
Mesmo assim, ele ressaltou que o custo rodoviário para cargas do Mato Grosso é maior do que o custo de levar a carga até o Porto de Santos (SP). Também descartou alguma vantagem do transporte feito pelo Peru, pois segundo os estudos, essa logística só compensa para parte do estado de Rondônia e do Acre, e também para produtos conteinerizados.
O secretário Cesar Miranda não participou do estradeiro, mas concordou que a Rota Bioceânica não é interessante para o transporte de grãos. No entanto, ele defendeu que a estrada pode facilitar a venda dos produtos de Mato Grosso para os países vizinhos, ressaltando que há um mercado potencial de 60 milhões de habitantes nos países que fazem parte do corredor: Peru, Bolívia, Paraguai, Chile e Argentina.
“Muitas vezes pensamos apenas em exportar e vender pelo Atlântico, mas temos possibilidades de movimentar a economia intrarregional”, argumentou.