Para Ricardo Molitzas, houve avanços no processo de transporte multimodal, como a documentação eletrônica, mas isso não é suficiente por falta de integração de sistemasCrédito: Divulgação/Brasil Export
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“Não temos multimodalidade no Brasil”, diz Ricardo Molitzas
Presidente do Instituto Brasil Logística analisou o cenário do transporte de cargas no país
Ricardo Molitzas, presidente do Instituto Brasil Logística (IBL), acredita que não existe transporte de cargas multimodal no Brasil. Ele analisou o cenário durante sua participação no painel ‘Integração das operações logísticas e os avanços necessários para o aperfeiçoamento da malha terrestre’, exposto no último dia 18, no Fórum Brasil Export, em Brasília.
Também participaram da conversa Felipe Queiroz, Diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT); Natalia Marcassa, CEO da MoveInfra; Davi Barreto, Diretor-Executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF); e Guilherme Penin, Vice-Presidente de Regulação e Expansão da Rumo. A moderação foi feita pelo jornalista e diretor de redação do BE News, Leopoldo Figueiredo.
Em sua fala, Molitzas se referiu à lei que rege o transporte multimodal (Lei nº 9.611/1998) e explicou que “até hoje” não conhece “ninguém que tenha feito um transporte multimodal como ele deve ser”, ou seja, nos moldes da legislação.
Ricardo contou que desde a época da promulgação da lei, os transportadores enfrentam os mesmos problemas: a falta de um documento único de transporte de cargas e um seguro que cubra todo o trajeto multimodal, abrangendo todos os modais.
“São duas questões impeditivas: o ICMS, já que a carga passa por vários estados, e o seguro. A única opção é fazer um seguro em pedaços (por modal), o que eleva o custo e fica impossível. Então até hoje não existe transporte multimodal no país”, avaliou.
Para Molitzas, houve avanços no processo de transporte multimodal, como a documentação eletrônica, mas isso não é suficiente por falta de integração de sistemas.
“Até hoje, mesmo o transportador tendo feito a emissão eletronicamente dos documentos de transporte, ele tem que imprimir para poder ser fiscalizado na estrada, ou seja, não há integração e ele pode ser autuado. Então acho que a gente precisa avançar nas coisas. Talvez a reforma tributária traga alguma novidade em relação aos impostos para o transporte multimodal. Vamos ver”, citou.
O presidente do IBL ressaltou que essas questões precisam ser resolvidas porque o transporte multimodal trará eficiência, competitividade e menor custo para todas as operações.
Felipe Queiroz concordou com as explanações e disse que o Brasil está mais próximo da intermodalidade do que da multimodalidade. Os motivos, para ele, além das dificuldades burocráticas, estão na falta de infraestrutura de transportes do Brasil, principalmente em relação ao modal ferroviário, que completa a multimodalidade e abarca o transbordo.