A obra prevê remoção ou destruição de pedras submersas, além da retirada de bancos de areia no curso do rio Tocantins
Região Norte
MPF recomenda suspensão de licença prévia para obras em Pedral do Lourenço
Órgão alega irregularidades em projeto que visa aumentar a navegabilidade da hidrovia Tocantins-Araguaia
O Ministério Público Federal (MPF) emitiu, no último dia 9, uma recomendação ao Ibama para que seja suspensa a licença prévia de uma obra que prevê a dragagem e derrocamento do Pedral do Lourenço – formação rochosa no rio Tocantins -, no sudeste do Pará, que aflora em período de estiagem e impede a navegação neste trecho da hidrovia Tocantins-Araguaia. O órgão apontou irregularidades no projeto, como omissões e insuficiência de dados.
A licença foi concedida pelo Ibama ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em outubro do ano passado e previa obras de remoção ou destruição de pedras submersas, além da retirada de bancos de areia no curso do rio.
Porém, o MPF alegou que os estudos de impactos ambientais apresentados pelo Dnit têm uma série de omissões e de insuficiência de dados. Um dos exemplos destacados pelo órgão é que, apesar dos peritos terem registrado que operações no sistema hidroviário do rio Tocantins poderão impactar a pesca, faltam detalhes sobre como isso influenciaria as comunidades ribeirinhas.
O MPF recomendou algumas medidas, como a realização de consulta prévia junto às comunidades; que os ribeirinhos sejam adequadamente informados sobre o empreendimento; a adoção de medidas necessárias para que a participação do povo ribeirinho seja culturalmente adequada, entre outras.
Ibama
A licença prévia liberada pelo Ibama possui 35 condicionantes e algumas dezenas de subcondicionantes que precisam ser realizadas para que se obtenha a licença de instalação e o efetivo início das obras. Ou seja, a LP indica que o empreendimento é viável, mas para sair do papel, é necessário realizar os estudos solicitados.
O atual projeto do derrocamento do Pedral do Lourenço teve início em 2014, quando foi lançado o edital. A discussão envolvendo a obra é antiga e já foram feitas várias reuniões entre Ministério Público do Estado do Pará, representantes da empresa responsável pelos serviços, Ibama, Governo do Estado e a sociedade, com o objetivo de detalhar a obra e seus impactos.
Esperada há pelo menos 30 anos pelo setor, a obra pode tornar o Estado um dos principais corredores para o escoamento de grãos e da produção pecuária e mineral do país, já que viabilizaria a navegação em todos os meses do ano e a passagem de embarcações mais carregadas em direção aos Portos de Vila do Conde e Belém.